A forma como o
Evangelho de São Mateus nos apresenta o nascimento de Jesus deixa-nos perceber
que a determinado momento José toma conhecimento do filho que Maria sua esposa prometida
transporta já em si.
Surpresa no meio de um
noivado que se perspectivava feliz, que se aprontava para ser íntima e
verdadeiramente consumado como todos os noivados, como todos os projectos de
amor entre um homem e uma mulher.
Esta novidade surge
como uma traição, um abandono, como uma marginalização, pois o seu projecto de
paternidade é ultrapassado e relegado por um outro projecto de paternidade. Os sonhos
de um filho caiem assim por terra e como que põem fim a uma relação. José
encontra-se na situação de alguém que foi superado, que passou à condição de inútil.
É o tempo do medo e da
inquietude, da preocupação e da ansiedade, porque há que encontrar uma solução para
que, aquela que José ama, verdadeiramente e do mais fundo do seu coração, não
seja maltratada, não sofra a violência do castigo que a lei prevê para tal tipo
de infidelidades.
No meio deste deserto,
no meio do sofrimento, encontrada uma solução que é justa, José é convidado a
participar do acontecimento. A infidelidade daquela que ama é-lhe oferecida
como desafio de responsabilização, como uma outra oportunidade, uma
verdadeiramente outra oportunidade.
José não deve repudiar
em silêncio a mulher que ama, deve acolhê-la com toda a novidade, com tudo o de
extraordinário que transporta, porque também a ele lhe está destinada uma
missão extraordinária, uma missão que o ultrapassa, e que é a de dar o nome ao
filho que não é seu.
Um nome que contêm em
si uma dimensão e realidade messiânicas que por mais que fosse pai jamais
poderia outorgar a qualquer dos filhos que pudesse ter. Por maior que fosse a sua
descendência de David, a sua linhagem ancestral, não teria nunca condições para
denominar o seu filho de Messias.
À extraordinária
concepção do filho que Maria traz no ventre acresce assim para José a
extraordinária possibilidade e missão de dar um nome e um título ao filho que
acolhe como seu. É a ele que compete estabelecer intrinsecamente a linhagem com
David, a filiação davídica e dá-la a conhecer a Jesus, compenetrá-lo dela e das
suas consequências.
Por esta razão José
aparece silencioso em todos os Evangelhos, a sua missão estava completa, e aparece
em muitas representações pictóricas do nascimento de Jesus com uma lanterna na
mão, simbolizando com tal luz a iluminação que lhe foi destinada realizar junto
daquele mesmo que nasce e é Filho de Deus e de todos os que se aproximaram para
ver a novidade extraordinária.
Também nós hoje somos
chamados como José a acolher a novidade do Filho de Deus e a iluminar a nossa
vida e a vida dos nossos irmãos com a luz eterna que nos traz.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarÉ bom poder chegar ao final de um longo dia de trabalho e saborear com serenidade o texto da Meditação que teceu e partilha. Sabemos pouco sobre São José mas provavelmente todos nos interrogamos como foi possível a José viver em silêncio o sofrimento, o deserto, como afirma, ultrapassar a situação vivida durante o noivado com Maria e acompanhá-la no mistério, na maravilhosa aventura cujo alcance não era visível. Mas a reflexão a que Frei José Carlos nos conduz, leva-nos a compreender o “olhar terno, sereno de São José” nas mais diversas representações.
Como nos afirma …” José não deve repudiar em silêncio a mulher que ama, deve acolhê-la com toda a novidade, com tudo o de extraordinário que transporta, porque também a ele lhe está destinada uma missão extraordinária, uma missão que o ultrapassa, e que é a de dar o nome ao filho que não é seu.
Um nome que contêm em si uma dimensão e realidade messiânicas que por mais que fosse pai jamais poderia outorgar a qualquer dos filhos que pudesse ter. (…)
(…) À extraordinária concepção do filho que Maria traz no ventre acresce assim para José a extraordinária possibilidade e missão de dar um nome e um título ao filho que acolhe como seu.”…
Grata, Frei José Carlos, por ter-nos oferecido este bela e profunda Meditação no dia da solenidade de São José, por recordar-nos que …” Também nós hoje somos chamados como José a acolher a novidade do Filho de Deus e a iluminar a nossa vida e a vida dos nossos irmãos com a luz eterna que nos traz.”
Que o Senhor o ilumine , o guarde e o abençoe.
Bom descanso.
Continuação de boa semana.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva