Estou a terminar uma
semana de Celebrações da Palavra no Externato Marista de Lisboa, pois a agenda
com diversos compromissos para amanhã não me permitiu ir até sexta-feira nesta
missão. Para a semana haverá mais.
Foi uma semana
intensa, ou melhor, a terceira semana intensa neste período da Quaresma, uma
vez que foram poucos os dias que não tive três Celebrações, e às quais ainda
acrescia a celebração de uma ou duas Eucaristias.
Poderia dizer que
estou cansado, mas apesar do corpo pedir algum repouso, sinto-me bem, sinto-me
feliz, como um dos meus irmãos de comunidade disse um dia destes, “rejuvenescido”.
Participar nas
Celebrações de cada turma do Externato é para mim um privilégio, uma
experiência enriquecedora e alentadora, na medida em que partilho a experiência
da fé com adolescentes e jovens que transportam em si um potencial enorme, que
mostram naqueles pouco minutos que são capazes de muito, e de muito bom.
Para muitos deles é um
momento excepcional, uma experiência que não se repetirá, umas vezes porque
estão já de partida para a universidade ou outra escola, mas a maior parte das
vezes porque a sua vivência e pertença eclesial é quase nula, e portanto pouco
ou nada têm de experiência celebrativa da fé.
Falar de Deus, falar
da Igreja, falar da vida cristã, esbarra assim inevitavelmente contra um muro
de desconhecimento ou indiferença. A cultura e os valores que todos os dias
lhes são incutidos pelo mundo são outros, e por vezes contrários.
Necessitamos assim de
ir ao encontro do homem, da humanidade destes adolescentes e jovens,
mostrar-lhes a dignidade de que estão imbuídos, mostrar-lhes que a realização
plena da sua humanidade, do seu potencial humano, é uma glória para Deus.
A amizade que sentem e
vivem na turma, os conflitos e o que deles aprendem, os projectos que
desenvolvem em grupo, os momentos de alegria e tensão na aprendizagem e na avaliação,
o respeito e a união que se alcançam ou ainda desafiam o empenho, o próprio
crescimento físico e o despertar para o amor, são experiências quotidianas que
conduzem à plenitude humana e portanto à glória de Deus.
A Celebração da
Palavra surge assim neste percurso, em cada ano lectivo, como um momento e uma
oportunidade para parar e aferir desse crescimento para a plenitude e para a
glória. Cada Celebração, como realização colectiva e participação pessoal, é um
momento de reconhecimento que o projecto de Jesus não abdica da dignidade
humana, não despreza o homem, mas bem pelo contrário o assume com o que tem de
bom e de menos bom.
Pela consciência do
bem realizado, da solidariedade desenvolvida, pela amizade, pelo respeito e
pela justiça para com os companheiros, professores e pais, a Celebração
possibilita descobrir que qualquer atitude digna e dignificante é uma opção por
Cristo, é uma escolha do projecto de vida e de amor de Deus, ainda que não
explicito e declaradamente.
Se como diz Santo
Ireneu de Lyon, “a glória de Deus é o homem vivo”, cada gesto, cada atitude,
cada palavra destes jovens e adolescentes que transpire humanidade são
verdadeiras manifestações da presença de Deus nas suas vidas e na nossa
história.
Cumpre-nos pois dar
graças a Deus por este dom, por esta humanidade, o que também fazemos em cada Celebração
da Palavra do Externato Marista de Lisboa.
Ilustração: Digitalização
de recordações de algumas das Celebrações desta semana.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarQuando leio as partilhas das “Celebrações da Palavra no Externato Marista de Lisboa” que muito nos enriquecem e gratificam, sem falar da alegria que nos transmitem por múltiplas razões, fico ao mesmo tempo, num longo silêncio e meditação, e hesito muitas vezes se devo escrever algo. Há vivências na vida de todos nós que calam tão fundo nos nossos corações que qualquer “ruído” pode quebrar essa alegria e beleza. Penso e repenso, hesito, mas pergunto-me se para além de o irmão estar alegre, ainda que cansado, “rejuvenescido”, é bom saber que há um serviço que realiza com satisfação no qual sentimos a presença de Deus e que também nos alegra.
Estas partilhas são uma outra forma de alimento espiritual. Olhar para cada um desses jovens com humanidade, com dignidade, com carinho, com confiança e esperança, é um dom que saboreamos com satisfação. O ser humano é um todo, uno, e mesmo aqueles que no exterior da escola vivem outros apelos , alguns de sentido contrário, há sempre algo que fica que os levará a modificar os gestos, o olhar para o próximo, os preconceitos, etc. E Jesus espera por todos nós e como diz Santo Ireneu de Lyon, “a glória de Deus é o homem vivo”, afirmação com que intitulou esta partilha.
Permita-me que respigue as seguintes passagens do texto que elaborou …” Falar de Deus, falar da Igreja, falar da vida cristã, esbarra assim inevitavelmente contra um muro de desconhecimento ou indiferença. A cultura e os valores que todos os dias lhes são incutidos pelo mundo são outros, e por vezes contrários.
Necessitamos assim de ir ao encontro do homem, da humanidade destes adolescentes e jovens, mostrar-lhes a dignidade de que estão imbuídos, mostrar-lhes que a realização plena da sua humanidade, do seu potencial humano, é uma glória para Deus. (…)
(…)Cada Celebração, como realização colectiva e participação pessoal, é um momento de reconhecimento que o projecto de Jesus não abdica da dignidade humana, não despreza o homem, mas bem pelo contrário o assume com o que tem de bom e de menos bom.
Pela consciência do bem realizado, da solidariedade desenvolvida, pela amizade, pelo respeito e pela justiça para com os companheiros, professores e pais, a Celebração possibilita descobrir que qualquer atitude digna e dignificante é uma opção por Cristo, é uma escolha do projecto de vida e de amor de Deus, ainda que não explicito e declaradamente.” …
Grata, Frei José Carlos, pela partilha, profunda, bela, que nos faz reflectir e que nos reconforta. Que o Senhor o ilumine, o guarde e abençoe.
Continuação de uma boa semana quaresmal.
Bom descanso.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
Frei José Carlos,
ResponderEliminarLi com muito interesse esta maravilhosa e bela partilha das "Celebrações da Palavra do Externato Marista de Lisboa" que nos reconforta e enriquece.As suas palavras são imprescindíveis,a partilha maravilhosamente bela e tão profunda que nos ajudam a reflectir,mais profundamente.Como nos diz o Frei José Carlos,na medida em que partilho a experiência da fé com adolescentes e jovens que transportam em si um potencial enorme,que mostram naqueles poucos minutos que são capazes de muito,e de muito bom.Cumpre-nos dar graças a Deus por este dom,por esta humanidade o que também fazemos em cada Celebração da Palavra.È uma graça de Deus,o Frei José Carlos sentir-se feliz,como um dos seus irmãos de comunidade disse um dia destes "rejuvenescido." É sempre maravilhosamente belo e gratificante, estas experiências das Celebrações com o jovens .Grata,pela bela ilustração e pela excelente partilha.Bem-haja.
Que o Senhor o ilumine o proteja e abençoe.Votos de um bom fim de semana.Bom descanso.
Um abraço fraterno.
AD