terça-feira, 1 de abril de 2014

Senhor não tenho ninguém! (Jo 5,7)

Jesus sobe a Jerusalém por motivo de uma das festas judaicas e ao passar junto da piscina de Betsatá encontra uma multidão de enfermos, cegos, coxos e paralíticos.
É uma massa humana carregada de sofrimento, de marginalização e exclusão, mas igualmente uma massa humana na qual apesar da pobreza e das limitações a lei do mais forte também impera.
Por circunstâncias diversas uns conseguem entrar na água da piscina, quando esta se agita, enquanto outros permanecem de fora sem qualquer hipótese.
E é a um destes duplamente excluídos e marginalizados que Jesus se dirige, a um homem que há trinta e oito anos está enfermo e não tem ninguém que o ajude a entrar na água da piscina.
No limite do sofrimento Jesus oferece a oportunidade de cura, uma cura que não provém da água que se agita mas da sua palavra, da sua vontade de libertar o homem daquele sofrimento físico e moral.
A regra do mais forte, a lei da selva, é assim abolida pela misericórdia, pela atenção de Jesus ao sofrimento daqueles que são marginalizados e excluídos, daqueles que não têm qualquer oportunidade.
Num mundo como o nosso, em que os mais fortes conquistam os lugares ao sol em detrimento dos mais fracos, daqueles que têm menos força ou poder, este gesto de Jesus recorda-nos a necessidade de partilharmos uns com os outros o que temos, a necessidade de nos cuidarmos mutuamente.
Necessitamos pôr-nos todos de pé, apoiados uns nos outros, porque só assim poderemos levar a nossa enxerga com mais facilidade, uma vez que o seu peso vai distribuído entre todos. E todos temos uma enxerga, ou uma cruz, para levar.

 
Ilustração: “Jesus cura o paralítico junto à piscina de Betsatá”, fresco na Igreja de São Nicetas, Banjani, Macedónia.

3 comentários:

  1. E será que todos estão dispostos a deixar-se ajudar, mesmo quando são fracos e precisariam de apoio? É mais fácil parecer superior e independente... Inter Pars

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  2. Caro Frei José Carlos,

    O homem doente há trinta e oito anos que diz ao Senhor, eu não tenho ninguém que me leve para a piscina e nela mergulhar é como muitos de nós em certas circunstâncias, em determinados momentos que de forma desesperada, julgamos que não temos ninguém que venha em nosso auxílio. Mas temos e essse alguém é Jesus que nunca nos abandona, que faz connosco a Caminhada, à frente, ao lado, com Amor e bondade, até ao fim dos tempos, que veio para libertar-nos e salvar-nos.
    Tenho dúvidas, Frei José Carlos, num mundo em que impera a lei da selva, se são realmente fortes os que imperam e fracos os que não têm lugar ao sol. Só aparentemente são fracos porque se recusam a utilizar os “mesmos processos” daqueles que têm poder ou que a ambição leva a não olhar aos “meios utilizados para atingir os fins”. Aceites na diversidade de cada um de nós e unidos, somos fortes, divididos e humilhados somos fracos e cegos de coração.
    Como nos afirma …”este gesto de Jesus recorda-nos a necessidade de partilharmos uns com os outros o que temos, a necessidade de nos cuidarmos mutuamente (…) porque só assim poderemos levar a nossa enxerga com mais facilidade”. …
    Grata, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação profunda que nos dá coragem e conforta. Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
    Bom descanso.
    Um abraço mui fraterno e amigo,
    Maria José Silva

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  3. Frei José Carlos,
    Obrigado, pelas palavras de sensibilização aos necessitados e em especial pela palavra "enxerga"
    quase extinta no nosso vocabulário. Em tempos na aldeia usávamos a enxerga para ajudar a suportar a dor dos cestos das uvas muito pesados que se colocavam as costas.
    De facto todos nós temos uma, felizes daqueles que tem capacidade de serem humildes para receber jesus aceitar uma mão amiga, para que os fardos não sejam tão pesados.
    Sentimentos felizes,

    Filomena Miranda

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