quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Eu lhes enviarei profetas (Lc 11,49)

Eu lhes enviarei profetas e apóstolos e eles matarão uns e perseguirão outros. É esta a constatação histórica e o anúncio profético que Jesus faz no contexto de uma querela com os doutores da lei. De facto, e à luz da história do povo hebreu, Jesus assume que os profetas não tinham sido bem recebidos, tinham sido perseguidos, mortos, rejeitados, e nesse sentido também ele como profeta e todos aqueles que o seguissem sofreriam a mesma sorte. A história e a experiência não permitem qualquer dúvida ou vacilação.
Assim, aceitar ser discípulo e profeta de Jesus, e pelo nosso baptismo somo-lo de facto, é aceitar e assumir a mesma condição de perseguidos, a mesma sorte de ser rejeitados, excluídos e mortos. Como Jesus diz em outro momento, o discípulo não pode ser superior ao mestre, não pode almejar uma sorte diferente daquela que atingiu o mestre e senhor. Portanto não devemos retirar esta realidade do nosso horizonte de vida e realização. A fidelidade exige.
Mas se a fidelidade o exige é também verdade que só à luz do Espírito Santo se pode viver, à luz de uma abertura radical e total às suas efusões, à luz de uma confiança e uma fé de que nos está prometida uma justiça, de que um dia será feita justiça aos nossos actos e à nossa fidelidade. É com esta esperança e esta força que podemos vencer ou enfrentar os combates do mundo, esse mundo que solicita e apela a um compromisso negociado que obrigatoriamente nos afasta e subtrai da condição profética para nos encerrar em belos monumentos ilusórios e fúnebres.
Cabe a cada um de nós responder e assumir a condição que deseja viver, se a da vida em plenitude ou a da vida artificial.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    A partir da reflexão do Evangelho de São Lucas (11,49) lembra-nos que ... “aceitar ser discípulo e profeta de Jesus, e pelo nosso baptismo somo-lo de facto, é aceitar e assumir a mesma condição de perseguidos, a mesma sorte de ser rejeitados, excluídos e mortos.”… E como discípulos devemos ter presente o “nosso horizonte de vida e realização” cientes da sorte do Mestre e Senhor.
    Porém, lembra-nos que “cabe a cada um de nós responder e assumir a condição que deseja viver”, salientando que … “ nos está prometida uma justiça, de que um dia será feita justiça aos nossos actos e à nossa fidelidade”. … Para tal, só uma vivência de fé, de confiança, de fidelidade a Deus, de coerência e de esperança, pode dar-nos a força, a coragem, e a determinação para vencer os obstáculos que se nos deparam hoje e no futuro.
    Obrigada pela partilha desta Meditação, por nos alertar para o Caminho a trilhar, pela esperança que também nos consegue transmitir.
    Bem haja, Frei José Carlos.
    Um abraço fraterno
    MJS

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