quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Quem é o administrador fiel? (Lc 12,42)

Jesus continua a instrução dos seus discípulos e uma vez mais convida à vigilância pois ninguém sabe a hora a que chega o seu senhor, a hora a que chega o Filho do homem, que pode vir como um ladrão. E esta vigilância é tão necessária na medida em que será graças a ela que seremos capazes de reconhecer o Filho do homem no momento da sua vinda.
A parábola do administrador fiel, que Jesus conta após a interrogação de Pedro sobre os implicados naquelas palavras, mostra-nos e permite compreender que a vigilância se joga numa fidelidade responsável relativamente à missão que nos foi confiada, que há necessidade de uma fidelidade ao Mestre e aos dons recebidos para a missão, mas também de uma prudência, de um certo “savoir faire”.
Jesus relaciona as duas atitudes e fá-lo quando nos diz que o administrador fiel é aquele que sabe dar devidamente, no momento oportuno e do modo necessário a devida ração de trigo. A fidelidade não admite assim um desbaratar de recursos e meios, um desperdício de oportunidades, ou uma precocidade de implicação, mas exige, e Jesus insiste sobre isso, uma consciência da oportunidade, da justeza, da capacidade de cada um, tanto do que dá como do que recebe, até certo ponto certamente até mais do que recebe para não lhe ser dado alimento sólido quando ainda só pode beber leite, como diz São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios (1Cor 3,2). Se não se tiver em conta esta realidade, se não se tentar este “savoir faire” poderemos cair numa certa inutilidade, num trabalho em vão, numa infidelidade ainda que involuntária à missão.
Peçamos assim ao Senhor, como nos recomenda no Evangelho de São Mateus (Mt 10,16) a ser prudentes como as serpentes e simples como as pombas, para que dessa forma nos conformemos fielmente à missão e aos dons que nos confia.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    A propósito da partilha de hoje, voltei como algumas vezes acontece (frequentemente), de forma explícita ou implícita, a ler e “saborear“ um texto muito belo que o Frei José Carlos escreveu em 26 de Agosto p.p. sobre a “Vigilância Cristã” e da qual se me permite passo a transcrever alguns excertos que muito me sensibilizaram ... “Vigiar, pelo gozo de vigiar, de estar expectante, acordado, de querer receber Aquele que chega com alegria e disposição.
    Vigiar, para estar e ter tudo preparado, porque não somos os senhores nem o que temos é nosso, somos apenas administradores dos bens que nos foram entregues e dos quais temos que dar contas. Cada um recebeu de acordo com as suas possibilidades.” (…) “E para manter a vigilância e a esperança, um ouvido atento e um olho desperto, um coração largo e uma mão estendida, uma oração e uma obra de amor.
    Vigiar sempre…”
    Na Meditação de hoje que connosco partilha lembra-nos que … “ a vigilância se joga numa fidelidade responsável relativamente à missão que nos foi confiada, que há necessidade de uma fidelidade ao Mestre e aos dons recebidos para a missão, mas também de uma prudência, de um certo “savoir faire”.
    Somos responsáveis pela boa administração dos dons que nos foram confiados e a exigência que nos será feita terá em consideração o que nos foi dado e como administramos esses talentos. ...” A fidelidade não admite assim um desbaratar de recursos e meios, um desperdício de oportunidades, ou uma precocidade de implicação, mas exige, e Jesus insiste sobre isso, uma consciência da oportunidade, da justeza, da capacidade de cada um, tanto do que dá como do que recebe, até certo ponto certamente até mais do que recebe”…
    Permita que façamos nossas as palavras do Frei José Carlos e que “Peçamos ao Senhor (…) que nos conformemos fielmente à missão e aos dons que nos confia.”
    Obrigada Frei José Carlos por nos clarificar a forma como devemos ser discipulos de Jesus e membros vigilantes e participantes do Seu testemunho.
    Bem haja Frei José Carlos.
    Um abraço fraterno,
    MJS

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