Discernir o tempo presente é uma tarefa árdua, difícil, mas não impossível. Jesus reconhece que naturalmente, pela nossa circunstância de situados no mundo, numa cultura, numa história, somos capazes de fazer o discernimento do tempo presente. Neste sentido, ele confronta os seus intermediários e adversários com a capacidade de discernirem o tempo meteorológico, os fenómenos naturais e as suas consequências. Ainda hoje, nós, pelas mesmas razões somos capazes de discernir se vai ser um dia de chuva ou se vamos ter um dia de calor. Temos os dados e a capacidade para fazer um juízo.
Assim, e perante outros dados que possuímos, temos também a capacidade de discernir a outra dimensão da nossa vida, a vida da graça sobrenatural e da fidelidade ao amor de Deus. Perante os dados da revelação podemos e devemos discernir a nossa implicação nessa mesma revelação.
É a grande critica e a acusação vigorosa que Jesus faz aos seus adversários, porque eles capacitados para o discernimento, com os dados da revelação, da lei e dos profetas, não são capazes ou recusam-se a reconhecer os sinais dos tempos, aquele que está diante dele e pelos sinais apresentados pode ser discernido como o Messias e o Filho de Deus, o cumprimento da promessa. Há uma resistência que é inacreditável, que nos deixa chocados.
Mas é uma resistência que também a nós nos atinge, que muitas vezes não sabemos de onde vem ou porque vem, ou que até sabemos, porque provêm do medo e da nossa consciência de incoerência e infidelidade, que nos recusamos a assumir e a mudar.
Tendo isto assumido, e para nos incentivar a uma outra atitude, a uma conversão, Jesus conta uma parábola em que alguém é arrastado ao tribunal para prestar contas. Perante tal possibilidade, Jesus recomenda o compromisso amigável antes da apresentação junto da barra do tribunal, o discernimento de uma resposta concertada enquanto é viável e possível.
Para nós, situados em caminho, em processo “judicial”, discernindo com fidelidade, esta resposta amigável e viável encontra-se e realiza-se na paz e na fraternidade com aqueles com quem vivemos. O que é justo e como resposta discernida no espírito, face à justiça de Deus que já foi exercida para connosco de forma misericordiosa, é a vivência dessa mesma misericórdia, dessa mesma justiça misericordiosa através da paz, da mansidão, da humildade e paciência.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarNa partilha da Meditação de hoje recorda-nos também que ...” Ainda hoje, nós, pelas mesmas razões somos capazes de discernir se vai ser um dia de chuva ou se vamos ter um dia de calor. Temos os dados e a capacidade para fazer um juízo.”… e que …”temos também a capacidade de discernir a outra dimensão da nossa vida, a vida da graça sobrenatural e da fidelidade ao amor de Deus. Perante os dados da revelação podemos e devemos discernir a nossa implicação nessa mesma revelação.”…
E à semelhança da … “grande crítica e acusação vigorosa que Jesus faz aos seus adversários” pela recusa em “reconhecer os sinais do tempo” lembra-nos que essa “resistência” também a nós nos atinge.
Mas convida-nos a uma mudança de atitude, enquanto tal é possível, à semelhança da parábola contada por Jesus, a qual se concretiza num convívio humano, realizado em “paz e fraternidade”, no empenhamento de cada um de nós na transformação da realidade que nos rodeia, num Mundo mais fraterno, mais justo, mais humano, “face à justiça de Deus que já foi exercida para connosco de forma misericordiosa”.
Obrigada por esta partilha que nos responsabiliza e questiona mas que nos encoraja a não desistir, e que cabe a cada um de nós, com a ajuda do Espírito Santo, vencer as “nossas resistências”, “discernindo com fidelidade”.
Bem haja Frei José Carlos.
Um abraço fraterno.
MJS