sábado, 23 de outubro de 2010

Frei Francisco de Portugal

Prosseguindo a apresentação de figuras históricas da Província de Portugal deixamos hoje o Assento da Profissão Solene de frei Francisco de Portugal, frade que enquanto noviço se chamou frei Francisco do Rosário.
É uma figura importante e com um poder económico de algum modo significativo, pois em 1744 vai acordar com os padres do Convento de São Domingos de Lisboa a construção de umas casas e lojas nas traseiras da Ermida de Nossa Senhora da Escada contigua à igreja do mesmo convento.
Entre 1757 e 1759 encontra-se no Porto como Prior do Convento de São Domingos daquela cidade e em 1777, aos 15 de Março, é a primeira testemunha ouvida no processo de devassa instaurado ao governo e à pessoa do Padre e Vigário Geral frei João de Mansilha entretanto detido por ordens superiores.

As imagens são do Assento realizado em latim e das assinaturas e nota à alteração de nome.

1722.Dezembro.8
Profissão solene
Anno Domini milésimo septigentesimo, vigessimo secundo, die octava Decembris, hora quarta post meridiem, in hic conventu sancti Dominici Olisiponensi solemnem professionem fecit frater Franciscus á Rosario filius legitimus D. Bernardi de Vasconcellos jam defuntus et D. Maria de Portugal, naturalium et commorantium in haec dicta civitate; quam professionem fecit supradictus frater Franciscus á Rosario in manibus Reverendi ad modum Patris fratris Antonii à Sacramento, in Sacra Theologia Doctoris et Magistri Sancti Officii Consultoris, ac Prioris Provincialis huius Portugaliae Provinciae, gubernante relligionem Reverendíssimo Patre fratrer Augustino Pipia, totius ordinis Praedicatorum Magistre generali; dictam que professionem fecit supradictus frater secundum Regulam Sancti Augustini et Constitutiones eius dem ordinis Praedicatorum, non put eiu aut illi servantur, sed ad literam put scripto jacent. Item Reverendus ad modo Pater Provincialis antquam supra dictus frater professionem facisset coram toto conventu et nomina ipsius illi declaravit, non esse suam intentionem illum admitere ad professionem si aliqua sanguinis macula haebrorum et sarracenorum aut mulatorum infectum extiterit. Et acceptata ad ipso hanc protestationem ipsi quoq in facte sunt omniss alid protestationis in Constitutionibus ordinis contentur specialiter in Dist. 1ª Capt 13 § 2 a litera E usque ad literam F inclusive, ad ques omnis anmens dictus frater declaravit libere, et voluntaria talem professionem emissere. In quorum fidem ipse cumpredicto Reverendíssimo Patre Provinciali, et Patre frater Alberto à Divo Thoma Magistro suo Novitiorum hic subscripsit, anno, mense die ut supra.
Fr. Antonius a Sacramento, Prior Provincialis
Frater Albertus à D. Thoma, Magister Novitiorum
Fr. Francisco de Portugal
Este irmão em Noviço se chamava frei Francisco do Rosário e na profissão se chamou frei Francisco de Portugal. O que assim declaro para que não faça duvida de assinar-se com este nome.”

3 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Obrigada por disponibilizar mais esta informação histórica: o Assento da Profissão Solene de Frei Francisco de Portugal, realizado no Século XVIII. Ao deter-me na observação das bonitas imagens do Assento realizado em latim, ilustrativo de um passado, de uma outra concepção do tempo, interrogo-me sobre como serão hoje os livros de Assento da Ordem dos Dominicanos (continuam a utilizar o latim, quem pode lavrar os Assentos).
    Bem haja. Um abraço fraterno.
    MJS

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  2. Olá Maria José
    Ainda hoje se continuam a fazer os assentos, continuamos a fazer os assentos de quem entra para o noviciado e faz a profissão, que como pode compreender já não são em latim, pois são poucos os que sabem essa lingua para a escreverem e lerem fluentemente. Mas já no século XVIII assim acontecia, porque entre os vários assentos que se encontram no Livro das Profissões do Convento de São Domingos de Lisboa apenas alguns se encontram em latim, nomeadamente os que foram realizados pelo Padre Mestre de Noviços frei Luís de São Vicente Ferrer, o que evidencia ou alguma dificuldade na utilização do latim ou apenas uma extravagância do responsável pelo registo.
    Quanto ao livro em que são feitos actualmente não tem nada de especial, é um simples livro almaço que habitualmente é guardado no arquivo do convento ou pelo prior e no qual cada um, pelo seu punho, e na presença de duas testemunhas redige o seu assento.
    A beleza e a riqueza de um livro de Asentos, mesmo do século XVIII, radica assim na sobrevivência ao tempo e às incurias dos homens e ao conjunto de informação que nos pode fornecer sobre cada nome que ali se inscreveu.
    Agradecido pela amizade, deixo-lhe o meu abraço fraterno e votos de um bom fim de domingo.

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  3. Boa noite Frei José Carlos,

    Muito obrigada pela informação disponibilizada e pela celeridade da mesma. Bem haja.
    Desejo-lhe uma boa semana.
    Um abraço fraterno
    MJS

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