Uma vez mais encontramos Jesus confrontando-se, e confrontando aqueles que o convidam, com a observância do sábado, com o preceito de guardar o dia de descanso.
Desta feita é num jantar na casa de um fariseu, na qual se introduz um doente hidrópico na esperança de ser curado por Jesus. Ao vê-lo, Jesus acolhe-o, trá-lo para o meia da sala e coloca-o no centro das atenções, pois sabe que todos ou quase todos estão ali mais para verem o que ele faz, como ele se comporta, que para comerem e festejarem o dia dedicado ao Senhor.
E então a provocação à expectativa: “é lícito ou não curar ao sábado?” Pergunta pertinente porque segundo a própria lei se podia salvar ao sábado aqueles que estavam em perigo de vida, ainda que os mais ortodoxos e aferrados à letra da lei defendessem que nem mesmo a vida se podia salvar. E aquele homem não estava propriamente em perigo de vida, era apenas portador de uma doença que ainda que o excluísse da sociedade não o colocava perante a morte iminente.
Perante tanta dureza de coração, tanta hipocrisia, manifestada no silêncio de uma não resposta, Jesus vai até ao fim e toca naquilo que é mais caro, no bem mais valioso, o filho, a prova da bênção de Deus e a garantia do futuro, da continuação da linhagem e portanto da eleição divina.
Não se poderá salvar um filho num dia de sábado? E eles ficaram calados, sem resposta, porque de facto havia valores que ultrapassavam o próprio sábado, porque sabiam que o sábado tinha sido feito para o homem e não o homem para o sábado. Este era um dia a guardar em descanso, mas o preceito tinha por fundamento a libertação do Egipto e a relação de eleição, explicitada na Aliança estabelecida entre Deus e o povo e da qual derivava a necessidade de se cultivar, aprofundar, desenvolver as relações com o próprio Deus e com os outros.
Neste sentido, o sábado era e é inevitavelmente uma salvação do filho, para a salvação de todos os filhos, de cada um de nós enquanto filho de Deus. Facto que nos conduz, ao terminar a semana a interrogar-nos sobra a forma como vamos viver o nosso dia de descanso, o nosso dia dedicado ao Senhor que se aproxima. Será ele um verdadeiro dia de libertação para o fortalecimento da nossa filiação divina, será ele um verdadeiro dia de construção e aprofundamento das nossas relações, será ele um dia de salvação? É urgente que encontremos uma resposta porque o dia se avizinha, como se avizinha em cada final de semana.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarNo início desta semana, quando recomeçávamos uma nova semana de trabalho, levou-nos a interrogar-nos sobre ...” a libertação que experimentámos no dia de descanso, como vivemos o dia do Senhor e fizemos memória da libertação de que fomos objecto, para que estes dias de trabalho possam ser também operação libertadora enquanto momentos e oportunidades para construirmos um mundo melhor, o Reino de Deus entre nós”.
Na Meditação que hoje partilha connosco, ao terminarmos a semana, questiona-nos …”sobre a forma como vamos viver o nosso dia de descanso, o nosso dia dedicado ao Senhor que se aproxima”. … E lança-nos um “desafio” quando nos interroga : … “será ele um verdadeiro dia de libertação para o fortalecimento da nossa filiação divina, será ele um verdadeiro dia de construção e aprofundamento das nossas relações, será ele um dia de salvação?”
Obrigada, Frei José Carlos, por nos conduzir a um exame de consciência, que nos ajuda a não particpar de forma ligeira, artificial, rotineira, no dia “dedicado ao Senhor”.
Que Jesus nos abençõe e ilumine para que os nossos corações estejam libertos para que o “nosso dia de descanso” seja …” um verdadeiro dia de libertação para o fortalecimento da nossa filiação divina, (…) um verdadeiro dia de construção e aprofundamento das nossas relações, um dia de salvação, hoje e sempre.
Obrigada por esta importante interpelação. Bem haja.
Desejo ao Frei José Carlos, um bom fim de semana.
Um abraço fraterno
MJS