Não pode deixar de nos causar algum espanto, alguma surpresa, estas palavras de Jesus. Através delas aparece o perigo imediato e potencial perante o qual somos colocados, face ao qual somos enviados. Os lobos são um perigo para os cordeiros. Somos assim enviados como discípulos para o meio dos perigos e confrontos. Não há volta a dar.
Este envio torna-se contudo ainda mais paradoxal quando nos confrontamos com a recomendação de não levar nada para o caminho, nem bolsa, nem sandálias, nem cajado, nenhum apoio no qual nos possamos sustentar, ou seja frágeis e vulneráveis, pobres e indigentes é que nos devemos apresentar. O Senhor eleva a fasquia da radicalidade no seguimento e do envio.
Mas é necessário, pois só assim o enviado pode ser livre e os resultados da sua missão podem ser reais, verdadeiros e efectivos. De contrário, como é que os lobos poderiam aprender a linguagem do amor, a radicalidade da vida assumida e vivida em Jesus Cristo como filhos de Deus? Se nos apresentássemos como lobos, fortes entre os fortes, alguém poderia ver um sinal contrário, alguém poderia sentir-se tocado pela diferença, alguém poderia sentir desejo de conversão?
A vulnerabilidade é ou deveria ser a nossa condição porque o nosso Senhor e Mestre foi também vulnerável, experimentou a vulnerabilidade na sua radicalidade. A cruz é o sinal mais eloquente dessa vulnerabilidade e da potencialidade de conversão, e o centurião romano é o primeiro resultado, o nosso primeiro convertido: “este homem era verdadeiramente Filho de Deus” (Mc 15,39).
Com a força do Espírito Santo saibamos apresentar-nos desprendidos de tudo, frágeis e vulneráveis, confiantes apenas de que o Senhor está connosco, porque como diz São Paulo “é quando sou fraco que sou forte” (2Cor 12,10).
Frei José Carlos,
ResponderEliminarComo se anuncia o Reino de Deus? É certamente fazendo como Jesus. Como São Domingos de Gusmão, como São Francisco de Assis e tantos outros Homens e Mulheres fizeram. Porém, os contextos são diferentes. É necessário entender o projecto de Jesus e compreender os problemas que a Humanidade defronta à luz dos dias de hoje. Estamos demasiados presos às nossas “comodidades”. Na Meditação Diária de 7 de Julho p.p. publicada pelo Frei José Carlos lembrou-nos que ...” O seguimento (de Jesus) implica a naturalidade, as relações fraternas e familiares, sociais e até políticas. Somos discípulos de Jesus nas “nossas circunstâncias”, para utilizar uma expressão tão querida a Ortega y Gasset.” E exortava-nos na Homilia do XII Domingo do Tempo Comum … que “Temos que dizer a Jesus que Ele é o nosso Mestre, o nosso Messias, o nosso Salvador e com Ele tudo o mais é prescindível, é relativo, ou deve estar em relação com Ele e a fidelidade que lhe devemos” e …”Seguir implica inevitavelmente e como também nos diz Jesus ir-se libertando, ir perdendo desta vida alguma coisa para ganhar outra vida.”…
Na Meditação de hoje, o Frei José Carlos, convida-nos a um seguimento mais radical que …”Com a força do Espírito Santo saibamos apresentar-nos desprendidos de tudo, frágeis e vulneráveis, confiantes apenas de que o Senhor está connosco, porque como diz São Paulo “é quando sou fraco que sou forte” (2Cor 12,10).”
Que Jesus encoraje e ilumine o Frei José Carlos e cada um de nós a escolher o Verdadeiro Caminho para servir e amar os nossos irmãos como Servimos e Amamos Deus.
Obrigada por esta partilha que nos desinstala, que nos faz reflectir.
Bem haja Frei José Carlos.
Um abraço fraterno,
MJS