sexta-feira, 11 de março de 2011

Sobre o jejum cristão

Na Quaresma deparamo-nos de modo mais incisivo com o mandamento da Igreja de guardar o jejum, um exercício de ascese que nos ajuda a viver a temperança e a descobrir também os limites da nossa condição corporal.
O texto que se segue é um excerto de “A Minha Vida em Cristo”, de São João de Cronstadt e pode ajudar-nos a iluminar este exercício ascético tão antigo e ao mesmo tão moderno e actual na sua necessidade.
O jejum é indispensável ao cristão para clarificar o seu espírito, despertar e desenvolver o seus sentimentos, estimular a sua vontade. Estas faculdades humanas são obscurecidas e asfixiadas principalmente pelo excesso do comer e do beber, bem como pelas preocupações desta vida; separamo-nos então de Deus, fonte de vida, e caímos na corrupção e na vaidade, desfigurando e contaminando a imagem de Deus em nós. A libertinagem e a sensualidade fixam-nos à terra e cortam, por assim dizer, as asas da nossa alma.
Repara como era alto o voo dos ascetas e dos que jejuavam, eles planavam nos céus como águias, eles que eram nascidos da terra viviam pelo espírito e pelo coração nos céus, e aí escutavam palavras inefáveis e aprendiam a sabedoria divina.
O jejum é ainda necessário ao cristão porque desde a Incarnação do Filho de Deus a natureza humana foi espiritualizada e divinizada. Nós apressamos agora o nosso passo em direcção ao reino de Deus porque este não é um negócio de comida ou de bebida, mas de justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Os alimentos são para o ventre e o ventre para os alimentos, mas Deus destruirá um como outros.
Comer e beber, ou seja procurar os prazeres carnais, é bom para aqueles que não acreditam, que não conhecem as alegrias celestes e espirituais, que fundam toda a sua vida nos prazeres da carne. É por esta razão que o Senhor no Evangelho condena tão frequentemente esta paixão destrutiva.”
Que o jejum que façamos nos ajude a perceber a relatividade da materialidade, nos ajude a partilhar com aqueles que não têm e nos ilumine e fortaleça no processo de divinização à luz da incarnação do Filho de Deus

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Bem haja por nos recordar o significado do “jejum cristão” partilhando connosco um excerto de um texto profundo e poético, da autoria de São João de Cronstadt.
    Que o exercício do jejum nos conduza como nos salienta ...” a perceber a relatividade da materialidade, nos ajude a partilhar com aqueles que não têm e nos ilumine e fortaleça no processo de divinização à luz da incarnação do Filho de Deus”.
    Obrigada pela partilha da Meditação.
    Desejo ao Frei José Carlos um bom fim-de-semana.
    Um abraço fraterno
    Maria José Silva

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  2. Frei José Carlos,

    Obrigada pela beleza deste texto que nos propõe para Meditação sobre o jejum cristão.Pois como nos diz no texto este exercício ascético,tão antigo e tão moderno e actual na sua necessidade.
    O jejum é muito importante não só na Quaresma porque purifica o espírito e o corpo,para que as nossas faculdades humanas não sejam obscurecidas,pelo excesso de comer e beber.
    Gostei muito desta partilha,o Frei José Carlos,que nos vai iluminando com a beleza dos textos que nos ajudam a meditar.Bem haja.
    Um abraço fraterno. Uma boa semana.
    AD

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