segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Eu irei curá-lo! (Mt 8,7)

Ao iniciarmos o tempo de Advento eis uma cena e uma proposta que nos ilumina no nosso caminhar para o Natal e o nascimento do Filho de Deus.
Um homem, um centurião romano, vem ter com Jesus e apresenta-lhe a situação do seu servo, que sofre paralítico horrivelmente. Não há qualquer pedido de cura, embora se subentenda, mas apenas uma apresentação da realidade e de uma realidade dolorosa, de sofrimento.
O centurião romano não obriga a nada, apenas no seu desespero procura colocar Jesus face a um facto, a uma circunstância sobre a qual ele não tem poder algum, apesar de ser homem a quem obedecem sem replicar.
Imediatamente e sem qualquer pergunta, Jesus dispõe-se a ir curá-lo, compreende o desespero e o sofrimento e propõe-se a colocar-lhe fim.
Esta proposta de Jesus é uma imagem muito concreta do mistério da Incarnação que celebramos no Natal e nos propomos preparar neste tempo de Advento.
Deus vem ao nosso encontro, Deus dispõe-se a vir até nós, oferece-se a cada um de nós, assim nós o queiramos acolher. E não vem com outro objectivo senão de nos curar, de nos salvar da nossa condição de enfermidade.
Neste sentido, somos convidados a reconhecer e a assumir a nossa doença, o nosso pecado, a nossa infidelidade, a reconhecer que de facto não somos dignos que Deus venha até nós.
Por outro lado, somos convidados também a apresentar a nossa situação, a procurar que uma palavra de Deus nos resgate da nossa fragilidade tal como o Verbo Incarnado resgatou a humanidade da sua situação de exclusão.
Estamos assim num processo que já se realizou, mas que continua em realização e culminará um dia na realização total. São três actos de fé que somos chamados a professar, o da Incarnação do Filho de Deus na história do Homem, o da Incarnação de Deus na nossa vida, e o da última vinda gloriosa que esperamos na fé.
Estamos inseridos num tempo, num processo temporal, cuja plena vivência e compreensão se torna possível na medida em que vivemos ao ritmo da oração a relação com a presença de Deus na história do homem e na minha vida pessoal.
Hoje é a oportunidade do tempo presente, procuremos aproveitá-la com a nossa oração mais intensa.
 
Ilustração: “O Centurião diante de Jesus”, desenho de Jean-Baptiste Jouvenet perdido durante a Segunda Guerra na Polónia.

 

 

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Bem-haja por salientar-nos que à semelhança da atitude de Jesus com o centurião romano que apresenta a situação do seu servo, dolorosa, de sofrimento, em que não apresenta um pedido explícito de cura ...” Deus vem ao nosso encontro, Deus dispõe-se a vir até nós, oferece-se a cada um de nós, assim nós o queiramos acolher. E não vem com outro objectivo senão de nos curar, de nos salvar da nossa condição de enfermidade.” …
    Jesus não exige, mas como Frei José Carlos nos diz ...” somos convidados a reconhecer e a assumir a nossa doença, o nosso pecado, a nossa infidelidade, a reconhecer que de facto não somos dignos que Deus venha até nós.
    Por outro lado, somos convidados também a apresentar a nossa situação, a procurar que uma palavra de Deus nos resgate da nossa fragilidade tal como o Verbo Incarnado resgatou a humanidade da sua situação de exclusão.”…
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, que dão-nos força e humildade para aceitarmos e reconhecermos a nossa situação de pecadores, as nossas fragilidades, e como ultrapassá-las, por recordar-nos que …” Hoje é a oportunidade do tempo presente, procuremos aproveitá-la com a nossa oração mais intensa.”
    Que o Senhor o ilumine, abençoe e proteja. Continuação de uma boa semana.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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