sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Maria dirigiu-se apressadamente para casa de Zacarias ( Lc 1,39)

A narração da visita da Virgem Maria a sua prima Isabel é marcada pelo ritmo que a mesma Virgem Maria toma depois do anúncio do Anjo Gabriel. Tudo se passa demasiado depressa.
O ritmo de Maria não é no entanto exclusivo, porque parece que toda a natureza se enche da mesma alegria e da mesma pressa, é como se o tempo urgisse, se algo estivesse eminente.
E assim descobrimos que a pressa de Maria é acompanhada pela pressa de João no seio de sua mãe Isabel, ele exulta, salta de alegria face à visita daquela que transporta em si o Senhor, parecendo querer fazer-se voz que brada no deserto já ali.
Em virtude da alegria e da pressa de João também Isabel exulta, se enche de pressa para ir ao encontro daquela que é digna de toda a reverência, acolhendo-a em sua casa com o maior louvor à bendita entre todas as mulheres, “Bem-Aventurada aquela que acreditou”.
Na azáfama da preparação do Natal, em que percorremos apressadamente as estantes das lojas para uma última prenda que nos falta, podemos perguntar-nos como essa pressa é fruto de uma alegria e de uma novidade que revolucionou a nossa vida.
Na ansiedade de nos despacharmos, podemos perguntar em que medida as nossas andanças são encontro, são visita ao outro para que também ele exulte e se apresse na preparação do acolhimento do Senhor que vem.
Ainda nos faltam uns dias até à noite de Natal e um fim-de-semana que será certamente de muitas pressas, de alguma tensão, pois procuramos ainda mais alguma coisa, falta-nos ainda qualquer coisa.
Nestas andanças, como muito poderia ser diferente se assumisse-mos uma atitude diferente, uma atitude de alegria e compreensão, uma postura de fazer feliz aquele outro que se cruza connosco.
Um sorriso, uma palavra de simpatia, uma música de Natal que trauteamos enquanto percorremos os corredores de prateleiras e que inevitavelmente nos coloca em outra sintonia, numa onda diferente, com um rosto mais alegre e um coração mais aberto.
O Natal pode ser diferente, pequenos gestos e atitudes podem mudar o rumo, e cada um de nós pode fazer isso.
 
Ilustração: “A Visitação”, de Jerónimo Ezquerra, Museu Carmen Thyssen, Málaga.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    No texto da Meditação que teceu e ilustrou maravilhosamente sobre “a narração da visita da Virgem Maria a sua prima Isabel” recordando-nos que a mesma é marcada pelo ritmo e pela alegria de Maria que parece impregnar toda a natureza, a qual é acompanhada pela pressa e alegria de João que …” salta de alegria face à visita daquela que transporta em si o Senhor, parecendo querer fazer-se voz que brada no deserto já ali” e pela demonstração de júbilo de Isabel e o acolhimento à “Bem-Aventurada aquela que acreditou”…, Frei José Carlos, vai mais longe, ao levar-nos a interrogar-nos, se na azáfama da preparação do Natal, …” essa pressa é fruto de uma alegria e de uma novidade que revolucionou a nossa vida” ou “em que medida as nossas andanças são encontro, são visita ao outro para que também ele exulte e se apresse na preparação do acolhimento do Senhor que vem.” …
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, importantes e oportunas, pela sugestão que deixa a todos aqueles que até à noite de Natal continuam a viver com pressa e alguma tensão, para assumirmos …” uma atitude diferente, uma atitude de alegria e compreensão, uma postura de fazer feliz aquele outro que se cruza connosco.” …
    Que o Senhor o ilumine, abençoe e proteja.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    P.S. Permita-me que partilhe um outro excerto do poema do Padre José Tolentino de Mendonça, publicado na mensagem da Pastoral da Cultura datada de 21/12/2012.

    Para haver Natal este natal


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    “Talvez nos bastem coisas afinal/ 
tão simples:
/ o alento dos reencontros/ 
autênticos,/ a oração como confiança/ soletrada,/
a certeza de que Jesus nasce/ em cada ano,/ para que o nosso natal alguma vez, esta vez,/ 
seja Natal.”

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