A narração da visita
da Virgem Maria a sua prima Isabel é marcada pelo ritmo que a mesma Virgem
Maria toma depois do anúncio do Anjo Gabriel. Tudo se passa demasiado depressa.
O ritmo de Maria não é
no entanto exclusivo, porque parece que toda a natureza se enche da mesma
alegria e da mesma pressa, é como se o tempo urgisse, se algo estivesse
eminente.
E assim descobrimos
que a pressa de Maria é acompanhada pela pressa de João no seio de sua mãe
Isabel, ele exulta, salta de alegria face à visita daquela que transporta em si
o Senhor, parecendo querer fazer-se voz que brada no deserto já ali.
Em virtude da alegria e
da pressa de João também Isabel exulta, se enche de pressa para ir ao encontro
daquela que é digna de toda a reverência, acolhendo-a em sua casa com o maior
louvor à bendita entre todas as mulheres, “Bem-Aventurada aquela que acreditou”.
Na azáfama da
preparação do Natal, em que percorremos apressadamente as estantes das lojas
para uma última prenda que nos falta, podemos perguntar-nos como essa pressa é
fruto de uma alegria e de uma novidade que revolucionou a nossa vida.
Na ansiedade de nos
despacharmos, podemos perguntar em que medida as nossas andanças são encontro,
são visita ao outro para que também ele exulte e se apresse na preparação do
acolhimento do Senhor que vem.
Ainda nos faltam uns
dias até à noite de Natal e um fim-de-semana que será certamente de muitas
pressas, de alguma tensão, pois procuramos ainda mais alguma coisa, falta-nos
ainda qualquer coisa.
Nestas andanças, como
muito poderia ser diferente se assumisse-mos uma atitude diferente, uma atitude
de alegria e compreensão, uma postura de fazer feliz aquele outro que se cruza
connosco.
Um sorriso, uma palavra
de simpatia, uma música de Natal que trauteamos enquanto percorremos os
corredores de prateleiras e que inevitavelmente nos coloca em outra sintonia,
numa onda diferente, com um rosto mais alegre e um coração mais aberto.
O Natal pode ser
diferente, pequenos gestos e atitudes podem mudar o rumo, e cada um de nós pode
fazer isso.
Ilustração: “A
Visitação”, de Jerónimo Ezquerra, Museu Carmen Thyssen, Málaga.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarNo texto da Meditação que teceu e ilustrou maravilhosamente sobre “a narração da visita da Virgem Maria a sua prima Isabel” recordando-nos que a mesma é marcada pelo ritmo e pela alegria de Maria que parece impregnar toda a natureza, a qual é acompanhada pela pressa e alegria de João que …” salta de alegria face à visita daquela que transporta em si o Senhor, parecendo querer fazer-se voz que brada no deserto já ali” e pela demonstração de júbilo de Isabel e o acolhimento à “Bem-Aventurada aquela que acreditou”…, Frei José Carlos, vai mais longe, ao levar-nos a interrogar-nos, se na azáfama da preparação do Natal, …” essa pressa é fruto de uma alegria e de uma novidade que revolucionou a nossa vida” ou “em que medida as nossas andanças são encontro, são visita ao outro para que também ele exulte e se apresse na preparação do acolhimento do Senhor que vem.” …
Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, importantes e oportunas, pela sugestão que deixa a todos aqueles que até à noite de Natal continuam a viver com pressa e alguma tensão, para assumirmos …” uma atitude diferente, uma atitude de alegria e compreensão, uma postura de fazer feliz aquele outro que se cruza connosco.” …
Que o Senhor o ilumine, abençoe e proteja.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
P.S. Permita-me que partilhe um outro excerto do poema do Padre José Tolentino de Mendonça, publicado na mensagem da Pastoral da Cultura datada de 21/12/2012.
Para haver Natal este natal
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“Talvez nos bastem coisas afinal/ tão simples: / o alento dos reencontros/ autênticos,/ a oração como confiança/ soletrada,/ a certeza de que Jesus nasce/ em cada ano,/ para que o nosso natal alguma vez, esta vez,/ seja Natal.”