terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Ama as tuas rosas

A minha Quaresma deste ano vai ser bastante preenchida, com diversas actividades e compromissos que não me vão deixar muito tempo livre.
Entre essas actividades encontram-se as Celebrações da Palavra no Externato Marista de Lisboa, que iniciei hoje e me irão acompanhar quase durante toda a Quaresma.
Posso dizer que foi um bom princípio, pois logo às oito da manhã estava a celebrar com uma turma do sexto ano bastante compenetrada da sua celebração.
No final da celebração os alunos entregaram aos pais e aos convidados uma recordação de cujo texto retirei o mote para esta partilha.
É um texto de Ricardo Reis, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, e que diz, “segue o teu destino, rega as tuas plantas, ama as tuas rosas, o resto é a sombra de árvores alheias”.
Depois do almoço voltei a celebrar, desta feita com a turma 1C do 12º ano, que no final também entregou uma recordação, um seixo do rio, no qual escreveram a frase que serviu de tema à celebração, e que eu pensava ser de Fernando Pessoa, mas afinal parece que não é. “Pedras no caminho? Apanho todas e vou fazendo um castelo”.
Duas celebrações distintas, a primeira de uma turma que ainda tem muito que aprender no Externato e a segunda de uma turma que está já de partida e por isso deve aferir do que viveu e aprendeu para poder partilhar no mundo.
Como há muito tem vindo a acontecer, para mim foi um momento de alegria, foi um momento para desfrutar de jovens que nos fazem sonhar com um mundo melhor, foi igualmente um momento de enriquecimento, espiritual e musical, pois fiquei a conhecer mais uma canção lindíssima que desconhecia.
Foi também um momento para encontrar uma serenidade, uma paz de espirito, que me começava a faltar, na medida em que pensava na quantidade de coisas que tenho para fazer e do tempo limitado de que disponho.
Foi assim o momento para descobrir a inspiração para amar as minhas rosas, para regar as minhas plantas, ou seja, para fazer o que tenho que fazer com amor, com muita paz, porque nesta Quaresma é isto que o Senhor me chama a viver, é desta forma que me convida a viver.
Nos meus sonhos existem outras pretensões, uma outra Quaresma, mas é esta que o Senhor me pede que viva, é esta que o Senhor me pede que ame, com tudo o que tem de trabalho, de preocupações, de limitações e muito possivelmente de uma ou outra frustração por aquilo que não farei.
Serão as sombras das árvores alheias, serão as pedras do caminho, mas que com amor serão também fonte de graça e de crescimento em fidelidade.
 
Ilustração: Fotografias das recordações das turmas 6ºD e 12º 1C.

 

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Li com muito interesse e alegria o texto que teceu sobre o início das Celebrações da Palavra no Externato Marista de Lisboa e que intitulou "Ama as tuas rosas". Saboreei-o. Permita-me que respigue duas passagens que me tocam. …” Como há muito tem vindo a acontecer, para mim foi um momento de alegria, foi um momento para desfrutar de jovens que nos fazem sonhar com um mundo melhor, foi igualmente um momento de enriquecimento, espiritual e musical, pois fiquei a conhecer mais uma canção lindíssima que desconhecia.
    Foi assim o momento para descobrir a inspiração para amar as minhas rosas, para regar as minhas plantas, ou seja, para fazer o que tenho que fazer com amor, com muita paz, porque nesta Quaresma é isto que o Senhor me chama a viver, é desta forma que me convida a viver.”…
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, profundas, belas, que nos enriquecem e nos ajudam no nosso peregrinar ainda que com “sombras ou pedras”, é como o Frei José Carlos nos recorda …”mas que com amor serão também fonte de graça e de crescimento em fidelidade.”
    Que o Senhor o ilumine, o guarde, o abençoe e o ajude a alcançar a paz e a serenidade de que precisa.
    Bom descanso.
    Continuação de uma boa semana.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    P.S. “Pedras no caminho? Apanho as todas e vou fazendo um castelo”. Sou leitora de Fernando Pessoa e este poema não consta nas “Obras Completas”. É uma velha polémica que foi desmentida pelo Provedor e Director da Casa de Fernando Pessoa. E, há a questão das frases e do poema. Para mim, o importante é a mensagem … Permita-me que transcreva o poema, intitulado “Pedras no Caminho”.

    Pedras no Caminho


    Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,/Mas não esqueço que a minha vidaÉ a maior empresa do mundo…
    E que posso evitar que ela vá à falência./Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver/Apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
    Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e/Tornar-se um autor da própria história…
    É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar/Um oásis no recôndito da sua alma…
    É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
    Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos./É saber falar de si mesmo./É ter coragem para ouvir um “Não”!!!
    É ter segurança para receber uma crítica,/Mesmo que injusta…

    Pedras no caminho?
    Guardo todas, um dia vou construir um castelo…

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