Possa o ano que se inicia
trazer ao vosso coração inquieto esse orvalho que cobria o velo de lã de
Gedeão. Possa ele persuadir-vos a tirar do vosso espirito essas coisas de que
tanta gente tem necessidade e que consequentemente lhes pertencem mais que a
vós.
Paul Claudel a Louis Massignon
Ilustração: Centro de exposição multimédia do CERN em Genebra.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarAs palavras do “Pensamento do dia” são intemporais recordando-nos uma das petições feitas por Gedeão ao anjo. Felizes os que acreditam sem necessidade de sinais ou que nunca têm dúvidas. No nosso peregrinar que o Senhor nos ajude a ser mais e melhores crentes, em especial, os que mais precisarem e que seja a Luz que nos ilumina.
Desejo ao irmão e à Família um bom dia.
Grata, Frei José Carlos, pela partilha. Que o Senhor o abençoe e o proteja.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
P.S. Permita-me que partilhe um dos mais célebres poemas de António Gedeão, pseudónimo do Professor Rómulo de Carvalho.
O nome de Gedeão e a ilustração recordou-me este poema deste professor de físico-química, pedagogo, investigador, divulgador da ciência e poeta.
Pedra Filosofal
Eles não sabem que o sonho/é uma constante da vida/tão concreta e definida/como outra coisa qualquer,/como esta pedra cinzenta em que me sento e descanso,/como este ribeiro manso/em serenos sobressaltos,/como estes pinheiros altos/que em verde e oiro se agitam,/como estas aves que gritam/em bebedeiras de azul.//
eles não sabem que o sonho/é vinho, é espuma, é fermento,/bichinho álacre e sedento,/de focinho pontiagudo,/que fossa através de tudo/num perpétuo movimento.//
Eles não sabem que o sonho/é tela, é cor, é pincel,/base, fuste, capitel,/arco em ogiva, vitral,/pináculo de catedral,/contraponto, sinfonia,/máscara grega, magia,/que é retorta de alquimista,/mapa do mundo distante,/rosa-dos-ventos, Infante,/caravela quinhentista,/que é cabo da Boa Esperança,/ouro, canela, marfim,/florete de espadachim,/bastidor, passo de dança,/Colombina e Arlequim,/passarola voadora,/pára-raios, locomotiva,/barco de proa festiva,/alto-forno, geradora,/cisão do átomo, radar,/ultra-som, televisão,/desembarque em foguetão/na superfície lunar.//
Eles não sabem, nem sonham,/que o sonho comanda a vida,/que sempre que um homem sonha/o mundo pula e avança/como bola colorida/entre as mãos de uma criança.//
In Movimento Perpétuo, 1956