quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Pedi e recebereis (Mt 7,7)

Eis uma passagem do Evangelho que nos deixa inquietos entre a esperança confiante e o desalento decepcionante.
Com confiança acreditamos que Deus está do nosso lado, que Deus conhece o que nos faz falta e portanto vem ao encontro das nossas necessidades e dos nossos pedidos.
Por outro lado encontramos a decepção e o desalento resultantes do silêncio de Deus, da sua não resposta aos nossos pedidos, às nossas necessidades mais urgentes.
Balançamos então, sem saber se pedir alguma coisa ou deixar que tudo siga o seu curso normal e inevitável.
É nesta circunstância que se coloca a questão objectiva de sabermos se de facto sabemos o que que pedimos, se sabemos o que é verdadeiramente bom para nós.
Quantas vezes o que pedimos a Deus não é uma solução alienante da nossa condição humana, da consciência das nossas fragilidades e limitações, da nossa finitude enquanto obra?
E será isto bom? Será o que verdadeiramente nos realiza, nos conduz à plenitude? O que nos dignifica ou realiza?
Os nossos pedidos a Deus e o seu silêncio colocam-nos assim face à necessidade de um diálogo mais profundo, de uma conversa em que vamos percebendo o que queremos e o que Deus quer, o equilibro necessário entre os nossos desejos mais exteriores e as aspirações interiores que nos habitam e apenas se satisfazem em Deus.
Deus satisfaz as nossas necessidades, vem ao nosso encontro, mas tem a delicadeza e o amor de um pai para nos oferecer o que verdadeiramente nos realiza, o que nos conduz ou pode conduzir à plenitude.
No silêncio de Deus às nossas buscas, aos nossos pedidos, necessitamos assim confiar, prosseguir o diálogo, de modo a fazer-se luz sobre o que verdadeiramente necessitamos e sobre o que em verdade Deus já nos tem concedido.
 
Ilustração: “Culto da noite”, de Franz Skarbina, Colecção Particular.

 

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    “Quem não sabe pedir não sabe orar…”. Depois de ler o texto da Meditação que teceu e ao reflectir sobre a questão que cada um de nós coloca com frequência, a resposta é que este diálogo não é fácil, perguntando-nos se um coração humilde e a confiança em Deus são suficientes. Pedir, procurar, bater são palavras que encontramos no Evangelho do dia de hoje. Não precisamos pedir muitas coisas. Precisamos pedir a Deus que cresça em nós um coração humilde, confiante, conscientes que somos pobres e que nada somos sem o Senhor. Precisamos ter uma atitude activa e humilde da nossa parte e confiar como nos afirma que …” Deus satisfaz as nossas necessidades, vem ao nosso encontro, mas tem a delicadeza e o amor de um pai para nos oferecer o que verdadeiramente nos realiza, o que nos conduz ou pode conduzir à plenitude.”…
    Como nos salienta … “Os nossos pedidos a Deus e o seu silêncio colocam-nos assim face à necessidade de um diálogo mais profundo, de uma conversa em que vamos percebendo o que queremos e o que Deus quer, o equilibro necessário entre os nossos desejos mais exteriores e as aspirações interiores que nos habitam e apenas se satisfazem em Deus.”…
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas e maravilhosamente ilustradas, e saibamos aproveitar este tempo de Quaresma para acolher o convite que nos faz …” No silêncio de Deus às nossas buscas, aos nossos pedidos, necessitamos assim confiar, prosseguir o diálogo, de modo a fazer-se luz sobre o que verdadeiramente necessitamos e sobre o que em verdade Deus já nos tem concedido.“
    Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o proteja.
    Votos de uma boa sexta-feira, com paz, alegria, serenidade e confiança.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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