Podemos dizer que a
Quaresma se inicia com um refrão, como um refrão de uma canção que nos fica no
ouvido e vamos repetindo ao longo do dia, ao longo dos tempos, “teu Pai vê o
que está oculto”.
Jesus não insiste com
os seus discípulos sobre o jejum, a oração e a esmola, aliás práticas comuns às
diversas grandes religiões, e que certamente os discípulos já praticariam
dentro dos ritos judaicos. Não havia portanto necessidade de insistir sobre o
já praticado.
Diante de cada uma
dessas práticas, Jesus chama a atenção para a visibilidade, para a visibilidade
aos olhos de Deus Pai, a qual se opõe à visibilidade aos olhos dos homens. O verdadeiramente
importante é assim o que Deus vê e o que Deus conhece.
Neste sentido e face
ao exercício da oração, de esmola e do jejum que a Igreja nos convida a viver
na Quaresma, não podemos deixar de ter presente a insistência de Jesus, a
visibilidade divina das nossas práticas.
Esta recomendação
contrasta e confronta-se contudo com a imagem que tendencialmente construímos
diante dos outros, sobre a reputação com que tantas vezes nos preocupamos, e
que inevitavelmente nos condiciona na nossa liberdade.
A recomendação de
Jesus à visibilidade divina é assim uma proposta de liberdade, uma oferta de
libertação que nos pode e deve acompanhar nesta Quaresma.
Que o Senhor veja o
que bem fizermos no nosso percurso de preparação a celebração da Páscoa.
Ilustração: Árvore
coberta de neve no jardim junto à escola de Vernier, Genebra.
Foi isso que pedi hoje, na celebração das cinzas:que a minha caminhada para a Páscoa seja apenas mensurável pelos olhos do Senhor Jesus.Inter Pars
ResponderEliminarFrei José Carlos,
ResponderEliminarAo longo do nosso peregrinar, num processo permanente de conversão que deve corresponder a uma verdadeira conversão interior e em coerência com a prática quotidiana de cada um de nós, como nos afirma ...” face ao exercício da oração, de esmola e do jejum que a Igreja nos convida a viver na Quaresma, não podemos deixar de ter presente a insistência de Jesus, a visibilidade divina das nossas práticas.”…
Grata, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação que teceu e que reforça as palavras de Jesus, por evidenciar que …” A recomendação de Jesus à visibilidade divina é assim uma proposta de liberdade, uma oferta de libertação que nos pode e deve acompanhar nesta Quaresma”…
Que o Senhor o ilumine, o guarde e abençoe.
Bom descanso.
Continuação de boa estada.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
P.S. Bela ilustração como se fosse uma pintura natural. Permita-me que partilhe de novo um poema para rezar.
UMA
EXIGÊNCIA QUE
DESCOBRIMOS
DENTRO DO
DOM
Tu estás perto, Senhor, de quem vive com misericórdia, pois Tu és misericordioso e compassivo. Ajuda-nos
a entender e a praticar a esmola como uma exigência que descobrimos dentro do dom que é, afinal, toda a vida.
Recebemos de graça aquilo que somos chamados a dar. É claro que não se trata apenas de uns tostões que metemos apressadamente nas mãos de alguém, se somos chamados a isso. A esmola é condivisão real, solidária, empenhada. A esmola
é expressão de uma justiça a que não estamos obrigados, mas à qual o Teu amor nos impele. Ensina-nos a partilhar, e a fazê-lo com alegria.
(In, “Um Deus que Dança”, Itinerários para a oração, José Tolentino Mendonça)