quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Paz a esta casa! (Lc 10,5)

Jesus envia os discípulos em missão, a sua primeira missão, e são enviados como cordeiros para o meio de lobos.
No meio das dificuldades e dos perigos, uma tarefa bastante concreta, levar a paz a cada casa e a cada um daqueles com os quais se cruzarem.
Ao olhar para a nossa realidade quotidiana, tanto a nível pessoal, como local e mundial, podemos interrogar-nos sobre esta mensagem de paz. O que lhe aconteceu, o que lhe acontece, porque não somos capazes de a ver, de a sentir de uma forma palpável.
O desafio mantém-se, contudo, acutilante na sua aparente precaridade e fragilidade. Que missão de paz nos está destinada?
E de repente descobrimos que Jesus diz aos seus discípulos no Evangelho de São João que a sua paz não é como a paz do mundo, a paz que nos oferece não é igual à paz que o mundo nos oferece.
A paz que levamos, a paz que somos convidados a transmitir, a oferecer a todos aqueles com os quais nos cruzamos é assim algo de diferente, algo de distinto do que estamos habituados no mundo.
E então percebemos que não é visível, que não é palpável, que não a vamos encontrar ao virar da esquina.
Apesar da sua invisibilidade estamos contudo convocados à missão, a levar e a oferecer a paz a todas as casas.
É uma missão que nos ultrapassa, porque divina na sua origem, na sua essência e no seu fim, mas que não deixa de nos implicar nem envolver no concreto do quotidiano, pois ali estamos para o transformar, para o colocar no âmbito do divino.
Que a paz que vem de Deus inunde o nosso coração e nos anime e fortaleça na missão de a levar aos outros, de a entregar aos outros, tal como Deus no-la entregou a nós.
 
Ilustração: Nascer do sol no dia 7 de Fevereiro visto da janela do avião.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    O texto da Meditação que teceu sobre a mensagem da paz é profundo, de grande espiritualidade e beleza que faz-nos reflectir, que nos eleva e compromete simultaneamente. E passo a citá-lo ...” E de repente descobrimos que Jesus diz aos seus discípulos no Evangelho de São João que a sua paz não é como a paz do mundo, a paz que nos oferece não é igual à paz que o mundo nos oferece.
    A paz que levamos, a paz que somos convidados a transmitir, a oferecer a todos aqueles com os quais nos cruzamos é assim algo de diferente, algo de distinto do que estamos habituados no mundo.
    E então percebemos que não é visível, que não é palpável, que não a vamos encontrar ao virar da esquina.”…
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas que nos levam mais além na nossa reflexão e aceitemos o convite e desafio que nos faz...” Que a paz que vem de Deus inunde o nosso coração e nos anime e fortaleça na missão de a levar aos outros, de a entregar aos outros, tal como Deus no-la entregou a nós.”
    Bem-haja. Que o Senhor o ilumine, o guarde e abençoe.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    P.S. Permita-me que volte a partilhar um poema para rezar.

    A SABEDORIA
    DA PAZ

    Dá, Senhor, à nossa vida a sabedoria da paz. Que o nosso coração não naufrague na lógica
    de tanta violência disseminada em nosso redor. Que os sentimentos de dor ou de despeito
    não sufoquem a necessidade dos gestos de reconciliação, a urgência de uma palavra amável
    que rompa as paredes do silêncio, o reencontro dos olhares que se desviam. Dá-nos a força de
    insinuar no inverno gelado que, por vezes vivemos o ramo verde, a inesperada flor, a claridade
    que é esta irreprimível e pascal vontade de recomeçar.

    (In, “Um Deus que Dança”, Itinerários para a oração, José Tolentino Mendonça)

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