Os discípulos de Jesus encontraram-se com um judeu que, não sendo do grupo, expulsava os demónios em nome de Jesus. Tentaram impedi-lo, pois consideravam que não pertencendo ao grupo, não privando com Jesus, não tinha esse direito ou esse poder.
Podemos questionar-nos sobre as razões mais íntimas que presidiram a este gesto e à própria crítica junto de Jesus. Não estariam os discípulos a colocar-se num patamar superior? Num clube de exclusividade? Não estariam infectados dum desejo de partidarismo?
Ou por outro lado, não é esta queixa junto de Jesus uma manifestação de inveja, de um certo ressentimento porque aquele homem expulsava os demónios e eles quando enviados por Jesus não foram capazes de os expulsar? Quando se queixaram a Jesus de tal incapacidade foi-lhes dito que era necessária muita oração para enfrentar tais desafios.
Jesus conhecia os sentimentos dos seus amigos e sabia como pouco antes tinham discutido entre si sobre a superioridade de uns sobre os outros, ao ponto de Jesus colocar uma criança no meio deles para lhes mostrar qual a verdadeira superioridade no contexto do Reino que tinham sido convidados a partilhar e construir.
Neste sentido Jesus não entra na discussão, não conforta os discípulos no seu ego ofendido ou diminuído, mas coloca-os perante a realidade fundamental da unidade e da relação com ele. De facto só quem o conhece, só quem mantém alguma relação com ele, pode invocar o seu nome e combater os demónios em seu nome. Não há possibilidade de charlatanismo ou equivocação na utilização do seu nome.
E depois, quem invoca o seu nome ou age em seu nome está de alguma forma em sintonia, está a favor do grupo, contribui para a construção do Reino, que inevitavelmente tem inimigos e inimigos declarados. Há assim que saber os que contribuem para a construção do Reino e os que o combatem, porque destes há que defender-se e saber lutar contra.
São Paulo, que experimentou na carne, e até de uma forma mais intensa, esta mesma situação declara aos Filipenses que tudo lhe serve de alegria e consolação desde que o nome de Jesus seja anunciado, seja dado a conhecer. “Mas que me importa? Desde que, de qualquer modo, com segundas intenções ou com verdade, Cristo seja anunciado. É com isso que me alegro” (Fl 1,18).
Esta é de facto a grande questão, a questão que a todos nos deve preocupar, dar a conhecer o nome de Jesus, o mistério do nosso Salvador. E neste sentido não só devemos cuidar o testemunho que damos, a forma como anunciamos, mas também e antes de mais a relação de intimidade que mantemos, para que o nosso testemunho mais que credível seja verdadeiro e poderoso, até ao ponto de expulsar os demónios, sejam eles quais sejam.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarAo citar um excerto do Evangelho de Lucas, o texto da Meditação que partilha connosco fez-me reflectir várias vezes sobre a inveja num contexto especial, a participação na “construção do Reino de Deus”. E como nos salienta, ...“ Esta é de facto a grande questão, a questão que a todos nos deve preocupar, dar a conhecer o nome de Jesus, o mistério do nosso Salvador.”…
Permita-me que continue a citá-lo nalgumas passagens que me tocam particularmente ...” Neste sentido Jesus não entra na discussão, não conforta os discípulos no seu ego ofendido ou diminuído, mas coloca-os perante a realidade fundamental da unidade e da relação com ele. De facto só quem o conhece, só quem mantém alguma relação com ele, pode invocar o seu nome e combater os demónios em seu nome. Não há possibilidade de charlatanismo ou equivocação na utilização do seu nome.
E depois, quem invoca o seu nome ou age em seu nome está de alguma forma em sintonia, está a favor do grupo, contribui para a construção do Reino, que inevitavelmente tem inimigos e inimigos declarados. ”...
Oremos, Frei José Carlos, para que o Senhor o proteja, fortaleça e o ilume na realização do projecto que abraçou.
Obrigada pela partilha. Bem haja.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva