São Domingos Ibañez nasceu em Régil, no País Basco, em Fevereiro de 1589 e professou no Convento de São Telmo da cidade de San Sebastian.
Depois da formação inicial em Espanha chega às ilhas Filipinas em 1611 com apenas 23 anos de idade. Dez anos mais tarde, em 1621, e depois de ter exercido o ministério missionário e de pregação nos arredores de Manila, é assignado como professor de teologia ao Convento de São Domingos de Manila.
Em Maio de 1623, juntamente com outros três dominicanos, frei Lucas del Espírito Santo, frei Diego de Rivera, e frei Luís Exarch Beltrán, e mais alguns religiosos franciscanos e agostinhos, parte para o Japão, onde se encontrava clandestino o padre frei Domingos Castellet e onde no início desse mesmo ano tinha caído nas mãos dos perseguidores o padre frei Pedro Vasquez.
Diante da proibição do Shogun Hidetada à entrada de estrangeiros e nomeadamente de missionários religiosos provenientes das Filipinas, frei Domingos arrisca a clandestinidade, escondendo-se durante o dia, trajando como os mais pobres e saindo apenas à noite para confortar os cristãos perseguidos. Durante este tempo vive da caridade dos poucos cristãos que se mantém fiéis e de alguma ajuda que lhe chega através dos portugueses vindos de Macau.
Em 1625 frei Domingos Ibañez é nomeado Vigário Provincial do Japão, cargo que passados dois anos entregou ao padre frei Domingos Castellet, mas que volta a assumir em 1629 depois do martírio do padre Castellet no ano de 1628. As tarefas não eram fáceis e sobretudo depois do martírio em 1627 do padre frei Luís Exarch que tinha vindo consigo para aquela missão arriscada.
Convencido de que na cidade de Edo, actual Tóquio, os decretos contra os cristãos eram menos violentos, frei Domingos refugia-se ali. Contudo, a subida ao poder do shogun Takenaka Uneme alterou a situação e assim o clima de terror e de pânico acentuou-se vindo a morrer no ano de 1630 por execução 316 cristãos. Este foi o ano mais cruel.
Tendo escapado de várias armadilhas e tentativas de prisão o padre frei Domingos Ibañez passa a encabeçar a lista oficial dos cristãos a prender e a abater.
Detido em 1633 com outros oito cristãos foi persuadido a renegar a fé cristã, mas face à sua fé e inquebrável convicção foi sujeito ao martírio através da “ana-tsurushi”, uma espécie de enforcamento conjunto com afogamento. Frei Domingos Ibañez de Erquicia aguentou o suplício durante trinta horas, após o que entregou a sua alma ao criador aos 19 de Agosto.
Naquela que ele mesmo considera ser possivelmente a sua última carta ao pai escreve: “Entro agora no maior perigo da perseguição, já pressinto que esta será a última carta que eu mesmo escreverei. Preparemo-nos pois, meu queridíssimo pai, para nos encontrarmos no céu para sempre não temendo já nenhuma separação. Não tenhamos inquietação acerca deste mundo, que é para nós um exílio e nos separa de Deus, que é todo o nosso bem”.
Que a fé e a coragem de São Domingos Ibañez de Erquicia nos impulsione a relativizar também este mundo face ao bem que é Deus e a sua visão eterna.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarObrigada por dar-nos a conhecer um retrato da vida de São Domingos Ibañez de Erquicia, Mártir Dominicano do Japão e da perseguição sofrida pelos cristãos no Japão no século XVII. Lamentavelmente continuamos a viver diversas formas de perseguição, algumas de forma subtil.
Que o exemplo de São Domingos Ibañez de Erquicia, como nos diz no texto que partilha connosco “de fé e coragem nos impulsione a relativizar também este mundo face ao bem que é Deus e a sua visão eterna.”
Bem-haja, Frei José Carlos, pelas palavras de estímulo que nos ajudam a prosseguir o Caminho para a casa do Pai.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva