quinta-feira, 1 de agosto de 2013

A rede lançada ao mar apanha toda a espécie de peixes (Mt 13,47)

Uma parábola mais para anunciar e enunciar o Reino de Deus, pois não podemos dizer que está aqui ou está ali, mas que está entre nós e em processo de desenvolvimento. Certamente por essa razão Jesus utiliza a imagem da rede de pesca, uma rede que é lançada ao mar do mundo e que recolhe toda a espécie de peixes.
Não podemos deixar de admirar a imaginação de Jesus, mas igualmente a riqueza que encerra esta mesma imagem e parábola. Desde já podemos perceber que a promessa do Reino de Deus não assume a monotonia, o monocórdico, o clónico. O Reino de Deus não se reserva para homens e mulheres de um determinado perfil pré-estabelecido, mas como realidade viva e em construção abre-se e acolhe a diversidade, a grande diversidade humana.
Está diversidade está patente na inauguração do Reino, nas diversas atitudes de Jesus face aos proscritos e aos eleitos, aos pecadores e aos que se consideravam justos. Não são um exemplo desta diversidade a Samaritana com quem Jesus fala junto ao poço de Jacob, o rico Zaqueu a quem Jesus pede hospitalidade, o publicano Mateus que oferece um banquete mas se esquece das básicas regras do acolhimento, o mestre de Israel Nicodemos que vem interrogar Jesus durante a noite, ou o jovem rico que cumpre todos os mandamentos mas não é capaz de ser livre do que possui?
Que alegria e que alento saber que também a mim, a cada um de nós nas suas diversas circunstâncias, é lançada a rede do Reino. Todos somos apanhados entre as malhas da rede e arrastados até à margem.
A possibilidade de sermos escolhidos, de sermos encontrados como um peixe bom que é colocado na cesta, depende da nossa adesão, da nossa liberdade de nos deixarmos prender na rede e aí procurarmos ser fiéis. A pesca será abundante e rica na medida em que nos deixarmos apanhar pelo amor de Deus nas malhas da rede que está estendida pelo mar do mundo.
Que a liberalidade de Deus nos provoque na nossa confiança e na nossa liberdade de aderirmos ao seu amor e à sua vontade.

 
Ilustração: “A recolha da rede”, de Winslow Homer, Art Institute de Chicago.

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Agradeço-lhe a bela Meditação do texto do Evangelho de São Mateus muito profundo,que muito gostei.Fiquei maravilhada com as novenas de São Domingos.Obrigada,Frei José Carlos,pelas belas palavras partilhadas,e pela beleza da ilustração.Que o Senhor o ilumine o abençoe e o proteja.Desejo-lhe uma boa noite.Bem-haja.
    Um abraço fraterno.
    AD

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  2. Frei José Carlos,

    Leio o texto da Meditação que teceu e a alegria que nos transmite leva-me a saborear de novo cada palavra e a interrogar-me sobre o Reino de Deus que como afirma …” não podemos dizer que está aqui ou está ali, mas que está entre nós e em processo de desenvolvimento. (…)
    (…) O Reino de Deus não se reserva para homens e mulheres de um determinado perfil pré-estabelecido, mas como realidade viva e em construção abre-se e acolhe a diversidade, a grande diversidade humana”. …
    Como nos salienta depende de cada um de nós deixar-se apanhar pelas malhas da rede que Deus nos lança e …” A pesca será abundante e rica na medida em que nos deixarmos apanhar pelo amor de Deus nas malhas da rede que está estendida pelo mar do mundo.”…
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, profundas, vivas, que nos contagiam e desafiam. Bem-haja. Que o Senhor o ilumine, o guarde e o abençoe.
    Bom descanso.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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