quarta-feira, 7 de agosto de 2013

É verdade Senhor. (Mt 15,27)

É no caminho para Tiro e Sidónia que uma mulher cananeia vem ao encontro de Jesus e dos discípulos que o seguem. Encontro surpreendente na medida da distância e da insensibilidade que Jesus parece manifestar.
Aos gritos desta mulher, que afecta os próprios discípulos, que em outras vezes se mostraram insensíveis às necessidades dos outros, parecem não chegar a Jesus e quando chegam encontram uma barreira de reserva, uma barreira de opção por apenas os pobres da casa de Israel.
Esta mulher é uma estrangeira, é uma pagã, não pertence ao povo eleito de Israel e por isso a atitude insensível de Jesus, a consideração de que qualquer ajuda é uma injustiça aos olhos do povo eleito.
Mas como senão bastasse esta diferenciação, esta exclusão marginal, Jesus assume uma comparação que humilha ainda mais a mulher cananeia, comparando-a aos cachorrinhos, àqueles que não têm qualquer direito.
Diante destas palavras não resta à mulher outra atitude senão comprometer-se com a verdade das palavras de Jesus, senão dizer a Jesus que é verdade o que diz e que na sua humildade a acolhe ainda que com um réstia de esperança.
A resposta da mulher derruba a atitude de Jesus, a sua indiferença, toca-lhe o coração misericordioso, uma vez que manifesta o seu compromisso com a sua vontade, com a vontade de Deus. Ela acata aquela vontade e aquele desígnio, mas ainda assim não deixa de apelar ao amor de Deus, à sua benevolência para com todos, até para com aqueles que são os cachorrinhos.
Esta configuração à vontade de Deus e a confiança cheia de esperança que a mulher cananeia manifesta são para nós um desafio, um exemplo, pois também nós na aceitação e configuração com a vontade de Deus podemos viver a esperança de alcançar uma resposta às nossas necessidades.
A nossa fé e esperança na vontade de Deus que nos ama é a nossa arma mais poderosa para tocarmos o coração de Deus. É a confiança no amor de Deus por nós que faz milagres.

 
Ilustração: “Jesus e a mulher cananeia”, de Juan de Flandres, Palácio Real de Madrid.

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