É no caminho para Tiro
e Sidónia que uma mulher cananeia vem ao encontro de Jesus e dos discípulos que
o seguem. Encontro surpreendente na medida da distância e da insensibilidade
que Jesus parece manifestar.
Aos gritos desta
mulher, que afecta os próprios discípulos, que em outras vezes se mostraram insensíveis
às necessidades dos outros, parecem não chegar a Jesus e quando chegam encontram
uma barreira de reserva, uma barreira de opção por apenas os pobres da casa de
Israel.
Esta mulher é uma
estrangeira, é uma pagã, não pertence ao povo eleito de Israel e por isso a
atitude insensível de Jesus, a consideração de que qualquer ajuda é uma
injustiça aos olhos do povo eleito.
Mas como senão
bastasse esta diferenciação, esta exclusão marginal, Jesus assume uma
comparação que humilha ainda mais a mulher cananeia, comparando-a aos
cachorrinhos, àqueles que não têm qualquer direito.
Diante destas palavras
não resta à mulher outra atitude senão comprometer-se com a verdade das
palavras de Jesus, senão dizer a Jesus que é verdade o que diz e que na sua
humildade a acolhe ainda que com um réstia de esperança.
A resposta da mulher
derruba a atitude de Jesus, a sua indiferença, toca-lhe o coração misericordioso,
uma vez que manifesta o seu compromisso com a sua vontade, com a vontade de
Deus. Ela acata aquela vontade e aquele desígnio, mas ainda assim não deixa de
apelar ao amor de Deus, à sua benevolência para com todos, até para com aqueles
que são os cachorrinhos.
Esta configuração à
vontade de Deus e a confiança cheia de esperança que a mulher cananeia
manifesta são para nós um desafio, um exemplo, pois também nós na aceitação e
configuração com a vontade de Deus podemos viver a esperança de alcançar uma resposta
às nossas necessidades.
A nossa fé e esperança
na vontade de Deus que nos ama é a nossa arma mais poderosa para tocarmos o
coração de Deus. É a confiança no amor de Deus por nós que faz milagres.
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