A proposta de Jesus,
de nos tornarmos como crianças para podermos entrar no Reino dos Céus, não
deixa de nos interpelar, assim como não deixa de nos questionar, com bastante sentido
de humor, se o Reino dos Céus será algo parecido ao Portugal dos Pequeninos,
esse famoso jardim de miniaturas dos monumentos nacionais existente em Coimbra.
As palavras de Jesus
deixam supor que no Reino dos Céus os tectos são muito baixinhos, as casas e os
castelos são como de brincadeira e por essa razão temos que nos abaixar, temos
que nos fazer pequeninos para lá podermos entrar e habitar.
É assim que acontece
no Portugal dos Pequeninos em Coimbra, mas nos Reino dos Céus esse abaixar-se e
fazer-se pequenino tem um sentido muito mais profundo, muito mais radical
porque não se trata de um tamanho físico, de um estado infantil, mas o assumir
da atitude vital daquele mesmo que nos faz esse convite, Jesus Cristo.
Ao sermos convidados a
tornarmo-nos pequeninos como crianças estamos a ser convidados à kenose, ao
abaixamento que o próprio Filho de Deus assumiu e viveu para resgatar a
humanidade. Ele que era Deus fez-se homem como nós e experimentou a morte no
sentido do aniquilamento total para ser um como nós em tudo.
Quando todos nós
aspiramos a ser os maiores, a ser os melhores, os maiores e melhores que os
outros, Jesus revoluciona as nossas aspirações e deita por terra todos os
nossos desejos e aspirações de grandeza. Afinal aquele que é grande é o
pequeno, é aquele que é capaz de se fazer pequeno, de assumir a debilidade e a
pequenez de todos os outros.
Ser o maior no Reino
dos Céus é assim e antes de mais assemelhar-se àquele que nos dá a vida e
potencia o crescimento da nossa pessoa na sua totalidade e integridade, é
assemelhar-se dentro das nossas possibilidades e com a ajuda da graça divina ao
mesmo Jesus Filho de Deus em que acreditamos, é acolher um processo de
transformação que nos leva a ser semente que morre para que possa frutificar em
plenitude.
Assumamos o desafio,
porque como nos diz Jesus “não é da vontade do Pai que se perca algum destes
pequeninos”, daqueles que se fazem como crianças e são transportadas às costas
de Jesus como ovelha perdida e reencontrada.
Ser pequenino...quando será que aprendemos a ser como eles? Inter pars
ResponderEliminarFrei José Carlos,
ResponderEliminarLeio o texto da Meditação que teceu e fico a reflectir em cada uma das palavras e não posso deixar de pensar no mundo que construímos, nos grupos que integramos ou não, a começar pelos próprios comportamentos no quotidiano, ao longo do peregrinar da vida. E ao fazer o balanço do largo período de crise política, económica, social, religiosa e cultural que vivemos, em que alguns de nós tivemos a esperança de que a mesma nos levasse a alterar comportamentos, valores, em que o ter ou julgar possuir mais bens, mais dons intelectuais, considerar-se como fazendo parte de um grupo de privilegiados ou não olhando a meios para atingir os fins e que os colocará ao abrigo de qualquer infortúnio, assistimos com desencanto, a uma forma de “refinamento” da grande clivagem social que se manifesta a várias dimensões.
Como nos recorda …” Ser o maior no Reino dos Céus é assim e antes de mais assemelhar-se àquele que nos dá a vida e potencia o crescimento da nossa pessoa na sua totalidade e integridade, é assemelhar-se dentro das nossas possibilidades e com a ajuda da graça divina ao mesmo Jesus Filho de Deus em que acreditamos, é acolher um processo de transformação que nos leva a ser semente que morre para que possa frutificar em plenitude.” …
Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, profundas, maravilhosamente ilustradas, pelo desafio que nos deixa para termos a humildade de assumir-nos como pequeninos, …” daqueles que se fazem como crianças e são transportadas às costas de Jesus como ovelha perdida e reencontrada.“
Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde.
Bom descanso.
Um abraço fraterno e amigo,
Maria José Silva