Jesus retira-se para a região de Tiro e Sidónia na esperança de um pouco de sossego. Necessita uma pausa, um momento de descanso e nada melhor para isso que retirar-se para uma região estrangeira, ou pelo menos maioritariamente habitada por estrangeiros. Nesse desejo de tranquilidade refugia-se numa casa, certamente de algum conhecido, e pede que não seja divulgada a sua presença.
É neste contexto que acontece uma visita inesperada e reveladora da impossibilidade do anonimato de Jesus, bem como da inevitabilidade universal da sua missão. Uma mulher siro-fenícia, uma estrangeira e uma pagã, prostra-se a seus pés e pede-lhe que cure a sua filha doente.
É o momento de um diálogo estranho, construído sobre metáforas, mas que revela a dimensão pessoal de cada um e a missão a que estavam destinados. Assim, se Jesus num primeiro momento, e ao dizer à mulher que o pão é apenas para os filhos, se revela como apenas comprometido com o povo da Aliança, perante a insistência da mulher e a sua referência às migalhas que também os cachorrinhos comem da mesa dos seus donos, descobre-se como destinado a toda a humanidade, até mesmo aos pagãos.
Esta mulher siro-fenícia é assim a oportunidade para Jesus se confrontar com a dimensão da sua missão, e fá-lo não só pelo apelo à misericórdia expressa nas migalhas a que a mulher se refere, mas sobretudo quando é confrontado com a dimensão da verdade. “Também é verdade…”
Por seu lado, e para além da necessidade e do pedido, do reconhecimento do taumaturgo, esta mulher siro-fenícia reconhece naquele Jesus que está diante de si, e a quem recorre, como a Verdade, ainda que envolta em formas humanas. Ela é capaz de na sua fé ir para além das aparências, do que lhe é visível, e até mesmo das suas necessidades mais imediatas.
Por esta razão é que Jesus lhe responde que pode voltar a casa, que a sua fé tinha obtido o que buscava. A verdade que tinha manifestado tinha-lhe alcançado a salvação desejada.
A fé desta mulher e a sua humildade, este encontro de Jesus e uma pagã, não pode deixar de nos interrogar, não pode deixar de nos questionar sobre as nossas palavras a Deus, sobre a necessidade da insistência quando parece que Deus não nos está a ouvir. Como ela temos que apelar à misericórdia e à verdade, colocando certamente de lado as nossas necessidades mais prementes para que em nós se cumpra a vontade de Deus e se realize a cura que em Verdade necessitamos.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarO texto que hoje partilha connosco, ilustrado com tanta beleza, intitulado “Jesus e a mulher pagã (Mc 7, 24-30), revela-nos a dimensão universal da missão de Jesus e a importância de termos fé, humildade, confiança e perseverança na nossa relação com Deus. Permita-me que transcreva algumas das passagens do texto que mais me sensibilizam e fazem refelectir.
...” Esta mulher siro-fenícia é assim a oportunidade para Jesus se confrontar com a dimensão da sua missão, e fá-lo não só pelo apelo à misericórdia expressa nas migalhas a que a mulher se refere, mas sobretudo quando é confrontado com a dimensão da verdade.”…
…”Ela é capaz de na sua fé ir para além das aparências, do que lhe é visível, e até mesmo das suas necessidades mais imediatas.”…
...” A fé desta mulher e a sua humildade, este encontro de Jesus e uma pagã, não pode deixar de nos interrogar, não pode deixar de nos questionar sobre as nossas palavras a Deus, sobre a necessidade da insistência quando parece que Deus não nos está a ouvir.”
Peçamos a Jesus que a atitude desta mulher siro-fenícia nos sirva de exemplo na nossa relação com Deus para que saibamos estar à escuta do que Deus tem para nos dizer, para ouvirmos e vermos com os olhos da fé.
Obrigada Frei José Carlos por esta importante meditação nas circunstâncias da nossa vida.
Um abraço fraterno
Maria José Silva
Frei José Carlos,
ResponderEliminarObrigada por esta grandeza de partilha,que todos nós precisamos,da informação que nos transmite,que nos ajuda a reflectir e nos enriquece espiritualmente.
A fé desta mulher e a sua humildade,não pode deixar de nos interrogar e de nos questionar sobre as nossas palavras a Deus,a necessidade da insistência,quando parece que Deus não nos está a ouvir.Temos que apelar à misericórdia e à Verdade,como nos diz o Frei José Carlos, neste parágrafo do texto.
Rezarei sempre pelo Frei José Carlos,para que nos ajude sempre a meditar melhor,a Palavra de Deus.Bem haja.
Um abraço fraterno.Desejo-lhe uma boa semana.
AD