Os discípulos regressam para junto de Jesus depois de terem percorrido os caminhos e as aldeias às quais o Senhor os tinha enviado a anunciar a Boa Nova do Reino.
Regressam contentes, satisfeitos pela missão cumprida, pelas curas operadas, pelos milagres, por em várias circunstâncias e momentos se terem dado conta de um poder que alterava as suas vidas e a vida dos homens seus irmãos.
Mas voltam também cansados porque houve homens que não os compreenderam, aldeias que não os acolheram nem os quiseram escutar, momentos em que sentiram a fadiga e o desânimo. E depois caminhar sem suportes e segurança, confiados apenas na partilha dos outros e no auxílio de Deus não foi fácil.
Perante este cansaço Jesus mostra uma vez mais a sua solicitude, o seu carinho por aqueles homens e companheiros de missão, e convida-os a passar à outra margem para poderem descansar, recuperar forças e energias para o trabalho e a missão que ainda havia que realizar.
Este convite de Jesus ao descanso é contudo algo mais que um convite ao descanso físico, é um convite ao descanso nele e com ele, e por isso a passagem a um lugar isolado e tranquilo. Como na experiência do povo eleito, Jesus conduz os seus eleitos ao deserto, à solidão e ao silêncio para descansarem com ele e nele.
Este descanso é significativo, porque nos mostra como o alcance dos nossos objectivos, as nossas realizações, nos podem afastar de Deus, da fonte e sentido da missão ou tarefa a que somos enviados. Jesus conduz assim os seus discípulos ao encontro consigo e à orientação centrada dos motivos da missão e das suas realizações. É necessário partilhar da sua intimidade e alimentar-se dos mesmos sentimentos.
E o sentimento fundamental é aquele que Jesus manifesta quando ao chegarem à outra margem se encontram com uma multidão expectante e sem pastor. Perante aquele povo, aqueles homens e mulheres, Jesus sente compaixão, sente o mesmo que o pai do filho pródigo quando o vê chegar a casa, uma dor que lhe vai até às entranhas, que o consome de amor por aquele que se aproxima. E inevitavelmente começa a ensiná-los e a curá-los.
Neste encontro com a multidão há, após o convite de Jesus ao descanso dos discípulos, como que um falhanço, uma expectativa gorada, pois não puderam realizar aquilo a que se tinham proposto e era necessário. Contudo, este percalço é fundamental para nós, para percebermos que ainda que assim tenha acontecido o importante é o convite e a disposição dos discípulos, é essa mesma realidade do descanso e do encontro com o Senhor.
Levar a cabo a missão a que Jesus nos envia obriga a esse encontro, assumir a compaixão de Jesus pelos homens obriga a essa intimidade com ele. De contrário as nossas actividades poderão ficar vazias de sentido, ou pelo menos desencarnadas dessa compaixão de que vive o Senhor.
Procuremos assim encontrar nessa intimidade e nesse encontro o centro de gravidade sobre o qual poderá girar depois toda a nossa actividade, toda a nossa missão. Aproveitemos o fim-de-semana, este tempo de descanso também para isso.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarObrigada pela partilha da Meditação, pelo tema e pela oportunidade do mesmo. Como bem nos lembra o convite de Jesus ao descanso dos discípulos é ...” contudo algo mais que um convite ao descanso físico, é um convite ao descanso nele e com ele, e por isso a passagem a um lugar isolado e tranquilo”. (…)
...” Este descanso é significativo, porque nos mostra como o alcance dos nossos objectivos, as nossas realizações, nos podem afastar de Deus, da fonte e sentido da missão ou tarefa a que somos enviados. Jesus conduz assim os seus discípulos ao encontro consigo e à orientação centrada dos motivos da missão e das suas realizações. É necessário partilhar da sua intimidade e alimentar-se dos mesmos sentimentos.”
...” o importante é o convite e a disposição dos discípulos, é essa mesma realidade do descanso e do encontro com o Senhor.”
Obrigada por nos recordar que para levarmos a cabo a missão a que Jesus nos envia há a necessidade do encontro com Jesus, do estreitar dessa relação de amor e intimidade , com Ele e Nele e que o fim-de-semana, como tempo de descanso, pode ser aproveitado para tal.
Que profunda e bela partilha, Frei José Carlos. Bem haja.
Um abraço fraterno
Maria José Silva
Frei José Carlos
ResponderEliminarObrigada por esta maravilhosa e bela partilha que nos propos para tema de meditação que muito gostei. O convite de Jesus aos seus discípulos,é duma profundidade tão grande,não só para o descanso físico,mas para o encontro com o Senhor.Passar uns momentos preciosos na intimidade com Jesus.O passar à outra margem é muito importante e muito profundo de sentido o estar com Ele na Sua intimidade.Gostei muito deste texto maravilhoso.Bem haja,Frei José Carlos,ajudou-me bastante a minha reflexão.
Um abraço fraterno.
AD