A Festa da Cadeira de São Pedro faz-nos regressar ao momento da confissão messiânica de Pedro, à resposta de Pedro à pergunta de Jesus, “quem dizeis vós que eu sou”.
E se no Evangelho de São Marcos a resposta de Pedro “tu és o Messias” é contraposta com uma recomendação ao silêncio e um ensinamento sobre o significado do ser Messias à luz da missão assumida por Jesus, no Evangelho de São Mateus, que lemos nesta festa, tal já não acontece, pois a resposta de Pedro é diferente, está mais carregada de sentido e de verdade e por isso ele não diz apenas que Jesus é o Messias mas também o Messias Filho de Deus.
Esta disparidade, que encontramos também nos outros Evangelhos, mostra-nos a evolução da consciência comunitária da missão messiânica de Jesus e da sua natureza, da sua condição divina, bem como a própria evolução histórica e literária de um Evangelho mais primitivo, mais simples, como o de Marcos, para um Evangelho posterior e mais trabalhado em termos cristológicos como é o de Mateus.
Neste sentido, e face à resposta de Pedro, “tu és o Messias, o Filho de Deus Vivo”, uma resposta fundamentada já num conhecimento mais profundo, Jesus só pode responder que tal conhecimento não foi dado a Pedro pelo sangue ou pela carne, que não foi fundamentado nas expectativas políticas ou históricas, mas que houve um outro tipo de conhecimento, que só pode ter sido obtido por graça divina, após a efusão do Espírito Santo, para alcançar aquela resposta e aquela verdade.
Tais palavras levam-nos, ou devem levar-nos, a reflectir sobre o nosso conhecimento de Jesus, para uma resposta verdadeira e fundamentada à questão “quem dizeis vós que eu sou”. Não basta assim o conhecimento histórico, aquilo que se aprende através da aquisição de conhecimentos externos, não basta o que chamamos a catequese ou a leitura dos Evangelhos.
Para podermos dar uma resposta como a que Pedro deu, uma resposta que não está fundamentada nem alicerçada na carne, nem nas nossas capacidades intelectuais, temos que fazer a experiência da intimidade, da abertura ao dom da revelação de Deus, a experiência do silêncio e do deserto em que possibilitamos que Deus que nos fala se faça audível.
Necessitamos caminhar com Jesus através da leitura dos Evangelhos, são os nossos percursos pedestres com ele, necessitamos depois aprofundar o conhecimento adquirido dessa forma através de outras leituras e formação, mas para o conhecermos verdadeiramente temos que frequentar e exercitar a sua intimidade, partilhar dos seus momentos de silêncio e de reclusão, fazermo-nos hóspedes na sua morada.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarAo partilhar connosco o texto que elaborou no dia da Festa da Cadeira de São Pedro, recorda-nos algumas das passagens do Evangelho do dia, ajudando-nos na compreensão de que um mesmo acontecimento (resposta de Pedro à pergunta de Jesus: “quem dizeis vós que eu sou?”) seja relatado de maneira diferente por dois Evangelistas. No caso em apreço São Marcos e São Mateus.
E o Frei José Carlos leva-nos a ir mais além, ...”a reflectir sobre o nosso conhecimento de Jesus, para uma resposta verdadeira e fundamentada à questão “quem dizeis vós que eu sou”, como Pedro deu.
E como nos afirma e exorta se é necessário o conhecimento da Palavra de Jesus, através da leitura dos Evangelhos e de outros meios complementares de informação e formação, …”temos que fazer a experiência da intimidade, da abertura ao dom da revelação de Deus, a experiência do silêncio e do deserto em que possibilitamos que Deus que nos fala se faça audível.”
A experiência da intimidade com Deus de que nos fala, é única, pessoal, exige disponibilidade interior e como nos sugere …”temos que frequentar e exercitar a sua intimidade, partilhar dos seus momentos de silêncio e de reclusão, fazermo-nos hóspedes na sua morada.”
Obrigada, Frei José Carlos, por esta profunda partilha, meditação. Bem haja.
Um abraço fraterno
Maria José Silva
Frei José Carlos,
ResponderEliminarObrigada por partilhar connosco o texto belo e maravilhoso da Festa da Cadeira de São Pedro, símbolo da missão.
Ao recordar-nos as passagens do Evangelho,ajuda-nos na Meditação do dia,pois gostei muito de reflectir sobre o nosso conhecimento de Jesus,é um ponto muito importante,vivermos a experiência da intimidade,da abertura ao dom da revelação de Deus,a experiência do silêncio e do deserto,não só é importante,mas fundamental para a nossa vida,meditarmos profundamente e só assim poderemos saborear desta intimidade com Deus.
Muito grata Frei José Carlos,por toda a partilha que faz connosco que nos ajuda a esta vivência com Deus.Bem haja.
Um abraço fraterno.
AD