quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Jesus enviou-os e deu-lhes poder (Mc 6,7-8)

A narração do primeiro envio dos discípulos de Jesus, aparece no Evangelho de São Marcos marcada por uma prioridade que em outras narrações não é tão colocada em evidência, em primeiro lugar nas realidades da missão, como acontece aqui.
Assim, ao enviar os discípulos, vemos que Jesus dá antes de mais poder sobre os espíritos impuros e do mal, dá-lhes como que uma autoridade, mais que uma missão de pregação ou cura, ainda que no regresso se confirme que os discípulos realizaram de facto curas e anunciaram a Boa Nova do Reino.
Jesus associa desta forma, através desta autoridade espiritual, os discípulos à sua luta e ao seu combate contra o mal. Eles são a sua continuação neste combate contra o mal.
E à luz deste combate compreende-se o desprendimento que Jesus exige, a pobreza, porque quem vai para o campo de batalha não pode ir carregar com muitas coisas, bem pelo contrário deve ir livre de tudo para que se possa mover com agilidade e não só combater o inimigo mas também desviar-se com ligeireza dos seus golpes.
Esta pobreza e este desprendimento são também condições para uma confiança mais apurada no Senhor, ou seja, a pobreza possibilita aceitar a força de Deus, a sua oferta de ajuda, perceber a sua presença generosa na medida da nossa entrega e liberdade.
Contudo, e ainda que Jesus peça o total desprendimento, não abdica do bordão, único utensílio que permite que os discípulos possam levar consigo. Seria um apoio para a caminhada, uma defesa contra as feras no caminho, mas é sobretudo um símbolo da sua condição, dessa experiência de peregrinos que nos está associada e que inevitavelmente remete para a peregrinação do povo eleito pelo deserto do Sinai.
Assim, na nossa vontade de seguimento de Jesus, de fidelidade, não podemos esquecer esta nossa condição peregrina, bem como o combate a que o Senhor nos associa quando nos convida a lutar contra o mal. Para o podermos realizar com alguma esperança de vitória temos que aligeirar-nos das cargas que transportamos.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    A partilha da Meditação de hoje, com base no Evangelho de São Marcos (Mc 6,7-8), revela-nos um outro detalhe, no primeiro envio dos discípulos de Jesus. Como nos diz, “ mais do que uma missão de pregação e cura” dá-lhes antes de mais poder, autoridade espiritual, associando os discípulos à sua luta e ao seu combate contra o mal, exgindo ao mesmo tempo, desprendimento, pobreza.
    Obrigada por nos recordar que ... “Esta pobreza e este desprendimento são também condições para uma confiança mais apurada no Senhor, ou seja, a pobreza possibilita aceitar a força de Deus, a sua oferta de ajuda, perceber a sua presença generosa na medida da nossa entrega e liberdade” (…) e que “na nossa vontade de seguimento de Jesus, de fidelidade, não podemos esquecer esta nossa condição peregrina, bem como o combate a que o Senhor nos associa quando nos convida a lutar contra o mal.”
    Obrigada por nos lembrar algumas das nossas obrigações como cristãos, como discípulos de Jesus, para que sejamos dignos de participar na construção do Reino de Deus.
    Bem haja Frei José Carlos.
    Um abraço fraterno
    Maria José Silva

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