sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Não vos conheço! (Mt 25,12)

A história da parábola das virgens insensatas e prudentes termina com uma constatação terrível, uma resposta que nos deixa a todos apavorados uma vez que é uma resposta sem apelo, sem forma de conversão.
Quando as virgens insensatas regressam da sua busca de azeite para as candeias e batem à porta do banquete, a resposta do noivo é que não as conhece, fechando-lhes por isso a porta e deixando-as do lado de fora do banquete, entregues a si mesmas.
Podemos considerar que é uma atitude injusta, que a resposta não é a mais delicada ou compassiva face ao esforço daquelas virgens por encontrarem azeite para se manterem vigilantes enquanto o noivo não chegava.
Contudo, nesta história, o verdadeiramente grave é a constatação do noivo, é o desconhecimento que se manifesta face àquelas virgens insensatas. Neste sentido não podemos esquecer as palavras de Jesus no Evangelho de São João, “todos conhecerão que sois meus se vos amardes uns aos outros”.
Assim, nesta parábola é permitido adormecer, andar perdido na noite, ter mais ou menos azeite, o que não é permitido é não estar atento à voz do noivo, é desconhecer o que o noivo demanda, porque pelo que ele pede se torna conhecido e se dá a conhecer. É o amor de uns pelos outros que nos torna conhecidos de Deus, íntimos, de modo a ser-nos aberta a porta do banquete.
O convite final de Jesus a que estejamos vigilantes, porque não sabemos o dia nem a hora, é assim um convite a mantermos desperto o coração, a mantermos bem viva a chama do amor, a constituirmos uma reserva ou um tesouro no amor dos irmãos. Desta forma o Esposo reconhecer-nos-á porque o amor nos tornará seus conhecidos, já propriedade sua.
 
Ilustração: “As virgens insensatas e prudentes”. Pormenor das virgens insensatas. Pintura de Friedrich Wilhelm Schadow, Stadel em Frankfurt.

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    O texto da Meditação que teceu é da maior importância na vida de cada um de nós, na relação com Deus e com os outros, nossos irmãos, o que fazemos no quotidiano do seguimento da Palavra de Jesus, e ajuda-nos a esclarecer a parábola das dez virgens que também se dirige a cada um de nós.
    Como nos salienta …”nesta parábola é permitido adormecer, andar perdido na noite, ter mais ou menos azeite, o que não é permitido é não estar atento à voz do noivo, é desconhecer o que o noivo demanda, porque pelo que ele pede se torna conhecido e se dá a conhecer. É o amor de uns pelos outros que nos torna conhecidos de Deus, íntimos, de modo a ser-nos aberta a porta do banquete.”…
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, profundas, que ilustrou maravilhosamente, por recordar-nos que o convite final de Jesus …” é um convite a mantermos desperto o coração, a mantermos bem viva a chama do amor, a constituirmos uma reserva ou um tesouro no amor dos irmãos.”…
    Que o Senhor o cumule de todas as bençãos.
    Boa noite. Bom descanso.
    Bom fim-de-semana.
    Um abraço fraterno e amigo,
    Maria José Silva

    P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe de novo um poema de Frei José Augusto Mourão, OP

    cura-nos

    cura-nos, ó Fonte,/do temor e da incredulidade/da cegueira e desesperação/
    da tristeza e do assombramento/do amor e das saudades//

    livra-nos do alto dia/em que te não esperamos/e pesada e inepta está a alma//

    e que a a asa da tua madrugada/nos acorde para o trabalho da fé/
    e a hora da compaixão a praticar

    (In, “O nome e a Forma”, Pedra Angular, 2009)

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  2. A Bíblia relata que somos salvos pela graça de Deus, mas mediante este texto é necessário saber que o Amor a Deus sob todas as coisas deve ser colocado em primeiro lugar e isso inclui a devoção e adoração exclusiva a Ele (Êxodo 20; 3- 4), não há outro intercessor (I Timóteo 2; 5), nem mediador. Devemos amor ao próximo principalmente expondo a verdade que lhe livrará da condenação eterna (João 8: 32, Apocalipse 21: 8). Deus abençõe

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