sexta-feira, 10 de abril de 2009

JESUS LAVA OS PÉS AOS DISCÍPULOS


JESUS LAVA OS PÉS AOS DISCÍPULOS

Enquanto celebravam a ceia, Jesus levantou-se da mesa, tirou o manto, tomou uma toalha e atou-a à cintura. (Jo 13, 4)

Nesta quinta-feira Santa apresentamos um pequeno trecho do comentário de São Tomás a este versículo do Evangelho de São João. É um comentário rico que nos pode ajudar a viver a dimensão do gesto do Senhor na celebração da Última Ceia.

“Relativamente a este primeiro gesto é necessário saber que Cristo, neste gesto de humildade, se mostra servidor, de acordo com a Palavra de São Mateus: O Filho do homem não veio para ser servido mas para servir.
Mas, para ser um bom servidor três coisas são necessárias. Antes de mais que ele esteja atento e veja tudo o que pode faltar no serviço, e ele estará impedido completamente de tal se estiver sentado ou estirado. É esta a razão pela qual é próprio dos servidores estarem de pé. O Evangelista diz assim: Ele se levantou da mesa; e quem é maior, aquele que está à mesa ou aquele que serve?
Em segundo lugar, o servidor deve estar disponível para realizar até ao fim, como convém, as coisas que são necessárias ao serviço. E neste caso, um grande número de vestimentas embaraçam imenso. É por esta razão que o Senhor depôs as suas vestes. Este mesmo facto é significado no livro do Génesis, no qual se diz que Abraão escolheu servidores disponíveis.
Em terceiro lugar, ele deve estar pronto a servir, de maneira que ele tem todas as coisas necessárias para o seu serviço. É dito de Marta, que ela estava absorvida pelas múltiplas necessidades do serviço. E daqui vem que o Senhor, tomando uma toalha se cingiu com ela, estando desta forma pronto não só para lavar os pés mas também para os secar. Por este gesto ele pisa aos pés todo o orgulho, uma vez que aquele que vai para Deus e que saiu de Deus lava os pés.
No sentido místico este gesto pode relacionar-se com dois aspectos, a saber, com a Incarnação de Cristo e com a sua Paixão. Naquilo que se relaciona com a Incarnação podemos receber de Cristo três coisas.
Antes de mais, e com toda a certeza, a sua vontade de socorrer o género humano, simbolizada no facto de se levantar da mesa. Pois Deus, durante todo o tempo que suporta que estejamos em prova, parece estar sentado, mas quando nos liberta da tribulação, vemos como que levantar-se. Levanta-te Senhor e vem em nosso auxílio.
Em seguida, o seu abaixamento; não que Ele deponha a majestade da sua dignidade, mas que a esconda assumindo a nossa pequenez. É por esta razão que é dito: Verdadeiramente tu és um Deus escondido. E isto é significado no facto que ele depôs os seus vestidos, ele abaixou-se por si próprio.
Por fim a assumpção da nossa natureza mortal no facto que tomando uma toalha a atou à cintura, ou seja, tomando a nossa condição de escravo. Mas se isto se relaciona com a Paixão de Cristo, no sentido literal, ele depôs a sua roupa quando os soldados o despojaram e jogaram às sortes a sua roupa, e ele foi envolvido de um lençol no sepulcro. E na sua Paixão ele depôs também a roupa da nossa mortalidade e tomou uma toalha, que significa a brancura da imortalidade, pois Cristo ressuscitando dos mortos não morrerá jamais”
[1].
[1] SÃO TOMÁS DE AQUINO, Comentário ao Evangelho de São João, Tomo II. Paris, Cerf, 2006, 110.

1 comentário:

  1. Caro fr. José Carlos, em boa hora deu início a este blogue. Mais uma extensão da Ordem dos Pregadores e da Província que amamos. Muyitas felicidades neste novo projecto! fr. Filipe, op

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