O DISCÍPULO QUE JESUS AMAVA
Um dos discípulos, aquele que Jesus amava, estava à mesa reclinado no seu peito. Simão Pedro fez-lhe sinal para que perguntasse a quem se referia. Então ele, apoiando-se naturalmente sobre o peito de Jesus, perguntou: Senhor, quem é? (Jo 13, 23-25)
O discípulo que Jesus amava é a personagem mais enigmática do Evangelho de São João, ainda que seja uma figura central e considerado como o autor do próprio Evangelho. Na primeira parte do Evangelho está completamente ausente e na segunda parta tanto aparece identificado como o “discípulo que Jesus amava” como o “outro discípulo”. No segundo versículo do capítulo vinte o autor une os dois títulos e portanto é possível perceber que um e outro são a mesma pessoa, o mesmo discípulo.
Ainda que nesta segunda parte do Evangelho o discípulo amado apareça em cinco passagens, situações diferentes, jamais o autor permite a sua identificação com precisão. Parece que o objectivo é exactamente o contrário, ou seja, como que fazer desaparecer o personagem, como que impossibilitar a sua identificação.
À luz destas situações, a primeira evidência e dado passível de identificação é a sua proximidade com Simão Pedro. Os dois discípulos mantêm uma relação única, na qual o discípulo amado funciona sempre como uma espécie de alavanca para Pedro. Este papel de intermediário em favor de Pedro é possível devido à proximidade com Jesus, às relações com o ambiente sacerdotal de Jerusalém e à sua juventude, agilidade e intuição mais viva.
Na narração da última ceia e anúncio da traição de Judas deparamos com esta função intermediária, pois Pedro pede a João que saiba do Senhor quem é aquele que o vai trair. Nesta narração constata-se a proximidade do discípulo amado em relação a Jesus, proximidade que não é apenas física, que não assenta exclusivamente no facto de estar ao seu lado e poder deitar a cabeça sobre o seu peito. A proximidade sublinhada neste momento, e pelo próprio pedido de Pedro, é espiritual e institucional.
Ainda que discípulo como João, e ainda que instituído de uma autoridade particular dada pelo próprio Jesus, Pedro escolhe passar por João para obter do Mestre a informação sobre quem é o traidor. Esta opção de Pedro está carregada de uma premissa que não nos pode passar despercebida. Ao pedir a João que saiba quem é o traidor, Pedro está a colocar João fora dessa possibilidade, desse grupo no qual ele próprio, Pedro, se poderia incluir. João jamais poderá ser o traidor. A proximidade dita enuncia assim uma realidade que está afecta ao próprio nome, o que é amado jamais poderá trair aquele que o ama.
Esta atitude de Pedro pode deixar adivinhar também a possibilidade de uma posição hierárquica de João na comunidade, posição que se prende inevitavelmente com as circunstâncias testamentárias de que se reveste a última ceia. No momento em que Jesus transmite à sua comunidade o que Ele tem de mais precioso, para que ela o recolha e faça vida, colocou junto a si aquele que Ele considera como o herdeiro.
Esta função de herdeiro é evidenciada de modo mais radical no momento da morte, quando junto à cruz estão o discípulo amado, a mãe de Jesus e Maria Madalena. A presença física do discípulo amado sublinha uma fidelidade a toda a prova, uma fidelidade que ninguém pode colocar em causa.
No anúncio feito por Jesus anteriormente, que no momento da sua hora todos os abandonariam e deixariam só, não se inclui o discípulo amado, não se pode incluir porque ele está presente. A proximidade com Jesus, evidenciada no momento da ceia e sobre o seu peito, é confirmada e de uma forma total no momento em que a revelação de Jesus atinge a sua expressão máxima, junto à cruz. Aí Jesus pode proclamar que tudo está cumprido. Mas tudo está cumprido quando Jesus, no momento de deixar abandonada a sua mãe, lhe entrega um outro filho na pessoa do discípulo amado. Este gesto marca também a intimidade existente entre o Mestre e o discípulo. Neste momento é a “família Dei”, uma nova realidade relacional, que nasce da palavra fundadora de Jesus. O núcleo desta nova família é o discípulo amado e a mãe de Jesus, aquela que desde as bodas de Caná da Galileia tinha assumido o papel de mediadora. A mãe de Jesus associada ao discípulo amado representa a comunidade nascente da Igreja naquilo que ela comporta de essencial e de permanente.
Um dos discípulos, aquele que Jesus amava, estava à mesa reclinado no seu peito. Simão Pedro fez-lhe sinal para que perguntasse a quem se referia. Então ele, apoiando-se naturalmente sobre o peito de Jesus, perguntou: Senhor, quem é? (Jo 13, 23-25)
O discípulo que Jesus amava é a personagem mais enigmática do Evangelho de São João, ainda que seja uma figura central e considerado como o autor do próprio Evangelho. Na primeira parte do Evangelho está completamente ausente e na segunda parta tanto aparece identificado como o “discípulo que Jesus amava” como o “outro discípulo”. No segundo versículo do capítulo vinte o autor une os dois títulos e portanto é possível perceber que um e outro são a mesma pessoa, o mesmo discípulo.
Ainda que nesta segunda parte do Evangelho o discípulo amado apareça em cinco passagens, situações diferentes, jamais o autor permite a sua identificação com precisão. Parece que o objectivo é exactamente o contrário, ou seja, como que fazer desaparecer o personagem, como que impossibilitar a sua identificação.
À luz destas situações, a primeira evidência e dado passível de identificação é a sua proximidade com Simão Pedro. Os dois discípulos mantêm uma relação única, na qual o discípulo amado funciona sempre como uma espécie de alavanca para Pedro. Este papel de intermediário em favor de Pedro é possível devido à proximidade com Jesus, às relações com o ambiente sacerdotal de Jerusalém e à sua juventude, agilidade e intuição mais viva.
Na narração da última ceia e anúncio da traição de Judas deparamos com esta função intermediária, pois Pedro pede a João que saiba do Senhor quem é aquele que o vai trair. Nesta narração constata-se a proximidade do discípulo amado em relação a Jesus, proximidade que não é apenas física, que não assenta exclusivamente no facto de estar ao seu lado e poder deitar a cabeça sobre o seu peito. A proximidade sublinhada neste momento, e pelo próprio pedido de Pedro, é espiritual e institucional.
Ainda que discípulo como João, e ainda que instituído de uma autoridade particular dada pelo próprio Jesus, Pedro escolhe passar por João para obter do Mestre a informação sobre quem é o traidor. Esta opção de Pedro está carregada de uma premissa que não nos pode passar despercebida. Ao pedir a João que saiba quem é o traidor, Pedro está a colocar João fora dessa possibilidade, desse grupo no qual ele próprio, Pedro, se poderia incluir. João jamais poderá ser o traidor. A proximidade dita enuncia assim uma realidade que está afecta ao próprio nome, o que é amado jamais poderá trair aquele que o ama.
Esta atitude de Pedro pode deixar adivinhar também a possibilidade de uma posição hierárquica de João na comunidade, posição que se prende inevitavelmente com as circunstâncias testamentárias de que se reveste a última ceia. No momento em que Jesus transmite à sua comunidade o que Ele tem de mais precioso, para que ela o recolha e faça vida, colocou junto a si aquele que Ele considera como o herdeiro.
Esta função de herdeiro é evidenciada de modo mais radical no momento da morte, quando junto à cruz estão o discípulo amado, a mãe de Jesus e Maria Madalena. A presença física do discípulo amado sublinha uma fidelidade a toda a prova, uma fidelidade que ninguém pode colocar em causa.
No anúncio feito por Jesus anteriormente, que no momento da sua hora todos os abandonariam e deixariam só, não se inclui o discípulo amado, não se pode incluir porque ele está presente. A proximidade com Jesus, evidenciada no momento da ceia e sobre o seu peito, é confirmada e de uma forma total no momento em que a revelação de Jesus atinge a sua expressão máxima, junto à cruz. Aí Jesus pode proclamar que tudo está cumprido. Mas tudo está cumprido quando Jesus, no momento de deixar abandonada a sua mãe, lhe entrega um outro filho na pessoa do discípulo amado. Este gesto marca também a intimidade existente entre o Mestre e o discípulo. Neste momento é a “família Dei”, uma nova realidade relacional, que nasce da palavra fundadora de Jesus. O núcleo desta nova família é o discípulo amado e a mãe de Jesus, aquela que desde as bodas de Caná da Galileia tinha assumido o papel de mediadora. A mãe de Jesus associada ao discípulo amado representa a comunidade nascente da Igreja naquilo que ela comporta de essencial e de permanente.
obrigada por tua vida que Deus continue a te usar como instrumento de seu amor...tatiana lázaro
ResponderEliminarhttp://porterrasdoalentejo-bruno.blogspot.pt/
ResponderEliminarcom abraço
Bruno