segunda-feira, 25 de abril de 2011

As mulheres da manhã de Páscoa

Na continuação da manhã de Páscoa o Evangelho de São Mateus apresenta-nos duas histórias, ou duas atitudes face à ressurreição de Jesus. Como que num drama cinematográfico opõe-se a tragédia dos guardas e dos príncipes dos sacerdotes à alegria e beleza das mulheres que se encontram com o Jesus ressuscitado.
Não sabemos o que os guardas contaram aos príncipes dos sacerdotes, os evangelistas não nos informam sobre esse ponto, apenas sabemos que perante a novidade trazida pelos guardas os príncipes dos sacerdotes se reúnem para decidir o que fazer.
Num processo de recusa do que lhes é revelado, perante a verdade da ressurreição, o conselho opta por enveredar pela mentira, pela difamação dos discípulos como ladrões de corpo do morto e pelo suborno dos guardas para que não revelassem a verdade do que tinham presenciado.
O grupo dos príncipes dos sacerdotes não se preocupa em averiguar, em ir ver, em confirmar com os seus olhos o sucedido, apenas preocupado com a sua reputação e a sua credibilidade aos olhos dos outros procura subtrair qualquer possibilidade de conhecimento do acontecido. É a lógica da mentira e da recusa da verdade que prevalece.
Ao contrário, e como que num jogo de luz reveladora da hipócrita atitude dos sacerdotes, as mulheres aparecem encontrando-se com o Jesus que buscam e que se lhes revela ressuscitado. E diante dessa manifestação a adoração devida àquele que não é já só o Mestre que elas conheciam mas o Senhor do Reino dos céus.
Para além de todas estas atitudes, da busca, do encontro e da prosternação para a adoração, surpreende o acolhimento da ressurreição e do ressuscitado, um acolhimento sem qualquer dúvida, sem qualquer hesitação, sem qualquer interrogação. Como se estivessem à espera.
Estas duas atitudes, como que dois eixos, estão também presentes na nossa vida de homens crentes, pois por momentos vivemos o acolhimento e a alegria da ressurreição, mas em outros momentos vivemos também a cegueira da nossa auto justificação infiel.
E no encontro de Jesus com as mulheres fica-nos um desafio, esse regresso à Galileia para nos encontrarmos com Jesus ressuscitado, pois é aí e nesse tempo do quotidiano, da história vivida entre os homens que nos podemos encontrar com o Jesus ressuscitado. É na luz trémula do nosso dia a dia que quer ver despontada a luz da vitória da Páscoa e procurada a possibilidade do encontro com Ele.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Obrigada pela partilha da Meditação que intitulou “As mulheres da manhã de Páscoa”, interessante, profunda e que ilustrou com uma escultura tão bela e tão expressiva cujos detalhes documentam o motivo da deslocação das mulheres ao túmulo.
    Ao recordar-nos as duas atitudes face à ressurreição de Jesus: “a tragédia dos guardas e dos príncipes dos sacerdotes à alegria e beleza das mulheres que se encontram com o Jesus ressuscitado”, o que também me faz reflectir é a diferença de atitude das mulheres ao longo da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Foram também algumas mulheres que ficaram junto de Jesus Cruxificado.
    Como nos salienta ...” as mulheres aparecem encontrando-se com o Jesus que buscam e que se lhes revela ressuscitado. (…)
    Para além de todas estas atitudes, da busca, do encontro e da prosternação para a adoração, surpreende o acolhimento da ressurreição e do ressuscitado, um acolhimento sem qualquer dúvida, sem qualquer hesitação, sem qualquer interrogação. Como se estivessem à espera.”
    E como nos diz estas duas atitudes, dos príncipes dos sacerdotes e das mulheres, estão presentes na nossa vida de cristãos. Procuremos o Senhor em todas as circunstâncias da nossa vida, no nosso quotidiano, para O vivermos, para O anunciarmos.
    Saibamos aceitar o desafio e o convite que nos deixa: ...” É na luz trémula do nosso dia a dia que quer ver despontada a luz da vitória da Páscoa e procurada a possibilidade do encontro com Ele.”
    Bem haja Frei José Carlos pelas palavras de estímulo e desafio.
    Votos de uma boa semana.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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