Cheguei ao fim do ciclo das Celebrações da Palavra com os alunos do Externato Marista de Lisboa. Com alguma tristeza tenho que dizer que não estive em todas, escaparam-me três do conjunto das trinta e quatro que estavam programadas, pois obrigações inerentes à minha condição de Ecónomo conventual obrigaram-me a estar em Fátima no dia em que celebravam. O frei Filipe substituiu-me generosamente.
Este ciclo foi o meu oitavo ano consecutivo de Celebrações no Externato e ao chegar aqui quero dar graças a Deus por tudo o vivido com estes jovens. Como já tantas vezes lhes disse a eles, dou graças pela alegria e pelo prazer que me fizeram sentir, pelos momentos em que juntos pudemos perceber que afinal Deus estava ali connosco, está nas nossas vidas e nos vai guiando no projecto de felicidade que sonhou para nós.
É uma hora, às vezes um pouco menos, muitas outras vezes bastante mais, pois o tempo passa depressa e não podemos deixar para depois nada do que foi preparado, a alegria de estarmos juntos, nos sabermos a fazer o mesmo percurso ainda que cada um ao seu ritmo e com as diferenças intrínsecas à sua condição humana e à sua história pessoal.
Algumas vezes os pais e os avós estiveram connosco, creio que neste ciclo foram raras as vezes em que não partilharam da celebração, mesmo naquelas turmas mais envergonhadas do Secundário. Nos casos em que não estiveram presentes as ausências foram deliberadas, assumidas por todos, pois havia a necessidade de fazer da Celebração um momento de intimidade, um momento para pedir perdão dos erros cometidos e para afirmar a vontade de em conjunto superar as dificuldades inerentes à vida em comum.
Não é fácil vivermos juntos, mas na Celebração descobrimos que Deus nos oferece esta oportunidade, uma oportunidade única para nos enriquecermos com a experiência e a diferença de cada um, e com elas enfrentarmos os desafios ainda mais arrojados que a vida em outros âmbitos nos coloca. Na celebração descobrimo-nos irmãos e membros responsáveis de um corpo que quer crescer forte e unido.
Graças ao empenho dos jovens e adolescentes e, com toda a certeza, à muita paciência e disponibilidade dos directores de turma, catequistas e professores que previamente ajudam à preparação de cada uma das Celebrações, pude e pudemos viver momentos que são únicos e por isso merecem ser recordados.
Dos muitos que poderia apontar, cada Celebração tem os seus e não terminaria tão prontamente se os quisesse nomear a todos, quero fazer memória da música da turma 1D/2 do 12º Ano, composta de propósito para o final da Celebração e maravilhosamente tocada e cantada. E escolho-a porque antes de mais há momentos em que sem quê nem para quê me vem à memória e trauteio o refrão, e depois pelo que representa de trabalho, de empenho e dedicação, de beleza e bondade, de exemplo de tudo o que de bom a nossa juventude naturalmente tem, mas não transparece nem frutifica porque lhes falta quem os anime e incentive a ter brio nas coisas que fazem.
“Já foi há três anos, que nos encontrámos,
Numa viagem embarcámos.
O caminho é longo, não é nada fácil,
Mas não estás sozinho, nesta estrada.
Mais que uma turma, mais que colegas,
Saltámos fronteiras, atingimos metas.
Fomos passo a passo, mudando crescendo,
Sorrisos e lágrimas, colhemos.
Um dia vai, outro vem, e nós,
Voamos de braços abertos sem fim,
Um dia vai, outro vem, e nós
Recordamos momentos a uma só voz
Pois juntos somos um só.
Plantámos os sonhos, para um dia colhermos,
Arriscámos sem reservas, ou medos.
Um futuro nos espera, do que construímos,
Erguemos as mãos, ao destino.
Cada dia passa, com mais confiança
Aprendendo ao sabor, da mudança.
Se caio um dia, levantas-me noutro,
Amigos p’rá vida, são d’ouro.
Um dia vai, outro vem, e nós,
Voamos de braços abertos sem fim,
Um dia vai, outro vem, e nós
Recordamos momentos a uma só voz
Pois juntos somos um só.”
PS: A fotografia é da Celebração da turma 3/5 do 12º Ano, um outro exemplo de como as diferenças de interesses e de áreas podem levar-nos longe no enriquecimento mutuo.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarMuito grata por este excelente texto que acaba de partlhar connosco,ao ler fiquei muito comovida,as lágrimas rolavam-me sem poder segurá-las porque já vivi momentos idênticos com os nossos jovens queridos.Estas oportunidades únicas que nos enriquecem,que fazem crescer estes jovens,numa construção mais sólida em suas vidas.O Frei José Carlos,no texto referiu que lhe vem à cabeça o Refrão da música feita pelos próprios alunos, se for possível gravar era óptimo. A letra é esta que temos aqui no fim do texto.Obrigada por esta deliciosa partlha que muito gostei e que me ajuda e me dá força neste dia com os meus jovens.Bem haja, Frei José Carlos.
Um abraço fraterno.
AD
Frei José Carlos,
ResponderEliminarQuão gratificante é o trabalho com a juventude em que se recebe muito pelo muito que se dá. É um privilégio inigualável para os seus alunos o alimento da Palavra dos Dominicanos.É igualmente de uma imensa responsabilidade pelo testemunho de beleza, de bondade, de dedicação que receberam, que os fizeram crescer e de que devem ser arautos.São marcas indeléveis que dificilmente se apagarão e servirão de alimento na vida que além há-de vir.
Tenha uma santa noite,
GVA
Frei José Carlos,
ResponderEliminarLi e maravilhei-me com cada uma das palavras que partilha connosco no texto que elaborou sobre as recordações das “Celebrações da Palavra com os alunos no Externato Marista de Lisboa”. Pressentimos a alegria com que o fez. É um texto muito belo, de grande sensibilidade, que nos emociona, com um poema profundo e de grande beleza. É um hino de louvor à espiritualidade, à bondade, ao convívio, à formação, à partilha da fraternidade, aos desafios que sabemos abraçar.
Para todos os que tiveram a oportunidade de formar, trabalhar com “jovens” nas mais diversas situações, sabemos que nem sempre é fácil. Porém, é muito estimulante e ajuda-nos a remoçar.
O trabalho com os jovens traz vantagens recíprocas e como podemos ser importantes para o futuro que os espera! Somos uma referência para a juventude, do que soubemos e pudemos construir juntamente e como nos marcam, por múltiplas razões, pela vida fora...
A juventude é de uma grande generosidade e como diz, ...” não transparece nem frutifica porque lhes falta quem os anime e incentive a ter brio nas coisas que fazem.”
Dêmos graças a Deus pela experiência que o Frei José Carlos tem vivido e peçamos ao Senhor para que possa continuar um serviço tão gratificante.
Obrigada por esta partilha tão reveladora e reconfortante. Bem haja, Frei José Carlos.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
Frei José Carlos
ResponderEliminarObrigada pela partilha. Não posso deixar de dizer que normalmente como mãe não falto à celebração da palavra, pelos meus filhos, pelos seus mestres e por si. Os nossos filhos não o esquecerão.Bem haja
SV