Depois da cura do paralítico da piscina de Betsatá, Jesus vê-se confrontado com a perseguição e com a condenação por causa de não guardar o sábado, o descanso preceituado do dia do Senhor.
É neste contexto que Jesus se vê obrigado a fazer uma espécie de apologia, uma defesa das razões que lhe assistem para fazer o que faz. Assim, e antes de mais, começa por dizer que tanto o Pai como Ele nunca deixam de trabalhar, ou seja, não perdem a actividade, não viram nem viraram as costas à humanidade. Deus não descansa assim como o Filho não pode descansar.
E se o dia de descanso existe, um dia dedicado a Deus, não é porque Deus necessite dele, mas porque os homens necessitam dele, necessitam desse dia para se encontrarem consigo próprios, com a sua natureza e condição, com o projecto de felicidade de Deus para cada um e para todos.
Os homens necessitam do dia de descanso para glorificarem a Deus, e glorificarem no sentido do recobro da sua dignidade, da sua dignificação como homens e mulheres, como filhos de Deus, obra divina, porque tudo o mais como os holocaustos e sacrifícios não dignificam Deus nem o glorificam, pois a glória de Deus é o próprio homem.
O dia de descanso para o homem é também a oportunidade e o tempo para fazer a experiência do amor, para tomar consciência dessa realidade que Jesus antes de mais refere a si mesmo, mas que se aplica a todos os homens, o Pai ama o Filho, Deus ama os homens tal como o Filho. O dia de descanso é para nos encontrarmos conscientemente com esse amor.
Realidade extremamente significativa porque no seu amor o Pai enviou o Filho que partilha da sua eternidade para resgatar a humanidade da sua condição de exilada, de deserdada da glória que na criação que lhe tinha sido atribuída e tinha perdido com o primeiro gesto de desobediência. E em cada dia, a cada momento da nossa história, o Pai continua a enviar-nos o seu amor, a ter-nos em atenção, confiando que apesar da distância e das nossas infidelidades, dos nossos processos de autonomia, um dia retomaremos o caminho de casa e dos seus braços abertos à nossa espera.
O Pai ama o Filho e ama-nos a nós, a cada um de nós na sua singularidade como filhos exilados pelos quais foi pago um alto resgate. E quando nos esquecemos do seu amor e da sua solicitude para com cada um de nós, quando o colocamos em causa e questionamos, recorda-nos com as palavras do profeta Isaías que ainda que a mãe que amamenta o seu filho, fruto das suas entranhas, se esqueça dele, Deus nunca se poderá esquecer de nós, porque mais que fruto das suas entranhas somos a paixão da sua existência.
Que o amor de Deus se faça ouvir no nosso coração com toda a intensidade, despertando-nos das nossas infidelidades para a relação filial e de vida que nos foi e é oferecida com Jesus Cristo.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarObrigada por nos salientar o significado e a importância de guardar o dia de descanso, o dia do Senhor.
E como nos afirma, ...” O dia de descanso para o homem é também a oportunidade e o tempo para fazer a experiência do amor, para tomar consciência dessa realidade que Jesus antes de mais refere a si mesmo, mas que se aplica a todos os homens, o Pai ama o Filho, Deus ama os homens tal como o Filho. O dia de descanso é para nos encontrarmos conscientemente com esse amor. (…)
….”E em cada dia, a cada momento da nossa história, o Pai continua a enviar-nos o seu amor, a ter-nos em atenção, confiando que apesar da distância e das nossas infidelidades, dos nossos processos de autonomia, um dia retomaremos o caminho de casa e dos seus braços abertos à nossa espera”. … E continuo a citá-lo, se me permite.
… “E quando nos esquecemos do seu amor e da sua solicitude para com cada um de nós, quando o colocamos em causa e questionamos, recorda-nos com as palavras do profeta Isaías que ainda que a mãe que amamenta o seu filho, fruto das suas entranhas, se esqueça dele, Deus nunca se poderá esquecer de nós, porque mais que fruto das suas entranhas somos a paixão da sua existência.”
Que o Senhor fortaleça a nossa fé e avive a centelha de amor divino que guardamos em nosso coração para que a mesma nunca se apague.
Obrigada Frei José Carlos pelas palavras partilhadas que nos encorajam e exortam e que ilustrou com tanta beleza. Bem haja.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva