segunda-feira, 11 de julho de 2011

Meditação da Agonia no Horto por frei José da Câmara

Prosseguimos a apresentação das meditações para o Rosário preparadas por frei José da Câmara para o se livrinho “Arte da Perfeição Cristã”. Desta feita a meditação do Primeiro Mistério Doloroso, a Agonia de Jesus no jardim das oliveiras.

"Meditação.
Considera, alma minha, ao teu Redentor e Senhor do Universo posto de joelhos no Horto de Getsémani com as mãos levantadas, com os olhos fixos no Céu, e arrasados em lágrimas; com o coração oprimido da maior tristeza, que se pode imaginar, orando ao seu Eterno Pai pelos homens, e representando-se lhe nesta Oração todas as dores, aflições, opróbrios, afrontas e morte que havia de padecer. Oh como seriam veementes as angústias, que oprimiam aquele coração Sagrado, pois caindo o teu Redentor por terra, começou sua humanidade Santíssima a suar gotas de sangue em tanta abundância, que chegaram a correr pela terra! Gotas de sangue, alma minha! Aonde se viu no Mundo tal suor? Se o suor frio denota grande aflição em um corpo humano, que aflição seria a de um corpo, do qual dimanaram suores frios de sangue?
Considera, como tão profunda foi a tristeza, que o nosso Redentor padeceu, que com natural afecto de verdadeiro homem chegou a pedir ao Eterno Pai, que passasse dele aquele Cálice da morte! Mas contudo com vontade muito deliberada, e conforme para dar a vida pelos homens. Pondera, se correspondes assim às finezas do teu Jesus, quando te achas acometida de alguma tribulação ou trabalho. Tudo são em ti impaciências, sem te saberes conformar com a vontade de Deus. Ora aprende a sofrer tribulações daquele exemplar Divino, e quando te vires em trabalhos considera muito de vagar as aflições do teu Jesus no Horto de Getsémani. Podes ter neste Mundo aflição, que seja ao menos leve sombra das que ele padeceu naquele Horto? É certo, que não, porque foram tão veementes, que a suores de sangue o obrigaram: pois se o teu Redentor entre tantas tribulações, como as em que seu coração se via, estava com a vontade do Eterno Pai tão conforme; porque razão nos teus trabalhos te não hás-de conformar com a vontade de Deus?
Considera, que naquela Oração se lhe representaram também os pecados de todos os homens, e os teus, com que o havias de ofender, não te querendo aproveitar do valor daquele sangue. Isto lhe causou novas aflições àquele coração já tão aflito; e estas tuas ingratidões o puseram na última agonia. Retrata, alma minha, os teus erros, vale-te daquele sangue, para conseguires de Deus o perdão das tuas culpas, tendo o mais vivo pesar de o haveres ofendido, e prometendo de nunca mais o tornares a ofender. As angústias de sua Santíssima Mãe, que lhe haviam de causar os tormentos do teu Jesus, foram também grande motivo para as suas aflições; sendo necessário, que para que estas lhe não acabassem logo a vida, descesse do Céu um Anjo a confortá-lo.
Dilata-te, alma minha, em ponderar estas angústias: medita, quem é o que padece, que padece, por amor de quem padece, e para que padece. Pede à Virgem Santíssima que te assista, para com todo o fervor o meditares."

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Após a leitura da Meditação da Agonia de Jesus no jardim das oliveiras por Frei José da Câmara, fico a pensar como alguns de nós, em circunstâncias em que estamos mais cansados e fragilizados, reagimos sem paciência perante algo que nos vem contrariar, com pouca ou nenhuma compaixão com o nosso semelhante, sem amor. Afinal, quão longo é o nosso processo de conversão! Reflectir na Agonia de Jesus, incomoda-nos, recorda-nos quão injustos somos para Jesus que tudo padeceu, sem recuar, ao dar a vida pelos homens, para nos salvar.
    ...” Pondera, se correspondes assim às finezas do teu Jesus, quando te achas acometida de alguma tribulação ou trabalho. Tudo são em ti impaciências, sem te saberes conformar com a vontade de Deus. Ora aprende a sofrer tribulações daquele exemplar Divino, e quando te vires em trabalhos considera muito de vagar as aflições do teu Jesus no Horto de Getsémani. Podes ter neste Mundo aflição, que seja ao menos leve sombra das que ele padeceu naquele Horto?”…
    Que o Senhor reforce a nossa fé para aceitarmos com humildade a vontade de Deus.
    Obrigada, Frei José Carlos, pela partilha que nos questiona sobre as nossas atitudes e comportamentos. Bem haja.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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  2. Frei José Carlos,

    Agradeço-lhe ests maravilhoso texto que partilhou connosco,é duma profundidade tão grande,que só um coração puro poderá transformar estas palavras em vida.E como nos diz o Frei José Carlos,neste magnífico texto,aprende a sofrer tribulações daquele exemplar Divino,e quando te vires em trabalhos considera muito devagar as aflições do teu Jesus no Horto do Getsémani.
    Reflectir no Mistério da Agonia de Jesus,devia deixar-nos inquietos,sobre a nossa maneira de agir com o nosso próximo.Tantas fragilidades,tantas injustiças,mas Jesus que tudo padeceu,sem recuar deu a Sua vida pela humanidade,por cada um de nós,para a todos salvar.Obrigada Frei José Carlos,por esta bela meditação que muito gostei e me ajuda a viver mais unida a Jesus.
    Bem haja.Um abraço fraterno.
    AD

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