Continuando a apresentação das meditações para o Rosário preparadas por frei José da Câmara, e que se encontram no seu livro “Arte da Perfeição Cristã”, trazemos hoje à luz a meditação do Mistério da subida de Jesus ao céu.
“Meditação
Considera, alma minha, ao teu Redentor ressuscitado, tratando familiarmente com os seus Sagrados Discípulos, aparecendo-lhes muitas vezes antes, que subisse ao Céu. Quarenta dias gastou primeiro, que se ausentasse. Oh como lhe custava o apartar-se dos homens! Oh como trazia no coração os Discípulos, pois tantas vezes os buscava! Como os iria dispondo para suportarem o rigor da saudade, que eles haviam de ter quando se chegasse a ausentar! Pondera, como para alívio desta se deixou Sacramentado para estar até ao fim do Mundo sempre na nossa companhia! Pode haver amor mais fino! Considera-o bem, alma minha. E como correspondes a tanto amor? Custa tanto a Cristo o ausentar-se dos homens, e ainda ausentando-se ficou no Sacramento do Altar tão verdadeira, e realmente, como está no Céu, para onde subiu! Como são correspondias dos homens tantas finezas? Com sacrilégios, e desatenções, como são as que recebe daqueles, que indignamente o comungam. Quantos haverá destes no Mundo? E serás tu, alma minha, algum deles? Se em alguma ocasião o foste, chora com lágrimas de sangue este agravo; que desatino é o maior, que se pode imaginar, corresponder com sacrilégios a quem por ti obrou tantas finezas.
Considera o como o teu Jesus mandou aos Sagrados Discípulos, que todos se juntassem no Monte Olivete com a Virgem Senhora nossa. Que doçura experimentaria em seu coração amante esta Santíssima Virgem, quando seu Filho lhe deu o abraço da despedida: e ainda que por uma parte a afligiria o rigor daquela ausência, por outra a consolaria o ir seu Filho para a Glória abrir as portas do Céu, que desde o pecado de Adão estavam para os homens fechadas. Lançou Cristo a sua bênção àquele numeroso ajuntamento: Oh como ficariam aquelas almas consoladas! Pondera aos Sagrados Apóstolos vendo subir para o Céu ao nosso Redentor arrebatados, e elevados na sua imensa glória! Oh como ficariam sentidos, quando diante dos olhos se lhe opôs uma nuvem para o não verem subir! Porém a Virgem Santíssima continuou nesta gloriosa visão, sem que lhe servisse de impedimento a nuvem, que se entrepôs. Que alegria seria a daquela Senhora soberana, vendo o glorioso triunfo, com que seu Filho entrou no Céu, cercado de Santos, e acompanhado de Anjos, indo a Senhora Santa Ana reclinada nos seus braços! Que suavidade lhe causaria ver os inexplicáveis obséquios, que no Empíreo, como a Senhor do Céu, e da terra, lhe tributaram os Anjos!
Já tens, alma minha, as portas do Céu abertas para nele entrares; tens os merecimentos de Cristo, que te ajudam a subir; o que falta unicamente, é buscares a estrada, que conduz aos homens para a Glória. É esta a estrada das virtudes; busca esta, deixando já o estado da culpa, que é caminho para o Inferno. Procura com um arrependimento verdadeiro a estrada da perfeição, que é o caminho do Céu.
Pede ao teu Redentor, que por intercessão da Senhora te lance do Empíreo a sua bênção para poderes acertar esta estrada, e caminhares por ela para a Glória.”
Frei José Carlos,
ResponderEliminarNo decurso da leitura da Meditação do Mistério da subida de Jesus ao céu, por Frei José da Câmara, fui ficando surpreendida pela justificação apresentada por Frei José da Câmara para que Jesus aparecesse durante quarenta dias antes de subir ao Céu. Sabíamos da leitura do Evangelho que Jesus manifestara os seus sentimentos de modo expressivo chorando por um amigo. É muito interessante e reveladora de grande sensibilidade a forma como descreve a dificuldade que Jesus sente para separar-se dos Discípulos e dos homens.
...” Quarenta dias gastou primeiro, que se ausentasse. Oh como lhe custava o apartar-se dos homens! Oh como trazia no coração os Discípulos, pois tantas vezes os buscava! Como os iria dispondo para suportarem o rigor da saudade, que eles haviam de ter quando se chegasse a ausentar! Pondera, como para alívio desta se deixou Sacramentado para estar até ao fim do Mundo sempre na nossa companhia! Pode haver amor mais fino! Considera-o bem, alma minha.”…
Mas deixa-nos uma interrogação. …”E como correspondes a tanto amor? Custa tanto a Cristo o ausentar-se dos homens, e ainda ausentando-se ficou no Sacramento do Altar tão verdadeira, e realmente, como está no Céu, para onde subiu! Como são correspondias dos homens tantas finezas? Com sacrilégios, e desatenções, como são as que recebe daqueles, que indignamente o comungam. Quantos haverá destes no Mundo? E serás tu, alma minha, algum deles?”…
Sem esquecer o abraço de despedida com a Santíssima Virgem …”Que doçura experimentaria em seu coração amante esta Santíssima Virgem, quando seu Filho lhe deu o abraço da despedida: e ainda que por uma parte a afligiria o rigor daquela ausência, por outra a consolaria o ir seu Filho para a Glória abrir as portas do Céu, que desde o pecado de Adão estavam para os homens fechadas. Lançou Cristo a sua bênção àquele numeroso ajuntamento: Oh como ficariam aquelas almas consoladas!” …
E como nos diz, Frei José da Câmara, as portas do Céu estão abertas. Falta-nos buscar as estradas que nos conduzem ao caminho do Céu.
Obrigada, Frei José Carlos, por esta partilha tão profunda e tão bela que nos ajuda a reflectir na vida de Jesus, no amor que nos dedicou e dedica, e incentiva-nos a seguir o Seu exemplo, nas palavras e nas acções. Bem-haja.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
Frei José Carlos,
ResponderEliminarVale a pena rezar o terço Meditando ao geito de Frei José da Câmara.É uma maneira diferente que nos prende mais a atenção,é belo contemplar os Santos Mistérios com esta profundidade.Pois toda a atenção devida a Deus.
Obrigada Frei José Carlos,por esta maravilhosa partilha,bela e profunda que partilhou connosco,e que Deus o ajude,para que possa alimentar-nos sempre com a Palavra de Deus.A ilustração tão rica de sentido nos ajuda a meditar mais profundamente.Bem haja,Frei José Carlos.Continuação de uma boa semana.
Um abraço fraterno.
AD