Prosseguindo a apresentação do livro “Arte da Perfeição Cristã” de frei José da Câmara, trazemos ao conhecimento público a meditação preparada para o Mistério da Ressurreição de Jesus.
“Meditação
Considera, alma minha, como tendo estado a Alma Santíssima de Cristo trinta e seis horas no Limbo acompanhada dos Santos Padres, que lá estavam, veio unir-se com o corpo, que estava no sepulcro. Tornou a informar aquela clara, e luzida alma o Santíssimo Corpo do teu Redentor, ressuscitando tão belo, e resplandecente, que não é possível explicar a sua grande formosura. Não pode a língua humana expressar a graça, beleza, soberania, e excelência, com que ficou resplandecendo aquela humanidade Santíssima com os quatro dotes gloriosos de impassibilidade, subtileza, agilidade, e claridade. Para de alguma sorte o poderes ponderar, alma minha, hás-de fazer reflexão do como hão-de ressuscitar os Bem-Aventurados. Sabes como? Com o corpo mais luzido que o Sol, mais puro do que o ouro, mais resplandecente que os diamantes mais finos; em fim, nenhuma formosura terrena há-de ter comparação com a formosura do corpo de qualquer Bem-Aventurado. Pois se este há-de ser o traje dos Bem-Aventurados, qual seria o do Rei da Glória no dia da sua Ressurreição!
Com esta formosura inexplicável apareceu Cristo à Virgem Santíssima, acompanhado dos Senhores São Joaquim, e Santa Ana, de seu Esposo São José, e dos mais Santos Ascendentes da Senhora. Considera, que glória seria a do coração da Virgem, que se achava entre tantas aflições, e agonias por ter tão impressos na alma os tormentos de seu Filho, vendo-o agora tão luzido, e resplandecente, imortal, e impassível, que havendo triunfado do pecado, do Inferno, do Demónio, e da morte, recobrara nova, e gloriosa vida! Que colóquios lhe diria! Que afectos lhe renderia! Como se encheria de júbilos aquela alma! Tendo até aquela tão impressa na memória a imagem de seu Filho entre dois ladrões crucificado, agora que o vê tão glorioso entre tanto Anjos, e Santos, que doçuras experimentaria aquele peito soberano! O certo é, alma minha, que foi necessário especial favor do Céu para não acabar esta Mãe de alegria, assim como o tinha sido d’antes para não morrer de pena. Dá os parabéns à Virgem Santíssima de tanta glória; dá-os à Madalena, alma minha, e aos Sagrados Apóstolos, que também não é explicável o contentamento, que tiveram quando viram ao teu Redentor ressuscitado.
Para todo o Mundo foi alegre este dia, porque para todo o Mundo ressuscitou neste dia a sua glória. Mas que desgraça será se, entre tantos prazeres, te achares alma minha, acompanhada de tristezas por ter veres cercada de culpas? Mal poderá haver em ti desta Celestial alegria, se te achares entre as sombras do pecado. Na tua mão está participares das glórias deste dia detestando de todo o teu coração as tuas culpas; para o que te sirva de motivo o que deves ao teu Redentor, que para te merecer uma ressurreição gloriosa a este corpo veio a padecer tanto no Mundo. Por isso se para eu ressuscitar no último dia com a glória, que com os seus trabalhos mereceu para mim o meu Jesus, é necessário detestar a minha má vida, já a detesto, meu Senhor, de todo o meu coração, para alcançar a ressurreição gloriosa, que vós para mim merecestes com a vossa Sagrada morte.
Pede ao teu Redentor, alma minha, por intercessão da Senhora te queira ressuscitar, se pelo pecado estás morta, para que nesta vida gozes da sua Divina graça, e na outra da sua Glória.”
Frei José Carlos,
ResponderEliminarA Meditação do Mistério da Ressurreição de Jesus preparada por Frei José da Câmara é profunda e bela. É um texto que ao levar-nos a meditar na Ressurreição de Cristo e na aparição à Virgem Santíssima, faz-nos reflectir também sobre a ressurreição dos Bem-Aventurados. É um texto profundo, tecido com palavras de ternura e beleza.
...” Considera, que glória seria a do coração da Virgem, que se achava entre tantas aflições, e agonias por ter tão impressos na alma os tormentos de seu Filho, vendo-o agora tão luzido, e resplandecente, imortal, e impassível, que havendo triunfado do pecado, do Inferno, do Demónio, e da morte, recobrara nova, e gloriosa vida! Que colóquios lhe diria! Que afectos lhe renderia! Como se encheria de júbilos aquela alma! Tendo até aquela tão impressa na memória a imagem de seu Filho entre dois ladrões crucificado, agora que o vê tão glorioso entre tanto Anjos, e Santos, que doçuras experimentaria aquele peito soberano! O certo é, alma minha, que foi necessário especial favor do Céu para não acabar esta Mãe de alegria, assim como o tinha sido d’antes para não morrer de pena.”… (…)
...” Para todo o Mundo foi alegre este dia, porque para todo o Mundo ressuscitou neste dia a sua glória.”…(…)
...” Na tua mão está participares das glórias deste dia detestando de todo o teu coração as tuas culpas; para o que te sirva de motivo o que deves ao teu Redentor, que para te merecer uma ressurreição gloriosa a este corpo veio a padecer tanto no Mundo.”…
Obrigada, Frei José Carlos, pela partilha deste texto que ilustrou com tanta beleza e que me levou a reler e a reflectir sobre alguns dos textos que escreveu este ano no período da Páscoa. Bem-haja.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
São inestimáveis, Frei José Carlos, estes pedaços de meditação que connosco partilha, animando a recitação do Rosário, dando-nos o mote para uma concentração mais consentânea com a vida de Jesus, enquanto desfiamos Avé-Marias, Pai Nossos e Glórias. São inefáveis os momentos solidários e fraternos que nos aproximam do Frade e do Presbítero, companheiro de alguns anos e com quem necessitamos, por vezes, se tal nos concedesse, minutos do seu precioso tempo presencial.
ResponderEliminarTenha uma santa noite,
GVA
Frei José Carlos,
ResponderEliminarAo ler este texto fiquei maravilhada pela sua beleza e profundidade sobre o Mistério da Ressurreição de Jesus por Frei José da Câmara.É um texto que nos leva a meditar,com mais profundidade estes santos Mistérios do Rosário,com maior concentração.Obrigada,Frei José Carlos,pelo texto que partilhou connosco e que o ilustrou com tanta beleza,e que me ajudou a meditar neste Mistério da nossa Fé em Jesus Ressuscitado.Bem haja,Frei José Carlos.
Um abraço fraterno.
AD