Conta-nos São Marcos que Jesus e os discípulos atravessaram o lago e aportaram em Genesaré e logo que Jesus pôs os pés em terra a população o reconheceu.
Facto surpreendente porque este reconhecimento leva a atitudes verdadeiramente inusitadas. Ao reconhecerem Jesus vão pelas aldeias procurando os doentes e trazem-nos para que Jesus os cure ou os deixe pelo menos tocar na orla do manto.
Na simplicidade do relato São Marcos mostra-nos que o reconhecimento de Jesus tem consequências, e consequências que se traduzem em gestos de caridade e solidariedade, em atitudes de evangelização.
Depois do encontro com Jesus e do seu reconhecimento, ou seja da experiência de que ele é o Filho de Deus, o Salvador, é impossível não partir para anunciar aos outros, para trazer os outros ao mesmo conhecimento. Faz parte da confirmação do conhecimento de Jesus essa necessidade de o dar a conhecer.
Como diz São Tomás de Aquino relativamente ao bem, podemos dizer em relação ao conhecimento de Jesus, é por si mesmo comunicável, difusor, incapaz de se conter em si mesmo, necessita difundir-se para que outros possam gozar da mesma presença e reconhecimento.
Realidade dinâmica que nos coloca algumas interrogações, pois quando silenciamos a Boa Nova de Jesus, quando não o damos a conhecer, podemos perguntar até que ponto o conhecemos e reconhecemos.
Quando algo de bom nos acontece com que alegria corremos a partilhar com outros, a anunciar a novidade. Contudo, com Jesus como nos deixamos ficar pelo silêncio, tantas vezes pela indiferença, por um anúncio tímido e envergonhado, como se não houvesse nada para partilhar, algo de bom para anunciar.
E por isso mesmo, alguns dos nossos amigos e conhecidos jazem nos seus catres de dor e solidão, muitas vezes de desespero, pois não há quem lhes anuncie a alegria da Boa Nova de Jesus, não há quem os transporte até à porta onde se encontra Jesus para pelo menos tocarem a orla do manto.
Que a atitude dos habitantes de Genesaré nos descomplexe da timidez de anunciar Jesus e no incentive a trazer os nossos amigos e conhecidos a tocar pelo menos a orla do manto, a humanidade do Filho de Deus que é a nossa humanidade.
Ilustração: “A Santa Rússia”, de Mikhail Vasilievic Nesterov, Rússia.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarLeio, volto a ler e fico a reflectir no texto da Meditação que elaborou e partilha. Concordo que muitos de nós não temos o mesmo entusiasmo a dar a conhecer a Boa Nova de Jesus como fazemos “quando algo de bom nos acontece e corremos com alegria a partilhá-lo com outros, a anunciar a novidade.” Como nos recorda …” Contudo, com Jesus como nos deixamos ficar pelo silêncio, tantas vezes pela indiferença, por um anúncio tímido e envergonhado, como se não houvesse nada para partilhar, algo de bom para anunciar.”…
Como Frei José Carlos conhece melhor do que muitos de nós, o mundo em que vivemos é cada vez menos crente, como resultado da acção de várias transformações que ocorreram, em particular, após a revolução industrial e ao papel desempenhado por vários actores, alguns deles com responsabilidades na Evangelização, em que muitos de nós, à nossa maneira, temos também responsabilidades. O crescimento de uma sociedade baseada na posse de bens materiais, a recusa de certos valores éticos e/ou espirituais, e/ou a substituição por outras teorias e práticas que permitem evidenciar o ter, o papel desempenhado pela urbanização e pelos movimentos migratórios que conduziram a formas de viver em que a proximidade com o nosso semelhante foi substituída pelo isolamento, pela solidão, pelo egoísmo, as quais levaram à criação de um ambiente hostil à divulgação da Palavra de Jesus.
A não existência de um Deus à medida dos nossos caprichos, para satisfação dos nossos desejos, a falta de uma informação/formação correcta, a falta de humildade, de fé, de caridade tiveram um papel importante no comportamento do ser humano e leva-nos, por vezes, a tomar atitudes mais reservadas sobre a necessidade de dar a conhecer Jesus, por receio das atitudes consequentes, ou porque conhecemos de abordagens anteriores os efeitos nulos daí resultantes .
Por tudo isto, e ainda que acredite que a única salvação do ser humano é Jesus Cristo, a realidade que vivemos requer a intervenção de todos nós ainda que os contributos possam ser pequenos, mas requer uma atitude diferente, de acolhimento, de amor, por parte das instituições religiosas, de autêntico serviço ao próximo, de coerência entre a palavra e a acção. Em resumo, pregar e viver o Evangelho.
Bem-haja pelo desassombro das palavras partilhadas, por nos salientar que …” Como diz São Tomás de Aquino relativamente ao bem, podemos dizer em relação ao conhecimento de Jesus, é por si mesmo comunicável, difusor, incapaz de se conter em si mesmo, necessita difundir-se para que outros possam gozar da mesma presença e reconhecimento.
Realidade dinâmica que nos coloca algumas interrogações, pois quando silenciamos a Boa Nova de Jesus, quando não o damos a conhecer, podemos perguntar até que ponto o conhecemos e reconhecemos.”…
Sigamos o exemplo dos habitantes de Genesaré e peçamos ao Senhor como nos exorta Frei José Carlos …” que nos ajude a vencer a timidez de anunciar Jesus e nos incentive a trazer os nossos amigos e conhecidos a tocar pelo menos a orla do manto, a humanidade do Filho de Deus que é a nossa humanidade.”
Grata, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação, profunda, bela e que nos desinstala. Que o Senhor abençoe e proteja o Frei José Carlos.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
Frei José Carlos,
ResponderEliminarMuito grata, por este texto do Evangelho de São Marcos que partilhou connosco,tão profundo e esclarecedor,tão cheio de sentido para as nossas vidas,que muito gostei,maravilhosas as suas palavras.Meditação espectacular.Obrigada,Frei José Carlos,por nos ajudar a reflectir mais profundamente,a Palavra do Senhor.Bem-haja,Frei José Carlos.Que o Senhor o ilumine e o proteja.Um bom dia.
Um abraço fraterno.
AD