quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

E ficavam perplexos a seu respeito. (Mc 6,3)



A visita de Jesus à sua terra é surpreendente pelo contraste e perplexidade que provoca naqueles que o ouvem ensinar na sinagoga. Tão surpreendente que Jesus se vê obrigado a confessar que nenhum profeta é bem acolhido na sua terra.
Há naqueles homens e mulheres que o escutam um dilema tremendo, porque são capazes de reconhecer a sua sabedoria extraordinária, a forma como Jesus fala com autoridade, são capazes de se admirar, mas depois chocam com o conhecimento que tinham da sua família e do seu passado na aldeia.
E perante este conhecimento ficam à porta da adesão a Jesus, não são capazes de passar do seu conhecimento histórico para a nova realidade que se abre diante deles. Bloqueio que é tanto mais flagrante quanto mais são capazes de fazer uma comparação, têm elementos que lhes permite aferir da diferença, consubstanciar uma opção.
Contudo, este dilema e esta recusa de os seus o acolherem, de reconhecerem a sua missão, mostra como o mistério e o processo do acolhimento não é uma questão estritamente racional; há o dom da graça, há o sentimento de necessidade, há a abertura a uma novidade, há o mecanismo do dom e do amor.
E é isto que este episódio nos mostra, que o acolhimento de Jesus e da sua verdade se processa por uma abertura sem preconceitos, livre, sem elementos que permitam julgar. Jesus é um dom, uma oferta de Deus, e portanto resta-nos acolhê-lo, fazê-lo nosso, com tudo o que encerra de novidade, de inusitado, de extravagante face às nossas expectativas e juízos.
Como a criança extasiada face ao presente que lhe é oferecido, deixemo-nos nós também extasiar pela oferta de Deus que vem até nós, e que virá sempre que nos abrirmos ao acolhimento.

Ilustração: “Os rapazes das bolas de sabão”, de Giulio del Torre.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Bem-haja por nos salientar que ...” que o acolhimento de Jesus e da sua verdade se processa por uma abertura sem preconceitos, livre, sem elementos que permitam julgar. Jesus é um dom, uma oferta de Deus, e portanto resta-nos acolhê-lo, fazê-lo nosso, com tudo o que encerra de novidade, de inusitado, de extravagante face às nossas expectativas e juízos.”…
    Façamos nossas as palavras de Frei José Carlos e …” Como a criança extasiada face ao presente que lhe é oferecido, deixemo-nos nós também extasiar pela oferta de Deus que vem até nós, e que virá sempre que nos abrirmos ao acolhimento.”
    Peçamos ao Senhor que nos dê um espírito e um coração disponível para acolher Jesus em permanência.
    Grata, Frei José Carlos, pela partiha da Meditação, importante e bela. Que o Senhor ilumine e abençoe o Frei José Carlos.
    Continuação de boa semana.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    ResponderEliminar