Tinham discutido no caminho entre si quem era o maior entre eles, tinham trocado as palavras sem se darem conta que mais que as palavras trocadas entre si, Jesus escutava os sentimentos que lhes brotava no coração.
E quando confrontados com a pergunta sobre o que tinham discutido ficaram mudos, em silêncio, envergonhados porque tinham manifestado uma grande desconsideração pelo mestre e pelos companheiros, porque tinham revelado os sentimentos pouco nobres que os habitava e os deixava numa posição muito pouco recomendável.
Afinal o seguimento de Jesus, o seu companheirismo não era assim tão gratuito, tão livre como queriam aparentar, havia interesses em jogo, interesses de poder e supremacia sobre os outros que tinham sido descobertos naquele palavreado trocado entre eles.
Face a este silêncio revelador de como ainda estavam longe do que lhes tinha ensinado ainda há pouco sobre a sua missão e a morte que o esperava, Jesus apresenta-lhes uma criança e coloca-os diante da oferta que sempre lhes fez e continua a fazer.
Segui-lo, querer ser o primeiro no seguimento significa acolher, acolher como se acolhe uma criança com o que ela tem de novidade mas também de fragilidade e pequenez. O maior será assim aquele que for capaz de se abrir ao acolhimento, de se entregar sem âncoras nem escoras de apoio a essa fragilidade que é dom.
A importância do acolher é tão significativa que Jesus repete quatro vezes o verbo, num binómio primeiro que diz respeito à criança em correlação com ele, e depois noutro binómio em que a relação já se estabelece entre ele e o Pai.
Ser o primeiro, querer ser o maior e o que tem o poder é assim colocar-se em último lugar porque aí a disponibilidade para o acolhimento é mais provável, uma vez que nada está garantido nada é certo.
Que o Senhor ilumine os nossos desejos e nos ajude a acolhê-lo com essa fé e confiança de que só no acolhimento podemos progredir e alcançar alguma coisa do dom que nos oferece.
Ilustração: “Jesus com as crianças”, de autor não identificado.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarAo reflectir sobre o tema do Evangelho do dia (Mc 9,34) e sobre a partilha do texto da Meditação que elaborou, cada um de nós sente que à nossa maneira também ainda não compreendemos o que Jesus dizia e como nos assemelhamos com frequência ao comportamento dos Apóstolos. Como o Frei José Carlos nos salienta ...” Segui-lo, querer ser o primeiro no seguimento significa acolher, acolher como se acolhe uma criança com o que ela tem de novidade mas também de fragilidade e pequenez. O maior será assim aquele que for capaz de se abrir ao acolhimento, de se entregar sem âncoras nem escoras de apoio a essa fragilidade que é dom.”…
Façamos nossas as palvras de Frei José Carlos e peçamos …” Que o Senhor ilumine os nossos desejos e nos ajude a acolhê-lo com essa fé e confiança de que só no acolhimento podemos progredir e alcançar alguma coisa do dom que nos oferece”.
Grata, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação, maravilhosamente ilustrada, que é um convite para iniciarmos a Quaresma. Que o Senhor o ilumine e proteja.
Continuação de uma boa semana.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva