terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Fiz de ti a luz das nações (Act 13,47)

Ao anunciar a Boa Nova de Jesus aos judeus da diáspora e ao não ser acolhido por eles, Paulo e Barnabé viraram-se para os gentios, assumindo as palavras da profecia de Isaías de ser luz para as nações, para todas as nações.
À semelhança de Paulo e Barnabé também os dois santos que hoje celebramos, Cirilo e Metódio, assumiram estas palavras do profeta, também eles procuraram ser luz para as nações eslavas levando-lhes a Boa Nova da salvação de Jesus.
E esta dimensão da luz, de iluminar os homens, foi tão significativa na sua missão que ainda hoje a Igreja Ortodoxa e a sua espiritualidade está profundamente marcada por ela. Uma marca que não se impõe, que não se anuncia, mas que se vive a partir da grande festa e manifestação cristológica que é a Transfiguração.
Neste sentido, toda a ascese, toda a busca de fidelidade, se dirige à transfiguração, ao alcance da luz interior, uma luz que servirá de guia para outros homens e mulheres, que servirá de conforto nos momentos de escuridão e sofrimento da humanidade.
Não estranha por isso que todos os grandes místicos ortodoxos sejam reconhecidos pela sua luz interior, pela sua transfiguração, como aconteceu com São Serafim de Sarov ou Santo Ambrósio de Optina, entre outros. A santidade manifesta-se também nessa luz que irradia de cada um deles.
Luz radiante que podemos encontrar igualmente nas liturgias ortodoxa e oriental, luz que se reflecte no ouro que reveste as paredes das igrejas, que ilumina cada ícone, que assinala os diversos momentos da própria celebração. Tudo converge para a manifestação e participação na luz divina.
Neste sentido temos bastante a aprender com os nossos irmãos ortodoxos e orientais, ou pelo menos a reencontrar, porque também neste nosso mundo ocidental necessitamos de ser luz para aqueles que partilham o nosso dia a dia e a nossa vida. É uma exigência da fé e da esperança em Jesus e que se traduz na caridade sem fronteiras e sem preconceitos.
Procuremos pois imbuir-nos dessa luz que vem de Deus para a poder partilhar com os outros, para podermos ser luz, ainda que pequenina, para os nossos irmãos e irmãs que buscam na noite escura.

Ilustração: “Velas na igreja do Mosteiro Arkadiou, Creta”, de Wouter Hagens.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Leio com muito interesse e alegria o texto da Meditação que elaborou sobre dois dos santos que hoje celebramos, Cirilo e Metódio. Ambos tiveram um papel muito importante na conversão dos povos eslavos ao adaptarem à cultura e à língua eslavas os rituais e ensinamentos cristãos, facilitando a compreensão/participação dos textos sagrados porque asumiram uma atitude diferente. Como nos diz no texto ...” também eles à semelhança de Paulo e Barnabé procuraram ser luz para as nações eslavas levando-lhes a Boa Nova da salvação de Jesus.”… (…) “Uma marca que não se impõe, que não se anuncia, mas que se vive a partir da grande festa e manifestação cristológica que é a Transfiguração.
    Neste sentido, toda a ascese, toda a busca de fidelidade, se dirige à transfiguração, ao alcance da luz interior, uma luz que servirá de guia para outros homens e mulheres, que servirá de conforto nos momentos de escuridão e sofrimento da humanidade.”…
    Como nos salienta …” temos bastante a aprender com os nossos irmãos ortodoxos e orientais, ou pelo menos a reencontrar, porque também neste nosso mundo ocidental necessitamos de ser luz para aqueles que partilham o nosso dia a dia e a nossa vida. É uma exigência da fé e da esperança em Jesus e que se traduz na caridade sem fronteiras e sem preconceitos.”…
    Obrigada, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação que é de grande actualidade, que nos desinstala e implica que repensemos os nossos comportamentos, as nossas atitudes reveladoras da pouca luz interior e esperança que nos guiam.
    Que o Senhor ilumine e abençõe o Frei José Carlos.
    Um abraço frateno,
    Maria José Silva

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