terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Um dos soldados trespassou o lado do Senhor (Jo 19,34)

Tudo está terminado
A noite aproxima-se e o frio faz sentir-se
O vento como lâminas
Que cortam a pele.
E uma lâmina de ferro duro e frio
Corta, penetra, abre
Trespassa a pele já escura e sem vida
Do corpo suspenso no madeiro.
Ó porta sublime, ó passagem esplendorosa
Abriu-se a porta da nova arca de Noé
E podemos entrar para sobreviver ao dilúvio.
Abriu-se na carne ainda rubra o mar vermelho
E podemos atravessar para a terra prometida.
Rasgou-se o véu do santo dos santos
E a presença de Deus fica à mão de todos
Visível no homem exposto à morte
Entregue por amor
Cordeiro destinado ao sacrifício.
E corre sangue e corre água
Uma fonte se abre para o homem
Um rochedo novo neste peregrinar desértico.
Uma padieira e um umbral tingidos
Sob o qual nos refugiamos
À passagem do anjo exterminador
Neste exílio egípcio.
Neste pórtico nos acolhemos e refugiamos
Protege-nos Senhor.

Ilustração: “Crucifixão com frade dominicano”, atribuído a Hermann Schadeberg, Museu de Unterlinden.



2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    No dia em que a Igreja celebra a festa litúrgica das cinco chagas do Senhor, bem-haja pela partilha deste profundo e belo poema, no qual fiquei longamente a reflectir e ao qual voltarei sempre que precisar.
    Peçamos ao Senhor que nos esconda nas Suas chagas, como lugar de refúgio e salvação para todos os que lhe confiam a vida e para todos aqueles que andam distraídos.
    Um grande obrigada, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação. Que o Senhor o ilumine e abençoe.
    Continuação de uma boa semana.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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  2. Frei José Carlos,

    Muito grata, por este maravilhoso poema que partilhou connosco,fiquei maravilhada com esta belíssima Meditação.Ogrigada,Frei José Carlos,pela partilha deste excelente texto, que propôs e que nos convida a meditar mais profundamente.Bem-haja,Frei José Carlos.Um bom dia.
    Um abraço fraterno.
    AD

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