A geração contemporânea de Jesus pede um sinal depois de tantos sinais realizados e manifestados. Um sinal que não lhes será dado, uma vez que objectivamente também não serão capazes de o ler, de o decifrar.
Tal como aquela geração também nós muitas vezes pedimos sinais, esquecendo-nos de ler aqueles mesmos que estão à nossa porta e à nossa frente. Tal como aquela geração também nós sofremos muitas vezes, frequentemente, de incapacidade de visão, de falta de atenção. Não é por isso estranho que Simone Weil tenha dito que o nosso pecado é a desatenção.
De facto, como não reconhecer e assumir que muitas vezes passamos ao lado dos sinais, dos pequenos e grandes sinais, da presença amorosa de Deus na nossa vida. Quantas vezes não descobrimos, ou nos custa a assumir, a mão protectora de Deus que nos guia e conduz.
Neste sentido o nosso processo de conversão passa também pela atenção, por essa capacidade de estar atento e reconhecer em tantas circunstâncias e realidades da nossa vida a presença e revelação de Deus. Deus caminha ao nosso lado, ainda que nós tantas vezes nos esqueçamos ou tentemos caminhar sem ser ao seu lado.
Procuremos por isso nesta Quaresma estar um pouco mais atentos, mais despertos para esses pequenos sinais que nos podem revelar a presença de Deus, a sua acção na nossa vida. Esses sinais podem ser bastante simples, como o sorriso de uma criança face à nossa indisposição. Que os saibamos discernir na sua dimensão divina.
Ilustração: “Collina”, pormenor, de Sir Joshua Reynolds, Museu de Arte de Columbus, Ohio.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarLeio a Meditação que elaborou e partilha connosco, simples, profunda e que vem ao encontro das nossas interrogações, dúvidas, em certos momentos, sem sabermos explicar o porquê. Fico a reflectir na complexidade do ser humano, independentemente das circunstâncias, da dinâmica dos projectos que traçámos, da realidade que vivemos. Interrogo-me e pergunto-me se tenho fé, se sei que é um Deus connosco, se sou capaz de reconhecer que ao longo do tempo tenho tido sinais da Sua existência, da protecção divina, se tento viver tanto quanto possível de acordo com a Palavra do Evangelho, como posso compreender que tenha outros momentos de dúvida, quando não procuro um Deus dos meus caprichos, mas um Deus de amor, ciente de uma lógica divina que nada tem a ver com a lógica humana?
Como nos salienta ...”De facto, como não reconhecer e assumir que muitas vezes passamos ao lado dos sinais, dos pequenos e grandes sinais, da presença amorosa de Deus na nossa vida. Quantas vezes não descobrimos, ou nos custa a assumir, a mão protectora de Deus que nos guia e conduz. … (…) Deus caminha ao nosso lado, ainda que nós tantas vezes nos esqueçamos ou tentemos caminhar sem ser ao seu lado.”…
Obrigada, Frei José Carlos, por compreender as nossas fragilidades, infidelidades, por nos sensibilizar para que …” Procuremos por isso nesta Quaresma estar um pouco mais atentos, mais despertos para esses pequenos sinais que nos podem revelar a presença de Deus, a sua acção na nossa vida. …”
Que o Senhor abençõe e proteja o Frei José Carlos. Continuação de uma boa semana.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe um poema de Frei José Augusto Mourão, OP
do nevoeiro
tira-nos, Senhor,/da agitação dos desejos,/e dá aos nossos olhos/o ar, a luz das coisas invisíveis;//
tira-nos do nevoeiro, Deus,/ajuda a nossa vida a sair do desastre dos espelhos;//
que por tuas mãos reencontremos o caminho da Sabedoria/que dá a cada tempo o seu peso,/
a sua margem
(In, “O nome e a Forma”, Pedra Angular, 2009)