Após a celebração da Páscoa estas palavras de Jesus, “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, assumem contornos mais fortes, cores mais luminosas, consistências mais ricas.
Assim, encontramos Jesus a caminho de Emaús com aqueles dois discípulos que fogem de Jerusalém e daquilo que eles imaginam que é o fim e o desastre de Jesus, do seu Mestre e das suas aspirações pessoais. Jesus coloca-se em caminho com eles, questiona-os, ensina-os e faz vibrar nos seus corações uma alegria que não sabem explicar, mas que sentem e descobrem mais tarde que era devida à presença de Jesus.
Jesus é o caminho ao ser caminhante, ao colocar-se ao lado do homem em demanda de um fim, de um futuro, de uma terra prometida. Jesus é o caminho ao fazer-se homem e dessa forma ao mostrar ao homem que é pela sua humanidade que pode e deve prosseguir o sonho da divindade.
Jesus é o caminho ao mostrar-nos os caminhos pelos quais nos podemos desgarrar, os caminhos que levam a becos sem saída, os caminhos do egoísmo e da injustiça, e ao mostrar-nos o caminho da fraternidade e da justiça que promovem a verdadeira realização do homem, a sua plenitude.
No momento em que Jesus se encontra diante de Pilatos diz-lhe que veio ao mundo para dar testemunho da verdade, que ele é da verdade. Contudo, Pilatos céptico e diletantemente pergunta-lhe o que é a verdade, recusando-se dessa forma a ver a verdade da injustiça que lhe estava diante dos olhos, a verdade do crime que se cometia com um inocente como era aquele homem.
Jesus é a verdade na totalidade da sua humanidade, nessa humanidade experimentada até ao limite, até ao fim em todas as suas consequências. Jesus é a verdade também na totalidade da sua divindade, nesse Filho de Deus incarnado para redenção da obra amada e passível de perdição.
Jesus é a verdade da sabedoria, uma verdade que faz com que as verdades dos homens e dos poderosos sejam loucura ou escória porque se fundam em realidades perecíveis e mutáveis, enquanto que a sua verdade é eterna e imutável, inegável no seu prosseguimento e no desejo de bem.
E Jesus é a vida porque é capaz de a dar, de a entregar pelos outros, pelos homens que ainda se encontram numa situação de exclusão, porque pelo seu dom é capaz de restabelecer a filiação com o Pai e portanto fazer de todos os homens seres viventes, seres capazes e passíveis de vida divina.
E como diz em outra passagem do Evangelho de São João, veio a este mundo para que os homens tenham vida e a tenham em abundância, como uma oferta sem limites nem juros a liquidar por essa oferta e abundância.
Neste sentido as nossas caminhadas, as nossas buscas de verdade, e as nossas vidas frágeis e limitadas não podem deixar de se abeirar de Jesus para que possam ser repletas de plenitude, para que se possam encontrar realizadas.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarBem haja pela maravilhosa Meditação que partilha connosco ao mostrar-nos as diferentes maneiras como podemos compreender como Jesus é “o Caminho, a Verdade e a Vida”. É um texto de formação, de orientação, de síntese sobre a dimensão divina e a missão de Jesus que nos interpela e exorta ao recordar-nos que ...” as nossas caminhadas, as nossas buscas de verdade, e as nossas vidas frágeis e limitadas não podem deixar de se abeirar de Jesus para que possam ser repletas de plenitude, para que se possam encontrar realizadas.”
Senhor, iluminai-nos nas nossas trevas para que possamos sentir Jesus presente no nosso quotidiano, nas veredas dos nossos caminhos.
Obrigada por esta partilha, profunda, que nos encoraja a fortalecer a nossa relação com Deus. Bem haja, Frei José Carlos.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva