Depois da multiplicação dos pães e da travessia do lago de Tiberiades pela barca dos discípulos eis que se gera a confusão, pois a multidão procura Jesus sem saber onde encontrá-lo. De um lado da margem o barco vazio, do outro lado o barco dos discípulos mas no qual Jesus não se encontra. Afinal onde se encontra aquele que os alimentou tão maravilhosamente?
Esta confusão assemelha-se a muitas das nossas buscas, pois também nós buscamos Jesus nas margens da nossa vida, nas barcas da travessia e não o encontramos. Procuramos por um lado e por outro lado e Jesus não está, não se faz presente, mas subitamente, e sem sabermos como, encontramo-lo como a multidão de Tiberiades numa margem, insuspeita, desconhecida ou até rejeitada pelo inóspito da imagem com que se nos afigura.
Perguntamos assim como encontrar Jesus, como potenciar a possibilidade desse encontro que ansiamos, de modo a não andarmos perdidos, a não vaguearmos por um infinito de possibilidades.
E eis que nos surge a resposta nas palavras de Jesus quando se encontrou com a multidão que o buscava. Não o encontravam porque não o buscavam por si mesmo, não era por ele que percorriam as margens e sulcavam as águas do lago, mas por essa fome saciada, essa paz experimentada, por um desejo de o fazerem rei para poderem usufruir de toda essa riqueza e paz sem qualquer esforço.
Sem o saberem, ou sabendo-o, procuravam Jesus por si mesmos, para si mesmos, centrados nas suas necessidades e no seu bem-estar, na satisfação pessoal. Não era pelo outro, por esse outro que era Jesus, que os convidou como nos convida a cada um de nós a procurá-lo por si mesmo, como alimento imperecível.
Assim, o nosso encontro com Jesus acontecerá na medida da nossa fé e da nossa busca dele próprio, nesse desejo de nos satisfazermos com Ele próprio, de partilharmos da sua intimidade e da sua vida, e não por qualquer razão de satisfação de uma ou outra necessidade nossa.
Neste sentido, temos que voltar uma vez mais ao Mestre Eckhart e à sua proposta de nos despojarmos das imagens e do desejo de Deus para que o Deus verdadeiro se faça presente nos nossos corações. Necessitamos buscar e encontrar-nos com Deus em si mesmo e por si próprio.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarLeio e reflicto no texto profundo que partilha connosco como Meditação e que intitulou “Foram à procura de Jesus (Jo 6,24). Pergunto-me, como nos diz, porque procuramos e como encontrar Jesus ? Qual é a qualidade da minha (nossa) relação com Jesus? Que difícil responder com objectividade.
Ao lembrar-nos que a multidão procura Jesus sem saber onde encontrá-lo , diz-nos que “Esta confusão assemelha-se a muitas das nossas buscas, pois também nós buscamos Jesus nas margens da nossa vida, nas barcas da travessia e não o encontramos.”
E tendo presente a resposta nas palavras de Jesus quando se encontrou com a multidão que o buscava, recorda-nos que …”
Sem o saberem, ou sabendo-o, procuravam Jesus por si mesmos, para si mesmos, centrados nas suas necessidades e no seu bem-estar, na satisfação pessoal. Não era pelo outro, por esse outro que era Jesus, que os convidou como nos convida a cada um de nós a procurá-lo por si mesmo, como alimento imperecível.”
Obrigada por nos salientar que a possibilidade do encontro com Jesus depende de nós, …” da nossa fé e da nossa busca dele próprio, nesse desejo de nos satisfazermos com Ele próprio, de partilharmos da sua intimidade e da sua vida, e não por qualquer razão de satisfação de uma ou outra necessidade nossa.”
Que Jesus ressuscitado nos ajude no nosso peregrinar …” a buscar e a encontrar-nos com Deus em si mesmo e por si próprio”, como nos convida, Frei José Carlos.
Obrigada por ajudar-nos a poder partilhar da vida e da intimidade de Jesus. Bem haja.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva