sexta-feira, 6 de maio de 2011

Frei José Augusto Mourão (12.06.1947-05.05.2011)

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Como ontem nos recordava “A ressaca vem no dia seguinte, a dor da partida e da ausência” ... . O Frei José A Mourão está e continuará muito presente no meio de vós (nós). E uma das formas de recordá-lo, é continuar a descobrir o muito que partilhou com o seu próximo, com os irmãos. Permita-me que num gesto de fraternidade, transcreva este magnífico Salmo que nos ofereceu.

    SALMO

    Cantai a seiva que sobe das raízes,
    O arado do tempo cortando o nevoeiro;
    Cantai a vida que sangra e incendeia,
    Vós todos que lavrais a terra, tecelões e pedreiros

    Entrai na força escondida do desejo,
    Domadores de cavalos, aguadeiros,
    Pois vossas mãos acenderam candeias
    E vossos olhos alumiaram a noite

    Trazei à taça da vida nova que se anuncia
    Os trapos velhos das dores enterradas;
    Joalheiros de dedos magoados,
    Vós todos que esperais o parto das sementes

    Assinalai a pedra onde caístes
    E a madeira em que vos crucificaram:
    Porque há música nos ritos da tortura
    Que canta o dia novo que não tarda

    Enquanto não sabemos o caminho,
    Cantemos já o dom de caminhar;
    Se estamos juntos não teremos medo:
    Alguém no invisível nos espera

    Plantemos flores à beira do abismo
    Há-de haver no deserto um lugar de água
    Alguém que nos chame pelo nome
    E nos acolhe ao termo da viagem.

    Frei José Augusto Mourão, OP

    (In, “O Nome e a Forma”, Pedra Angular, Lisboa, 2009)

    Obrigada Frei José Carlos.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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