Como ontem nos recordava “A ressaca vem no dia seguinte, a dor da partida e da ausência” ... . O Frei José A Mourão está e continuará muito presente no meio de vós (nós). E uma das formas de recordá-lo, é continuar a descobrir o muito que partilhou com o seu próximo, com os irmãos. Permita-me que num gesto de fraternidade, transcreva este magnífico Salmo que nos ofereceu.
SALMO
Cantai a seiva que sobe das raízes, O arado do tempo cortando o nevoeiro; Cantai a vida que sangra e incendeia, Vós todos que lavrais a terra, tecelões e pedreiros
Entrai na força escondida do desejo, Domadores de cavalos, aguadeiros, Pois vossas mãos acenderam candeias E vossos olhos alumiaram a noite
Trazei à taça da vida nova que se anuncia Os trapos velhos das dores enterradas; Joalheiros de dedos magoados, Vós todos que esperais o parto das sementes
Assinalai a pedra onde caístes E a madeira em que vos crucificaram: Porque há música nos ritos da tortura Que canta o dia novo que não tarda
Enquanto não sabemos o caminho, Cantemos já o dom de caminhar; Se estamos juntos não teremos medo: Alguém no invisível nos espera
Plantemos flores à beira do abismo Há-de haver no deserto um lugar de água Alguém que nos chame pelo nome E nos acolhe ao termo da viagem.
Frei José Augusto Mourão, OP
(In, “O Nome e a Forma”, Pedra Angular, Lisboa, 2009)
Obrigada Frei José Carlos. Um abraço fraterno, Maria José Silva
Frei José Carlos,
ResponderEliminarComo ontem nos recordava “A ressaca vem no dia seguinte, a dor da partida e da ausência” ... . O Frei José A Mourão está e continuará muito presente no meio de vós (nós). E uma das formas de recordá-lo, é continuar a descobrir o muito que partilhou com o seu próximo, com os irmãos. Permita-me que num gesto de fraternidade, transcreva este magnífico Salmo que nos ofereceu.
SALMO
Cantai a seiva que sobe das raízes,
O arado do tempo cortando o nevoeiro;
Cantai a vida que sangra e incendeia,
Vós todos que lavrais a terra, tecelões e pedreiros
Entrai na força escondida do desejo,
Domadores de cavalos, aguadeiros,
Pois vossas mãos acenderam candeias
E vossos olhos alumiaram a noite
Trazei à taça da vida nova que se anuncia
Os trapos velhos das dores enterradas;
Joalheiros de dedos magoados,
Vós todos que esperais o parto das sementes
Assinalai a pedra onde caístes
E a madeira em que vos crucificaram:
Porque há música nos ritos da tortura
Que canta o dia novo que não tarda
Enquanto não sabemos o caminho,
Cantemos já o dom de caminhar;
Se estamos juntos não teremos medo:
Alguém no invisível nos espera
Plantemos flores à beira do abismo
Há-de haver no deserto um lugar de água
Alguém que nos chame pelo nome
E nos acolhe ao termo da viagem.
Frei José Augusto Mourão, OP
(In, “O Nome e a Forma”, Pedra Angular, Lisboa, 2009)
Obrigada Frei José Carlos.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva