sexta-feira, 6 de maio de 2011

In Memoriam de frei José Augusto Mourão

A ressaca vem no dia seguinte,
a dor da partida e da ausência.
Ainda parece que não partiu,
ainda ecoam em nós as suas palavras,
os gestos e as revoltas.
E contudo, partiu.
Como dizer a presença ausente,
e esta ausência tão presente?
Neste ábaco da vida,
que contas fazer?



Uma corda de alaúde se rompeu,
deste alaúde que encantava,
que nos dizia o perto do longe
o incompreensível do compreensível,
a cerca que nos juntava e dispersava.
E em cada manhã,
esse Deus que amavas e te amava.
Vais à nossa frente
consolado nesse desejo que ainda nos seduz
e atormenta.
Deixando-nos um trilho,
onde a luta se faz presente,
necessária,
para que em cada manhã,
esteja Deus à nossa espera.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Leio e medito no belo e profundo poema que escreveu e ilustrou em Memória de Frei José Augusto Mourão. E continuo a meditar em cada estrofe, em cada linha. E volto a reler o que escreveu, em idênticas circunstâncias, em 2010 “somos uma gota de água que rapidamente se evapora e se perde e encontra na imensidão do oceano divino”.
    Na interrogação, nos porquês, fica-nos o conforto do encontro com o Pai, e a presença entre nós de muitas partilhas dedicadas, a recordação de um dominicano singular.
    Neste momento doloroso para os dominicanos, para a Família, para os amigos, as minhas sinceras condolências.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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