quinta-feira, 1 de março de 2012

Uma Celebração da Palavra especial no Externato Marista de Lisboa

Uma vez mais estou a regressar a casa depois de ter passado o dia no Externato Marista de Lisboa a celebrar a Palavra de Deus com os alunos.
Comecei bem cedo, às oito da manhã com a turma do 6ºC, e como ainda era cedo para os pais darem entrada nos seus locais de trabalho tivemos a alegria de os ver participar na celebração. Foi um mar de gente para louvar o Senhor e encontrar-se com o bom que o Senhor Jesus vai fazendo nas suas vidas. O tema da Celebração “Uma turma ou um grupo de alunos?”, uma pista para em reflexão e construção da unidade e amizade que se deseja.
Um pouco mais tarde, ao aproximar-se o almoço, celebro com a turma do 8ºD, cujo tema é “O Caminho nunca termina”, ou seja, uma pausa no meio do ciclo escolar para reflectir sobre o caminho feito em termos de unidade e companheirismo, mas também para reconhecer e dar início ao que ainda falta fazer.
No momento de Acção de Graças uma oração adaptada pelo Gaspar e que transcrevo:
“Oxalá Senhor ouças a minha voz. Aqui estou. Sem grandes palavras para dizer. Sozinho aqui. Sozinho. Contigo. Receberei aquilo que me queiras dar, alegria ou tristeza, calma ou dificuldade. E receberei sereno, porque sei que tu, meu Deus, também és um Deus pobre. Um Deus que não exige, mas que convida; que não força, mas espera; que não obriga, mas que ama. E eu farei o mesmo no meu mundo, com os meus amigos, com a minha vida. Perguntar aos outros “o que precisas”, ou “que posso fazer por ti?”. E dizer poucas vezes “quero” ou “dá-me”. E assim avanço, Deus, aqui sem mais nada, sozinho, em silêncio. Contigo Deus”.
Ao final da tarde celebrei com o 10º/1A, uma turma que está a iniciar o seu percurso no Secundário e por isso mesmo não podia deixar de escolher como tema “Procura descobrir”, pois torna-se necessário descobrir os companheiros da viagem, desta aventura do Secundário. No final e para retemperar as forças uma bolsinha com bolachas de recordação.
Deixei para último lugar a Celebração do 12º/3,5, ainda que tenha celebrado logo a seguir ao almoço, porque foi uma celebração memorável pelo que teve de processo de encontro, de redescoberta, de responsabilização por algumas falhas do percurso vivido nestes três últimos anos e neste tempo mais recente.
Quem visse de fora diria que eram uns bebés chorões, mas quem estava dentro sabia que não era bem assim, que as lágrimas que bailavam nos olhos não eram pelo facto de ser esta a última celebração da turma, não eram de saudade antecipada. As lágrimas eram fruto da dor, do sentimento de perda, de oportunidades desperdiçadas e que inevitavelmente vão ter consequências.
Contudo, aqueles jovens, sem medo e sem vergonha, corajosamente, assumiram os seus erros, pediram perdão por eles e neste sentido as lágrimas eram apenas uma manifestação da sua força, da sua autenticidade e desejo de viver plenamente a oportunidade de companheirismo que ainda lhes sorri. Eram homens e mulheres, gente de carne e osso, por isso frágeis, mas com sentimentos divinos e um coração enorme de vontade de querer fazer diferente.
Por eles e por poder participar deste momento tão significativo dou graças a Deus, pois não é frequente encontrarmos pessoas e nomeadamente jovens que ousem apresentar as suas fragilidades e infidelidades diante dos outros de modo a poderem ser auxiliados na correcção.
Para esta celebração e este momento prepararam um conjunto de origamis para dispor pela sala, um conjunto de barcos de que sou portador de um exemplar que me ofereceram, pois a vida é essa navegação que tentamos, umas vezes seguros junto à costa outras vezes arriscando nas ondas do mar alto.
Que o Senhor Jesus os proteja e ilumine na sua busca de felicidade e realização pessoal e comunitária.

Ilustração: Recordações das Celebrações da Palavra do Externato Marista de Lisboa.

4 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Bem-haja pela partilha da “Celebração da Palavra Especial no Externato Marista de Lisboa”. O texto que teceu é profundo, poético. É um relato revelador das experiências vividas, das nossas fragilidades em todos os momentos do nosso peregrinar, mas também das potencialidades que todos guardamos, em particular, os jovens. Como o acompanhamento é crucial, em determinada fase da vida, no seio da família e da escola, Frei José Carlos.
    Vou copiar a oração adaptada pelo Gaspar porque brota do coração e certamente será um guião quando sentir vontade de orar.
    A reacção do 12º/3,5 inspira-me um enorme respeito e solidariedade. Provavelmente a escolha dos “origamis” em forma de barco não foi sem mais. Como diz ...” Por eles e por poder participar deste momento tão significativo dou graças a Deus, pois não é frequente encontrarmos pessoas e nomeadamente jovens que ousem apresentar as suas fragilidades e infidelidades diante dos outros de modo a poderem ser auxiliados na correcção. (…)
    (…)a vida é essa navegação que tentamos, umas vezes seguros junto à costa outras vezes arriscando nas ondas do mar alto.”
    Façamos nossas as palavras do Frei José Carlos …” Que o Senhor Jesus os proteja e ilumine na sua busca de felicidade e realização pessoal e comunitária.”
    Grata, Frei José Carlos, pela partilha deste dia, deste texto profundo e belo, que consegue fazer-nos parte, da espiritualidade, da alegria, da emoção que viveram. Que o Senhor o abençõe e proteja.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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  2. Frei José Carlos,

    Ao ler este texto das Celebrações do Externato Marista de Lisboa,fiquei maravilhada,com esta beleza que propôs partilhar connosco.A ilustração ,a Oração do Gaspar,a partilha dos jovens,os seus desejos de mudança de vida ,a sua coragem de perdão das suas fragilidades e infedilidades,esse testemunho sincero e verdadeiro ,essa emoção até às lagrimas,tudo isso nos faz reflectir mais profundamente neste tempo de Quaresma.As Celebrações todas elas espectaculares.Como nos diz o Frei José Carlos,que o Senhor Jesus os proteja e ilumine na sua busca de felicidade e realização pessoal e comunitária.
    Obrigada,Frei José Carlos,pela partilha deste dia,pelo maravilhoso e belo texto,tão profundo,que consegue fazer-nos parte, da espiritualidade,da alegria, da emoção que viveram juntos.Gostei muito,recomecei o meu dia com mais coragem e alegria,um dia diferente.Obrigada,Frei José Carlos,por tudo o que partilhou connosco,realmente é um bem aventurado de Dues.Que o Senhor o ilumine o abençõe e proteja o Frei José Carlos.Um bom dia.
    Um abraço fraterno.
    AD

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  3. Maristas... que saudades tenho de alguns amigos Maristas que não vejo faz muito tempo! Obrigada Maristas, pelo vosso maravilhoso apostolado

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  4. Frei José Carlos,

    Enquanto Diretor de Turma do 12 3/5 agradeço-lhe muito reconhecidamente o momento que todos vivemos e que tão carinhosamente descreve no seu post.
    Já tive a oportunidade de projetar as suas palavras na minha aula de Formação Humana. Foi o segundo grande momento!...

    Bem haja!

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