É a seguir ao momento
da eleição dos doze Apóstolos e do encontro destes e de Jesus com a multidão
vinda de todas as partes, que São Lucas nos apresenta o discurso das
Bem-Aventuranças e da chamada “regra de ouro”, ou seja, o mandamento do amor
aos inimigos e de fazer o bem sem nada esperar em troca.
Neste contexto poderíamos
dizer que se trata do programa de vida daqueles que Jesus escolheu, um programa
de vida de forma a poderem cooperar com a missão a que tinham sido associados
por Jesus.
Contudo, não podemos
também deixar de assumir que desde o primeiro momento e até hoje, até à experiência
de cada um de nós, este programa esbarrou e esbarra nos limites da nossa
condição humana, nas nossas fragilidades e desejos de poder ou propriedade.
Por esta razão, e
também ao longo da história e da nossa história pessoal, nos acusamos e nos
acusam de estarmos a viver de uma forma contraditória este mesmo programa, ou
de não o estarmos a viver ou termos vivido.
Tal crítica e tal
condenação resulta do facto de concebermos e conceber-se este programa de vida
como um programa político ou social, como um manifesto revolucionário que
alterará completamente a sociedade e a forma como ela está organizada.
No entanto, para que
tal aconteça temos que partir da dinâmica que está intrínseca ao programa que
Jesus estabelece, porque se deve acontecer uma revolução política ou social é
na sequência da revolução pessoal e interior que deve ocorrer antes de mais.
De facto Jesus não
deixou um programa político, mas um programa de conversão, um processo de
desenvolvimento interior que garante o acesso à liberdade de filhos de Deus, e
consequentemente à construção do Reino de Deus. Não é bons políticos ou bons administradores
sociais que Jesus nos convida a ser, mas misericordiosos como o Pai é
misericordioso.
E neste sentido as
nossas falhas e debilidades, as nossas misérias, são um potencial acrescentado
a este processo, pois dão-nos a dimensão da misericórdia que podemos e devemos viver,
uma vez que as faltas do outro e o perdão possível são também as minhas faltas
e o perdão que espero.
Jesus diz-nos hoje,
como disse naquele dia aos seus discípulos, que há um caminho a trilhar, uma
conversão a operar, e na medida em que a tentarmos viver nas nossas limitações
e na confiança da acção de Deus, estamos a revolucionar o mundo, a fazer um
mundo melhor com o que de melhor temos.
Escutemos a voz de Jesus
que nos convida e alenta.
Ilustração: “Rosto de
Cristo”, de Nikolai Andreevich Koshelev. Russia
Frei José Carlos,
ResponderEliminarO Evangelho do dia (Lc 6, 27-38) e o texto da Meditação que teceu e partilha são de uma grande espiritualidade e importância no nosso peregrinar. “Amai os vossos inimigos”. Como o Frei José Carlos nos afirma …” São Lucas apresenta-nos o discurso das Bem-Aventuranças e da chamada “regra de ouro”, ou seja, o mandamento do amor aos inimigos e de fazer o bem sem nada esperar em troca.”…
Como nos salienta a “revolução pessoal e interior” deve ocorrer antes de mais, …”De facto, Jesus não deixou um programa político, mas um programa de conversão, um processo de desenvolvimento interior que garante o acesso à liberdade de filhos de Deus, e consequentemente à construção do Reino de Deus.”….
Bem-haja, por recordar-nos que …” Jesus diz-nos hoje, como disse naquele dia aos seus discípulos, que há um caminho a trilhar, uma conversão a operar, e na medida em que a tentarmos viver nas nossas limitações e na confiança da acção de Deus, estamos a revolucionar o mundo, a fazer um mundo melhor com o que de melhor temos.”…
Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, profundas, que nos ajudam nas nossas reflexões, por exortar-nos a ser misericordiosos como o Pai é misericordioso e a que “Escutemos a voz de Jesus que nos convida e alenta.”
Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o proteja.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva