As refeições do homem,
com o que representam de arte da transformação dos alimentos e de oportunidade
para a construção social e relacionamento pessoal, são uma das mais importantes
instituições civilizacionais, um dos mais significativos mecanismos de geração
de cultura.
A vida de Jesus, e de
modo particular a vida pública que nos é dada a conhecer pelos Evangelhos,
desenvolve-se também neste âmbito cultural das refeições e por isso desde o
banquete das bodas de Caná até à última ceia encontramos diversos momentos
significativos à volta da mesa e da alimentação.
Para além da crítica dos
fariseus à forma como os discípulos se alimentavam sem os cuidados de higiene
prescritos pela lei, Jesus assume também pessoalmente a acusação de ser
considerado um comilão e um beberão.
Acusação que aparece
em contraste com a vida de austeridade de João Baptista, e na sequência de
Jesus aceitar os convites que lhe eram dirigidos, como no caso de Zaqueu que o
convidou para sua casa.
Contudo, estes momentos
foram para Jesus uma oportunidade única de diálogo, de enunciação de
ensinamento para os seus discípulos e para aqueles que o convidavam e acolhiam.
Em casa de Marta e Maria tratou do que era verdadeiramente importante face à
sua presença e na casa de Simão alertou para a atenção que lhe era devida e não
tinha sido tida pelo dono da casa.
As refeições de Jesus
aparecem-nos assim como um momento privilegiado para a revelação do convite
dirigido ao homem para a participação no banquete eterno, no banquete preparado
por Deus para todos os homens. Todos estamos convidados a comer e a beber do
que Deus preparou para a humanidade.
Necessitamos por isso
acolher o convite, e preparar-nos com o traje nupcial que resulta das
oportunidades de sermos também alimento e bebida para os nossos irmãos no seu peregrinar.
Os discípulos de Jesus devem comer e beber, devem dar-se em alimento uns aos
outros, fazer-se pão para todos à semelhança do Pão da Vida.
Ilustração: “As Bodas
de Caná”, de Bartolome Murillo, Barber Institute of Fine Artes, Inglaterra.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarO texto da Meditação que teceu e partilha é profundo e belo. Como nos recorda a vida pública de Jesus desenvolve-se no âmbito cultural das refeições (...). E passo a citá-lo ...”estes momentos foram para Jesus uma oportunidade única de diálogo, de enunciação, de ensinamento para os seus discípulos e para aqueles que o convidavam e acolhiam.” …
E, “Todos estamos convidados a comer e a beber do que Deus preparou para a humanidade”, como nos afirma, mas a participação no banquete pressupõe que “acolhemos o convite e que no nosso peregrinar, em todas as oportunidades, somos também alimento e bebida para os nossos irmãos”, como nos exorta.
Obrigada, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, pelo incentivo, pela força que nos dá para continuar a Caminhada ao dizer-nos que …”a participação no banquete eterno, no banquete preparado por Deus para todos os homens”, está ao nosso alcance.
Que o Senhor o ilumine, o abençõe e o guarde.
Desejo ao Frei José Carlos um bom fim de semana, de paz e alegria.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva