É no alto do monte e
depois de uma noite passada em oração que Jesus escolhe o grupo dos doze
Apóstolos, segundo o Evangelho de São Lucas. Ao amanhecer Jesus chama os discípulos
e escolhe doze.
Nos nossos sistemas
psicológicos, condicionados pelos complexos de inferioridade, certamente deixaríamos
que a inveja fizesse o seu ninho e os seus estragos, pensando que havia uns
melhores que outros, ou que Jesus tinha preferência por uns em detrimento de
outros.
Mas a bem da verdade e
para grande surpresa nossa, porque encontramos esses mecanismos a funcionar
quando a mãe de Tiago e João pede um lugar privilegiado para os filhos, não
encontramos no relato da eleição dos Apóstolos qualquer sinal de murmuração,
deserção, ou inveja.
A eleição dos
Apóstolos aparece como algo natural, como de direito e do direito daquele que
escolheu, e portanto não há lugar para discussões ou dissensões. Foi Jesus que
fez a escolha e ela é aceite pela sua autoridade, ainda que na escolha, e como
o próprio texto nos diz, no grupo dos eleitos se incluísse aquele mesmo que o
traiu.
A eleição dos
Apóstolos aparece assim intimamente ligada à pessoa de Jesus e à sua autoridade,
à sua missão divina, motivo porque imediatamente a seguir ao momento da escolha
nos encontremos com Jesus e os discípulos no meio da multidão.
A escolha que Jesus
faz, aqueles que agrega a si, é para a continuidade da sua missão, é para o seu
serviço junto dos irmãos, um serviço universal porque como nos conta o texto
evangélico tinham vindo homens e mulheres de todas as regiões para se
encontrarem com Jesus, para escutarem a sua palavra e serem curados das suas
enfermidades.
Ainda hoje Jesus
continua a escolher homens e mulheres que quer agregar à sua missão, que quer
enviar aos seus irmãos para que lhes anunciem a palavra salvadora do amor e os curem
das suas enfermidades.
E tal como aconteceu
com os doze Apóstolos, Jesus não escolhe os melhores, nem os mais perfeitos ou
dotados, escolhe homens e mulheres que se deixam interpelar, que sonham por
algo de diferente, que não ficam paralisados pelo medo de arriscar.
Necessitamos por isso
testemunhar a eleição de Jesus, apesar das fraquezas e debilidades que nos
marcam, e lutar contra essa tentação diabólica da perfeição que dificulta
algumas respostas ao convite de Jesus. Que saibamos dizer que que Jesus não nos
quer perfeitos, mas para sermos perfeitos com ele na missão redentora da
humanidade.
Ilustração: “Envio dos
Apóstolos dois a dois”, aguarela de James Tissot, Brooklyn Museum.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarAo abordar a forma como se derenrolou a escolha dos doze Apóstolos por Jesus, recorda-nos que ...” tal como aconteceu com os doze Apóstolos, Jesus não escolhe os melhores, nem os mais perfeitos ou dotados, escolhe homens e mulheres que se deixam interpelar, que sonham por algo de diferente, que não ficam paralisados pelo medo de arriscar” (…) e “Jesus não nos quer perfeitos, mas para sermos perfeitos com ele na missão redentora da humanidade.”
Se me permite, Frei José Carlos, se a escolha é individual, pessoal, o trabalho a realizar para dar cumprimento à missão de Jesus, se for partilhado, em colaboração com outros homens e mulheres, os frutos serão em maior quantidade e riqueza.
Grata, Frei José Carlos, pela partilha profunda. Bem-haja. Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o encoraje nos momentos mais difíceis.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva