Tal
como acontece na vida de qualquer um de nós, também na vida de Jesus se deram
encontros frutíferos e outros nem tanto, encontros agradáveis e outros menos
simpáticos.
Pela
narração dos Evangelhos percebemos que muitas vezes a ineficácia do encontro, o
desencontro entre Jesus e os seus interlocutores, se ficou a dever ao facto de
conhecerem a sua origem. Tanto os fariseus, como os habitantes da sua Nazaré,
sabiam que era filho de José, conheciam a sua família, a sua procedência e a
sua profissão.
Por
causa deste conhecimento esbarraram frequentemente na palavra de Jesus, foram
incapazes de ver para além do conhecido e do imediato, foram incapazes de ver o
Filho de Deus que se lhes apresentava sob as roupagens do jovem carpinteiro.
Foram mesmo incapazes de ler e interpretar os sinais extraordinários que lhes
manifestava a origem divina daquele que se encontrava diante deles.
O
encontro de Jesus, na sinagoga de Cafarnaum, com o homem que tinha um espirito
impuro, mostra-nos a diferença de conhecimento, a possibilidade do
reconhecimento divino por parte daqueles que não olham ao exterior mas ao
interior.
O
espirito impuro perante a pessoa de Jesus, e consequentemente perante o Filho
de Deus, revela o conhecimento que possui, revela aos outros quem de facto têm
diante de si. O espirito impuro não olha ao visível mas ao invisível, àquela
realidade que como espirito podia conhecer. “Eu sei quem tu és, o Santo de
Deus.”
A
revelação e a denúncia do espirito impuro não se fica pelo banal, pelo
acessório ou secundário, mas vai ao que verdadeiramente interessa e reconhece,
o Santo de Deus. Aquilo que aos homens era impossível ver o espirito impuro é
capaz de ver.
Num
outro momento, quando Pedro confessa que aquele Jesus que o interroga é o Santo
de Deus, Jesus diz-lhe que não foram a carne e o sangue que lhe deram aquele
conhecimento mas o Espirito de Deus. Uma vez mais a confirmação que o acesso à
santidade de Deus, ao seu ser mais essencial, não pode ser alcançado por força
humana nem capacidades intelectuais, mas apenas por dom da graça.
Neste
sentido, o nosso conhecimento de Jesus, a nossa relação de intimidade e amizade
com ele, deve progredir cada vez mais do superficial e acessório para o
fundamental e profundo. No mistério da Encarnação, na pessoa de Jesus de
Nazaré, somos convidados a encontrar-nos com o Filho e o Santo de Deus, a
santidade divina que veio ao nosso encontro.
Para
tal necessitamos pedir o Espirito de Deus, pedir que o Espirito Santo venha até
nós e ilumine o nosso coração para conhecermos e reconhecermos as graças de
Deus, pois tal como São Paulo diz na Primeira Carta aos Coríntios, “ninguém
conhece o que há em Deus senão o mesmo Espirito de Deus”.
Ilustração:
“Quem é de Deus escuta a palavra de Deus”, de James Tissot, Brooklyn Museum.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarComo nos recorda, muitas vezes, o “desencontro entre Jesus e os seus interlocutores”, quer para os fariseus quer para os habitantes de Nazaré, resultava do conhecimento da sua origem que os impedia de reconhecer a origem divina de Jesus. Porém, o conhecimento e a proximidade da realidade humana, a capacidade de transformá-la, a simplicidade e simultaneamente a profundidade e radicalidade das palavras de Jesus, apelando à dignidade humana, à justiça, à paz, assim como a humildade, a ausência de interesses pessoais de Jesus, deixaram sempre o poder, as classes instaladas, inquietas, pondo em causa o sistema religioso estabelecido.
Como nos afirma, Frei José Carlos, ...” O espirito impuro perante a pessoa de Jesus, e consequentemente perante o Filho de Deus, revela o conhecimento que possui, revela aos outros quem de facto têm diante de si. O espirito impuro não olha ao visível mas ao invisível, àquela realidade que como espirito podia conhecer. “Eu sei quem tu és, o Santo de Deus.””…
Como nos recomenda, …”necessitamos pedir o Espirito de Deus, pedir que o Espirito Santo venha até nós e ilumine o nosso coração para conhecermos e reconhecermos as graças de Deus, pois tal como São Paulo diz na Primeira Carta aos Coríntios, “ninguém conhece o que há em Deus senão o mesmo Espirito de Deus””.
Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, profundas, por salientar-nos …”que o acesso à santidade de Deus, ao seu ser mais essencial, não pode ser alcançado por força humana nem capacidades intelectuais, mas apenas por dom da graça”. …
Que a Luz do Senhor nos ilumine sempre, particularmente, quando no nosso peregrinar as paredes do caminho se desmonoram, quando saímos num espaço aberto, onde precisamos recomeçar o caminho para o encontro profundo com Jesus Cristo.
Que o Senhor abençoe e proteja o Frei José Carlos,
Bom descanso.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva